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Carreira / Emprego - Emocionalmente surdo  

Data: 07/11/2007

 
 
Não raramente encontramos, em nosso ambiente de trabalho, profissionais que apresentam a característica do “emocionalmente surdo”, gerando assim conflitos intimamente ligados à comunicação. Sua característica principal é a de ignorar a opinião das pessoas, aliás só ele quer falar, portanto, não há como estabelecer diálogo, nem sequer uma discussão. Sua característica ainda prevê auto-suficiência e sempre se apresenta em posição superior e na defensiva.

Os conflitos gerados em decorrência de tais atitudes são imensos, uma vez que não se pode conceber o processo de se comunicar sem ouvir. Infelizmente, no nosso dia-a-dia, encontramos gestores e demais profissionais que sofrem desse mal – o não saber ouvir é mais amplo do que o ato de simplesmente escutar; ouvir significa compreender o que a outra pessoa expressa; ouvir significa se aprofundar na mensagem que se transmite; é assimilar muito mais que as palavras, ouvir muitas vezes relaciona-se ao ato de compreender os gestos, a atitude e a própria linguagem corporal – e ainda o próprio silêncio que deve ser analisado. Tudo isso está relacionado à comunicação - uma das mais complexas e difíceis tarefas humanas, sujeita à constante distorção no que se refere ao relacionamento interpessoal. Peter Drucker já dizia que “o mais importante na comunicação é ouvir o que não foi dito”.

O diferencial, seja do gestor ou de qualquer profissional, está justamente no fato de negociar – que, em outras palavras, significa falar, ouvir, escutar, comunicar, colocar-se no lugar do outro e procurar entender a visão de mundo e os valores das pessoas com quem convive. É interessante analisar como pessoas, com a característica de “emocionalmente surdo”, já têm a pré-disposição de não querer compreender o que o outro fala, sempre preparado para retrucar. Geralmente, denominamos pessoas com esse perfil de polêmicas ou tacanhas ou do contra, mas no fundo sofrem de outro mal. A arte de ouvir requer que a pessoa ouça e fale com a voz do coração, isso não significa dizer que devamos concordar com tudo, ao contrário; devemos apenas abrir espaço para o outro expressar sua opinião e nos esforçarmos para entender seus sentimentos, para processarmos as informações, a fim de esclarecer idéias e, quem sabe, chegar a um senso comum.

Muitas vezes para chegar a um consenso seja com seus pares, com a equipe ou com quem quer que seja, é necessário abrir mão da vaidade; é necessário deixar o ego de lado. Para aprimorar a arte de gerenciar, temos de treinar a arte de ouvir, a qual servirá como ferramenta para a construção de comunicação eficaz, e de um relacionamento interpessoal consistente.

Costumo aplicar uma dinâmica, nos encontros de que participo, que consiste em distribuir um texto de uma história, dividida em cinco partes, cada parte cabendo a cada uma das cinco equipes formadas previamente. A discussão segue horas, pois cada grupo, trabalhando individualmente, talvez com a pressa de sair na frente, sem se preocupar com o espírito de equipe e tão pouco de dar ouvidos aos demais grupos, acaba dando sua versão para o texto recebido. Uns defendem que a personagem da história tem uma função, outros, que tem outra, e assim sucessivamente. Cada grupo tenta e inventa situações diversas para a história e o pior é que defendem a própria idéia como se verdadeira fosse. Esse é um exemplo típico de profissionais que não se comunicam e carregam a característica do “emocionalmente surdo”, ou seja, não querem ouvir, não querem entender, não querem perder tempo para negociar e muitas vezes acabam tomando decisões injustas pela falta da comunicação eficaz.

Ao final da dinâmica, quando descobrem que a verdadeira história da personagem está no somatório das partes, que cada grupo recebeu, ficam estáticos. Alguns refletem decepcionados, quando trazem o fato para a realidade do dia-a-dia, porém aqueles mais arrogantes continuam achando que estão certos, mesmo que o restante da equipe esteja contra.

Desde criança fomos ensinados a falar e somente a falar, mas infelizmente não nos ensinaram a arte de ouvir e tão pouco a arte de negociar. Pelo fato de crescer emocionalmente surdo, o profissional ou o gestor está nadando contra a corrente evolutiva e extremamente forte da razão. Isso revela que ele não consegue perceber que sofre desse mal, mas, de qualquer forma, nossa sugestão é a de que comece a prestar atenção em sua forma de atuar em grupo, e, para isso, convém procurar conhecer a imagem que provoca nas pessoas; é bom perguntar a elas se é ou não um bom ouvinte, mas esteja preparado para escutar e ouvir. Dessa forma, com certeza surgirão novas oportunidades de crescimento pessoal e profissional e de se tornar um ser “emocionalmente ouvinte”.



 
Referência: rh.com.br
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