Férias, 13º salário, vale-transporte, insalubridade e creche. Estes são
apenas alguns dos benefícios conquistados, ao longo de vários anos, pelo
brasileiro e que hoje, são considerados obrigatórios pela Legislação
Trabalhista. E quando as empresas oferecem benefícios espontâneos a exemplo do
auxílio-alimentação, auxílio-moradia, planos de saúde ou previdência privada?
Que reflexo estes benefícios podem exercer sobre os empregados e patrões?
Este é um assunto que merece atenção e interesse dos profissionais da área,
uma vez que estão diretamente relacionados ao Departamento de Recursos Humanos.
"Acredito que seja imprescindível que as empresas ofereçam benefícios
espontâneos, principalmente àqueles funcionários de baixa renda, como ocorre em
nosso país, onde existem tantas carências nas áreas de saúde, educação e
transporte". Quem manifesta esta opinião é Roseli Manske Scholz, consultora
interna de RH da Busscar Ônibus S.A. Para ela, o trabalhador beneficiado
sente-se mais seguro, amparado e dessa forma pode retribuir com qualidade e
índices altos de produtividade.
Já para Alexis Anastassakis, assistente de RH da Infoglobo Comunicações
Ltda., é fundamental que o conceito de benefícios seja parte integrante da
remuneração total da empresa. Segundo ele, é preciso que haja uma mudança na
cultura paternalista, abandonando-se a idéia de que os benefícios são apenas uma
obrigação legal do empregador, passando-se a encará-los como uma necessidade
vital da empresa para atrair e reter os talentos existentes no mercado de
trabalho.
- Gostaria de destacar que os profissionais de RH devem ter muita
criatividade, para que sejam negociadas permutas, convênios e facilidades para
se oferecerem benefícios diferenciados como previdência privada, bolsas de
estudos para contínuo desenvolvimento de uma segunda ou terceira língua, além de
programas como auxílio-moradia e até mesmo convênios com clubes, academias de
ginástica e programas de descontos em medicamentos, dentistas e óticas, cita
Anastassakis.
Quem tem uma visão ampla sobre a questão de benefícios, principalmente os
espontâneos, é Clélia Martins – gerente de RH da Cyanamid Química do Brasil. Em
1988, ela participou da estruturação de um departamento de benefícios de uma
grande empresa multinacional americana e observou, que naquela época, existia
uma busca incessante para se desenvolverem benefícios como auxílio-alimentação,
cesta básica, seguro saúde, auxílio funeral, prêmios por reconhecimento, entre
outros. As empresas, explica Clélia, eram classificadas pelas quantidade de
benefícios que concediam e que estas recebiam constante pressão dos sindicatos,
que a cada ano, incluíam mais um benefício no rol dos já mencionados.
"Na minha percepção, hoje as pessoas buscam empresas onde possam crescer
profissionalmente – fazer carreira, querem ser reconhecidas por seus valores e
desempenho. Os trabalhadores procuram espaço para a criatividade, precisam de
oportunidades para discutirem suas avaliações com dignidade e abertura",
comenta. Outro ponto que a gerente de RH destaca, é a importância da área de
treinamento neste momento, uma vez que é dentro dela que o funcionário
desenvolve-se e se prepara para novos desafios.
"Nas empresas, a área de benefícios deve estar enfocada no desenvolvimento de
programas de prevenção do uso de drogas e de álcool, apoio para doenças
cardiovasculares e diabetes, programas de ginástica, horário flexível,
disponibilização de facilidades para o trabalho virtual, treinamento via
Internet, de forma a minimizar os custos advindos da falta de prevenção nos
planos de saúde e incremento da qualidade de vida de seus funcionários", conclui
Martins.