Ações / Bolsa de Valores - Não existe fórmula para o sucesso, mas muitos artifícios para limitar perdas
A recente e rápida escalada dos preços dos ativos de renda variável e o
cenário de maior instabilidade e alterações nas percepções de risco têm tirado a
tranqüilidade de muitos investidores. Quem já estava no mercado de ações e
acumula ganhos significativos começa a se questionar se não seria o momento para
rever suas estratégias, em busca de maior proteção.
Na outra ponta, angustiados pelo fato de não terem conseguido capturar os
benefícios da valorização das ações brasileiras nos últimos meses, muitos
aplicadores se perguntam se ainda seria factível entrar no barco neste momento e
obter ganhos financeiros significativos, que compensem tal decisão.
Devo entrar ou essa é a hora de vender?
A percepção dos analistas consultados pela InfoMoney é de que a tendência de
valorização do Ibovespa tende a perder força neste mês de junho, sendo que algum
movimento de ajuste também não estaria descartado.
No entanto, a despeito dessa consideração não muito animadora para o curto
prazo, ainda é majoritária a análise de que o cenário de médio e longo prazo
para os ativos brasileiros de renda variável continua favorável, o que sugere
melhores desempenhos para os mercados acionários em horizontes mais dilatados.
Um discurso muito ouvido é o de que este não seria um momento oportuno para
ficar fora do mercado de ações, idealizando possíveis ajustes, mas sim o momento
de redobrar as atenções, selecionar as melhores alternativas e colher os frutos
da melhora nos fundamentos macroeconômicos brasileiros.
Mas como fazer isso de forma eficiente?
A primeira coisa que um novo aplicador precisa ter em mente é que não existe
mágica, nem uma fórmula que garanta o sucesso ao se investir em ações. Os
artifícios para minimizar os riscos, no entanto, são muitos!
Deixando de lado quais meios serão utilizados para se analisar os ambientes
econômico e corporativo e interpretar como as novidades podem afetar os mercados
de ações e as decisões de compra e venda de determinados ativos, aspectos
meramente operacionais podem auxiliar de forma relevante, principalmente os
aplicadores que não dispõem de tempo suficiente para acompanhar de perto o
mercado.
Tirando proveito das ordens de compra e venda
Vamos supor que um investidor montou uma estratégia determinando o quanto espera
ganhar com uma operação e um limite de perdas aceitável, caso tudo de errado.
Por exemplo: comprou a ação X por $ 10, esperando vendê-la em no máximo 30 dias
por $ 15. Se o cenário deteriorar-se, perdas de no máximo $ 2 seriam assumidas.
Para implementar tal estratégia, o investidor pode aguardar até que o papel
chegue ao patamar de compra, ou seja $ 10, e depois ficar esperando por até um
mês, sob o forte risco de ser pego pela desatenção, que o papel suba $ 5 ou cai
$ 2 para que o negócio seja terminado.
A forma mais fácil e com menores riscos, no entanto, seria enviar uma Ordem de
Compra e Venda com Stop simultâneo, artifício que permite ao investidor
de forma automática "stopar" um prejuízo ou um lucro. Assim, o risco de não se
pegar um pico momentâneo de alta do papel ou de se amargar fortes perdas por uma
virada repentina de tendência fica praticamente eliminado.
Ordem com Stop Móvel
Outra estratégia interessante para quem já opera há algum tempo e detém em sua
carteira ações que acumulam bom desempenho recente, e, por isso, suscetíveis a
movimentos pontuais de realizações de lucros, mas que ainda apresentam boas
perspectivas de valorização no longo prazo, seria a de utilizar Ordens com
Stop Móvel.
Muito utilizada nos mercados acionários mais desenvolvidos para proteger ganhos
tanto de carteiras montadas por investidores com perfil de longo prazo como de
curto prazo, esse tipo de ordem acompanha uma possível alta do mercado ajustando
o preço de venda inferior da ação conforme previamente determinado.
Como fazer isso?
Vamos imaginar que um investidor comprou uma ação por $ 10, determinando um
limite de perdas em $ 8, mas sem especificar previamente um limite de ganhos. Na
sessão seguinte o papel sobe para $ 12. Ao invés de manter seu stop de
venda em $ 8, o investidor pode subir essa "proteção" para $ 10. Se o preço do
papel, por ventura, recuar no pregão seguinte, a perda de $ 2 seria evitada.
Ou seja, se o investidor determinar que seu stop siga sempre a
valorização dos papéis por $ 2 de diferença, vai continuar desfrutando da alta
dos papéis e protegendo seus ganhos caso de forma inesperada a ação registre
forte queda.
É importante lembrar que o preço stop nunca se move para baixo. Se a ação
comprada a $ 10 fechar o pregão seguinte em $ 9, o stop será mantido em $
8. Da mesma forma, se a ação comprada por $ 10 subir para $ 15 no pregão
seguinte e depois recuar para $ 14 no pregão subseqüente, o stop será
elevado para $13 no primeiro momento e se manterá neste nível, sem qualquer
alteração devido ao recuo do preço do papel.
|