Interposição de reconvenção, alegando-se que o pedido de reintegração de posse dos reconvindos caracteriza concorrência desleal, requerendo ainda perdas e danos no caso de procedência da ação.
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ....., ESTADO
DO .....
....., brasileiro (a), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º
..... e do CPF n.º ..... e ....., brasileiro (a), profissional da área de .....,
portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., casados entre si, residentes
e domiciliados na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado
....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a)
(procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua .....,
nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e
intimações, vêm mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência interpor
RECONVENÇÃO
em face de
....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com
sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP
....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). .....,
brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do
CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos.
PRELIMINARMENTE
DO CABIMENTO DA RECONVENÇÃO EM AÇÃO POSSESSÓRIA
O caráter dúplice da Ação Possessória não representa óbice ao Pedido
Reconvencional, que se refere à Reparação de Danos e Lucros Cessantes,
decorrentes da eventual privação do imóvel, face ao aforamento da
Reintegratória.
Com efeito, há muito já se firmou posicionamento pacífico sobre o cabimento de
Reconvenção em sede de Possessória, cabendo invocar os recentes julgados do
Egrégio Tribunal de Alçada do Paraná, entre os quais os Embargos Infringentes nº
24.612-2/01 = Acórdão nº 208 do 4º Grupo de Câmaras Cíveis = Relator Juiz Kirose
Zeni, que se reporta por brevidade.
Igualmente, a responsabilidade civil advinda de um ato lícito e/ou
manifestamente prejudicial à parte inocente, é assegurada pela Constituição
Federal vigente, em seu artigo 5º, inciso XXXV, consubstanciando à Reconvenção o
remédio legal adequado para discussão de questões interligadas e não alcançadas
pelo julgamento da Ação Principal, que por ter objeto definido, há efetivo
impedimento de apreciar outras matérias interligadas à demanda.
DO MÉRITO
DOS FATOS
Embora se tenha plena convicção da improcedência da Ação possessória injusta e
ilegalmente intentada pela Empresa Reconvinda, por garantia processual e para
não se dar margem à alegação de preclusão, se vêem os postulantes na
contingência de resguardar seu Patrimônio e interesses, demonstrando-se a má-fé
oculta na Reintegratória, que não passa de mero capricho e deslealdade da
Reconvinda, que perdeu todos os direitos sobre tal imóvel.
(*) ... Em realidade, dita Empresa não necessita do terreno para nenhum projeto
ou ampliação - sim - apenas com o propósito espúrio de alijar a Concorrência ao
outro Estabelecimento Comercial em fins de ...., o qual dista cerca de 80 m do
Prédio pertencente aos Suplicantes.
Assim, afora as circunstâncias relacionadas à posse dos Reconvintes, já tratadas
na contestação, existem outros fatos e evidências à merecer análise e
julgamento, quanto à inaceitável e anti-ética conduta da Empresa Reconvinda, daí
o cabimento e pertinência da presente Reconvenção.
Destarte, entrando na discussão de mérito da causa, e com vistas à desmascarar a
ilicitude da possessória, imperioso se faz, à bem da verdade, trazer os
seguintes fatos ao conhecimento do Juízo:
1. Os peticionários durante .... anos, no período de .../... à .../...,
prestaram serviços à ...., situada no Município de ...., comandando os serviços
de manutenção do .... e gerindo lanchonete e restaurante no local, onde
angariaram renomado conceito;
2. No início de ...., atendendo à convite formal dos Diretores da ...., em
caráter autônomo, instalaram bar e restaurante em local distinto ao Pátio da
Empresa - para atendimento de empregados de empreiteiros e dos caminhoneiros,
que diuturnamente lá aportam para carregamentos e desembarques, além de
funcionários da própria ....;
3. Portanto, todos os bens, equipamentos e utensílios que guarnecem a residência
e o bar e restaurante, são de propriedade exclusiva dos Reconvintes inclusive o
próprio prédio edificado no imóvel que legitimamente possuem, os quais foram
comprados do Sr. ...., em data de .../.../..., com anuência e participação da
própria ...., na pessoa de seu então Diretor ....;
4. Posteriormente, os Reconvintes edificaram diversas benfeitorias úteis e
necessárias no imóvel, concluindo às próprias expensas todo o prédio em ....,
com adequação do restaurante, cozinha e banheiros, num total edificado de ....
m2, procedendo a instalação de forno, coifas e câmaras frigoríficas, além de
azulejamento em banheiros e construção de cercado, sendo mais procedida a
implantação de um porteiro de pastagem, totalmente cercado e desvinculado da
Área da Empresa - onde atualmente são criadas .... vacas leiteiras;
5. No imóvel objeto da possessória, encontra-se instalado restaurante e
lanchonete, regularmente legalizados com inscrição no CGC/MF, Alvará de
Funcionamento da Prefeitura Municipal de .... e Licença Sanitária, com
funcionamento ininterrupto das 06 horas às 24 horas, o qual fornece ....
refeições e .... lanches por mês, tendo um faturamento bruto mensal da ordem de
R$ .... (....);
6. Atualmente, encontram-se vigindo Contratos para Fornecimento de Alimentação
para .... Empreiteiras da Região, entre as quais:
a) ....
b) ....
c) ....
d) ....
e) ....
f) ....
g) ....
h) ....
