O Tesouro Direto, programa de venda de títulos públicos a pessoas físicas,
pode ser uma boa opção para os investidores que querem aproveitar o bom momento
da renda fixa, devido às perspectivas para o aumento dos juros, e ainda garantir
rendimentos acima da inflação sem se expor aos riscos da renda variável.
Além da segurança proporcionada pela renda fixa, o Tesouro também se mostrou uma
opção bastante rentável nos últimos anos. Segundo levantamento divulgado pelo
instituto Assaf, o Tesouro Direto foi o investimento que mais rendeu nos últimos
10 anos, ganhando inclusive da Bolsa de Valores. Quem aplicou nesse tipo de
investimento em 2001 e não retirou até o fim do ano passado, obteve rendimento
real de 164,6%, enquanto o Ibovespa valorizou 139,3% no mesmo período.
Para o coordenador do estudo, Fabiano Guasti, apesar do investimento em títulos
públicos estar começando a se popularizar, o investidor ainda utiliza muito
pouco o Tesouro Direto.
“Aos poucos, o brasileiro aprendeu a lidar com o real, aprendeu a lidar com a
inflação relativamente baixa. Assim, ele viu que as sobras eventuais de recursos
podem ser usadas em investimentos no mercado. Os produtos financeiros à
disposição estão ficando cada vez mais modernos, cada vez mais complexos e estão
começando a se popularizar agora, como o Tesouro Direto”, afirma.
Longo prazo
Para ele, o Tesouro é uma boa opção para os investidores mais conservadores,
que estão apostando no longo prazo. “É ideal para os que não gostam de correr
muitos riscos e que querem uma rentabilidade um pouco maior do que a caderneta
de poupança”, acredita.
Segundo o gerente do INI (Instituto Nacional de Investidores), Paulo Portinho,
uma das maiores vantagens de investir em tesouro direto ao invés de fundos de
renda fixa é escapar das taxas de administração cobradas pelos fundos.
“Existem fundos com taxas de administração de 1,5% ou 2% ao mês. Por isso, o
tesouro direto é uma boa opção para quem quer operar com renda fixa sem precisar
passar por um fundo de investimento, já que as taxas são bem menores do que
aquelas cobradas pelos bancos”, diz Portinho.
Segundo o profissional, apesar de não ser difícil de operar, o tesouro direto
demanda um pouco mais de atenção e de noções de investimento por parte do
investidor. “A pessoa não pode ser completamente leiga. Existem algumas
características, como diferença entre títulos pós e pré-fixados, que são
importantes que o investidor conheça”, afirma.
Pré e pós-fixado
Os títulos pré-fixados possuem remuneração determinada no momento da
aplicação. Ou seja, o investidor fica sabendo na hora o quanto receberá dentro
de um ano. Mas isso só vale se a aplicação for mantida pelo prazo determinado no
contrato, caso contrário, a rentabilidade pode ser alterada.
Já com os pós-fixados, você só fica sabendo o quanto irá receber no final da
aplicação, já que o rendimento é determinado pela variação de um índice
(geralmente um referencial de inflação ou a taxa Selic) mais uma taxa de juros
determinada no início.
O que são títulos públicos
Os títulos públicos são ativos de renda fixa, que possuem a finalidade de
captar recursos para o financiamento da dívida pública e para financiar
atividades do Governo Federal, como educação, saúde e infraestrutura.
No caso do Tesouro Direto, o investidor pode comprar diretamente os títulos que
desejar, a partir de R$ 100, através do site do Tesouro, com redução do custo de
intermediação.
Principais títulos disponíveis para compra*
• LTN - Letra do Tesouro Nacional - Título com rentabilidade definida (taxa
pré-fixada) no momento da compra. O pagamento é único e feito na data de
vencimento do título ou de seu resgate;
• LFT - Letra Financeira do Tesouro - Título com rentabilidade diária vinculada
à taxa de juros básica da economia (taxa média das operações diárias com títulos
públicos registrados no sistema SELIC, taxa Selic). O pagamento é único e feito
na data de vencimento do título ou de seu resgate;
• NTN-B - Nota do Tesouro Nacional, série B - Título com rentabilidade vinculada
à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra. O
pagamento de cupom de juros é realizado semestralmente e o valor do título é
pago na data de seu vencimento ou de seu resgate;
• NTN-B Principal - Título com a rentabilidade vinculada à variação do IPCA,
acrescida de juros definidos no momento da compra. O pagamento é único e feito
na data de vencimento;
• NTN-F - Nota do Tesouro Nacional, série F - Título com rentabilidade
prefixada, acrescida de juros definidos no momento da compra. O pagamento de
cupom de juros é realizado semestralmente e o valor do título é pago na data de
seu vencimento ou de seu resgate.
*Fonte: site do Tesouro Direto