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Carreira / Emprego - Remédio para o absenteísmo (ausência do colaborador no ambiente de trabalho) 

Data: 17/09/2007

 
 

Ao realizar uma contratação, no mínimo, uma empresa espera que aquele profissional atenda às suas expectativas e consiga atingir ou superar metas. No dia-a-dia, para que isso ocorra é preciso que a organização conte com o colaborador e isso, logicamente, implica que o mesmo realize suas atividades e esteja comprometido com o negócio. Por outro lado, a realidade mostra que nem sempre o funcionário está presente no seu posto de trabalho, ou seja, ele se ausenta pelos mais variados motivos: atrasos, problemas pessoais, doenças que resultam em licenças médicas, condições inadequadas do ambiente de trabalho, falta de motivação, entre outros.

O fato é que o absenteísmo ou a ausência do colaborador no ambiente de trabalho provoca problemas como desorganização das atividades, queda na qualidade dos serviços prestados, limitação de desempenho e até mesmo obstáculos para os gestores. Uma empresa que tem investido na qualidade de vida dos funcionários, dentre outras razões, para combater o absenteísmo é a Chesf - Companhia Hidro Elétrica do São Francisco. Há quase quatro anos, a organização tem desenvolvido ações que estimulam a presença dos colaboradores no ambiente de trabalho, através de ações que valorizam o próprio ser humano.

De acordo com Laura Pedrosa, psicóloga da Chesf, que atua na DABT (Divisão de Saúde e Bem-Estar no Trabalho), desde 2002, a organização iniciou algumas ações para diminuir o índice de absenteísmo. Naquela época, era apenas emitido um relatório para os gerentes, contendo informações sobre os nomes dos funcionários que estiveram ausentes do trabalho, o motivo e o período de afastamento. Esse trabalho tinha como único objetivo orientar os líderes, para que cumprissem a meta de 1,5% ao ano de absenteísmo-doença, criada em meados dos anos 90.

A Chesf, subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S/A - Eletrobrás, foi criada pelo Decreto-Lei nº 8.031, de 03 de outubro de 1945, e constituída na primeira assembléia geral de acionistas, realizada em 15 de março de 1948, com a missão de produzir, transmitir e comercializar energia elétrica para a Região Nordeste do Brasil. Além de atender tradicionalmente aos Estados da Bahia, de Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Ceará e do Piauí, com a abertura permitida pelo novo modelo do Setor Elétrico Brasileiro, a organização tem contratos de venda de energia em todos os submercados do sistema interligado nacional.

O Sistema de Geração da Chesf, atualmente, é composto de 14 usinas hidrelétricas e uma termelétrica, com uma potência nominal disponível de 10.618,32 mW, a maior entre as empresas nacionais do setor elétrico. Incorporadas a esse sistema, existem 870 mVAr de potência reativa instalada, em nove plantas de Compensadores Síncronos com unidades entre 20 mVAr e 150 mVAr. A empresa conta com cerca de 5.600 colaboradores.

A meta para o absenteísmo existia, mas as ações da organização eram incipientes, sem uma visão mais holística em relação à saúde e à qualidade de vida no trabalho. Foi a partir de então, que a empresa adotou uma série de medidas preventivas e corretivas que passaram a fazer a diferença na rotina e na saúde dos funcionários. Nesse sentido, foram adotados programas e ações que superam as exigências legais das Normas Regulamentares (NR's) do Ministério do Trabalho e Emprego. Dentre esses, destacam-se:
* criação do Plano de Assistência Patronal (PAP) e da Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social (FACHESF);
* realização de exames médicos periódicos, que excedem às exigências da NR-7 como, por exemplo, ultra-sonografia, densiometria óssea, colposcopia, citologia oncótica, tonometria binocular e teste ergométrico;
* estímulo a consultas médicas em cardiologia, oftalmologia, ginecologia, odontologia e avaliação psicológica;
* adoção dos programas de Preparação para a Aposentadoria; Monitoramento Biopsicossocial, Prevenção e Dependência Química, Ginástica Laboral, entre outros.

A mais recente ação destinada à melhoria da qualidade de vida dos funcionários foi a inauguração de uma academia de ginástica in company, com equipamentos de última geração. O atendimento da academia é feito prioritariamente a funcionários considerados em condições de risco à saúde e que precisam realizar exercícios físicos com acompanhamento e orientação de profissionais qualificados como, por exemplo, nutricionista e professores de educação física.

Projeto Piloto - "Estamos na fase de estudos, inclusive foi lançada uma pesquisa que será desenvolvida por Instituições de Ensino Superior, acerca dos fatores preditores do absenteísmo-doença e os impactos econômicos desse fator na Chesf", comenta Laura Pedrosa, ao acrescentar que no início de 2006, entre os meses de março a junho, a organização implantou um projeto-piloto, voltado para identificar os fatores que causam o absenteísmo-doença e como esses podem ser combatidos na prática.

Para isso, a DABT (Divisão de Saúde e Bem-Estar no Trabalho), subordinada ao DAH (Departamento de Administração de RH), selecionou um departamento de nível operacional, onde o índice de absenteísmo era considerado preocupante. Vale ressaltar que o setor selecionado tinha em sua estrutura, cerca de 20 profissionais com escolaridade de ensino fundamental completo até médio incompleto.

O projeto-piloto "Promovendo a Saúde e a Qualidade de Vida", totalizou 32h de atividades, durante o expediente dos funcionários. Como metodologia de trabalho, foram feitas análises do ambiente e da organização de trabalho naquele setor, além de conduzidas atividades em grupo. Nesse sentido, a DABT promoveu mini-palestras, abordando temas pré-estabelecidos após o diagnóstico do setor. Logo após, foi promovido um confronto teórico-prático com a participação dos funcionários, através da exibição de filmes, utilização de técnicas de dinâmicas de grupo e realização de oficinas.

"Além dessas atividades, realizamos entrevistas individuais e devolutivas, entrevistas com o responsável pelo setor e com o gestor da área. Identificamos ainda oportunidades de melhoria na área e, conseqüentemente, na Chesf", salienta a psicóloga, ao acrescentar que ações com foco nas pessoas, principalmente atividades em equipe, além da melhoria das condições e do ambiente de trabalho repercutem positivamente na redução dos indicadores do absenteísmo-doença.

E os números obtidos através do projeto-piloto reforçam o pensamento de Laura Pedrosa. Ao término do trabalho, foi feita uma análise comparativa dos indicadores do absenteísmo-doença, entre janeiro e junho de 2006, em relação ao mesmo período de 2005. Constatou-se, no setor operacional selecionado, uma redução de 39,49% do absenteísmo-doença, uma diminuição de 87% dos acidentes de trabalho e a participação de 100% dos funcionários nos exames médicos periódicos.

Os benefícios foram além dos revelados pelos números estatísticos, pois a DABT observou mudanças comportamentais, uma visível melhoria no clima organizacional e, conseqüentemente, nas relações interpessoais. "Isso fortaleceu o significado do trabalho para os participantes do projeto-piloto, através do reconhecimento formal da contribuição deles para o negócio da Chesf", diz a psicóloga. A partir desse trabalho, a Chesf estuda a possibilidade de implantar a mesma iniciativa em outros setores que apresentem índices de absenteísmo também preocupantes.



 
Referência: rh.com.br
Autor: Patrícia Bispo
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