7. O Estabelecimento Comercial possui atualmente .... empregados, dos quais ....
chefes de família, que de uma hora para outra, ficariam impossibilitados de
prover o seu próprio sustento, tão somente para saciar a cupidez e os interesses
ocultos da Reconvinda;
8. O estabelecimento é o único vendedor de gás na região, sendo também
revendedor credenciado de fichas de telefone da TELEPAR, cujo Telefone Público
foi instalado em sua frente, por sua exclusiva iniciativa, atendendo as
necessidades de todos os moradores do entorno, constituindo-se em ponto de
referência à todas os visitantes que lá aportam, havendo a consolidação de real
e materializado Fundo de Comércio, o qual deve obrigatoriamente ser ressarcido,
com base nos padrões usuais definidos em Perícia Judicial.
Os peticionários investiram todo os seus esforços e capital no estabelecimento,
como poderiam assim ser vilmente desapossados do imóvel que legitimamente lhes
pertence, sem ao menos serem ressarcidos pelos prejuízos e Lucros Cessantes de
sua atividade comercial, havida em proveito e interesse direto da própria
Reconvinda, ainda mais, considerando-se os efeitos ruinosos da Reintegratória ao
seu patrimônio e impossibilidade futura de subsistência.
DO DIREITO
A Reintegração de Posse ajuizada por ...., carece de motivação lícita, pois o
motivo torpe não pode servir de fundamento para uma Ação, especialmente, quando
diz respeito à concorrência desleal, urdida e perpetrada pela Reconvinda.
O direito repugna o ilícito e o imoral, e deste modo, não dará guarida à
consecução de objetivo ilegal, vedado expressamente pelo Artigo 17, inciso III,
do CPC.
"In casu", o único motivo que levou a Reconvinda ao ajuizamento da Possessória
foi a espúria intenção de alijar a concorrência que advém da regular atividade
comercial dos Peticionários, frente à firma ...., à qual encontra-se instalada à
cerca de .... m do prédio dos suplicantes, em imóvel construído e arrendado
diretamente pela ....
O ato ilícito perpetrado pela ...., está evidenciado pela sua conduta
antijuridíca e anti-ética, ao pretender usurpar e impedir o livre exercício
profissional dos postulantes, em afronta à disposição constitucional emanada no
Artigo 5º, inciso XIII da Carta Magna.
É preciso ressaltar, que os peticionários jamais impediram ou sabotaram a
iniciativa da Reconvinda de instalar outro .... e .... na região, posto que a
concorrência sempre foi salutar.
Entretanto, como não foi bem sucedida na sua empreitada, por falta de
competência mercantil dos arrendatários do estabelecimento vizinho,
maquiavelicamente decidiu a Reconvinda "dar cabo" da incômoda competição,
exigindo a ilícita e infundada saída dos suplicantes, do imóvel que
legitimamente possuem, como se pudesse dita Empresa livremente manipula as
pessoas, ao bel prazer de suas conveniências e interesse espúrios.
Por sua vez, a firma ...., está estabelecida irregular e precariamente no local,
eis que, até recentemente não possuía alvará de Funcionamento da Prefeitura
Municipal, e negando-se o Município a fornecer uma segunda permissão para a
Região, face os problemas de poluição e meio-ambiente, alijando-se a
concorrência, poderiam facilmente utilizar o alvará concedido ao estabelecimento
dos peticionários.
Destarte, consoante a faculdade e permissivo legal esculpido no artigo 186 do
Código Civil Brasileiro, vêm, os Reconvintes expressamente reclamar a Retenção
da área de .... que legalmente detém posse efetiva, autônoma e ostensiva, haja
vista, as benfeitorias úteis e necessárias edificadas no Terreno, às suas
expensas, requerendo mais a mais ampla Indenização dos efetivos prejuízos que
possam vir a sofrer, de modo a plena composição dos danos, fruto do ato torpe e
ilícito perpetrado pela empresa Reconvinda.
Não se diga, outrossim, que o ineficaz Contrato de Comodato não previu tal
direito aos legítimos possuidores, porquanto há muito está extinto, não gerando
mais quaisquer efeitos.
Da mesma forma, a prerrogativa em pleitear a mais justa e completa Indenização,
por Perdas e Danos e Lucros Cessantes decorrente do ilícito e forçado
impedimento e obstrução à regular atividade laboral e mercantil exercida pelos
suplicantes, flui de garantia legal, não compactuando o Poder Judiciário com o
iníquo uso da concorrência desleal!
Por fim, o Direito repudia o enriquecimento ilícito e sem causa, posicionamento
este escudado por uníssona Jurisprudência do STF e STJ, cujas decisões defluem
da aplicação subsidiária do artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal
vigente, a qual ora se invoca.
A decisão judicial, deve se harmonizar com a Justiça Social, na valorização da
vida e no reconhecimento do trabalho humano, frente aos interesses escusos e
puramente econômicos, mormente quando desvirtuados.
Isto posto, ante às contundentes e graves denúncias apresentadas, a comprovar as
conseqüências ruinosas e irreversíveis à vida e atividade profissional dos
suplicantes, se defina a ilícita e desleal Reintegração de Posse pretendida pela
Reconvinda, com vistas a mais justa e completa apuração da Indenização, vêm os
Peticionários reivindicar e elencar, desde já, todos os prejuízos e danos
passíveis de reparação, por perdas e danos e lucros cessantes, com vistas à
condenação da ...., à saber:
1. Pagamento das Rescisões Trabalhistas dos .... empregados devidamente
registrados perante o bar e restaurante, se consumada a iníqua reintegração,
ensejando fechamento das portas do estabelecimento, ante a iniciativa abusiva e
ilegal da Reconvinda, mediante liquidação por artigos;
2. A indenização e a ressarcimento integral do prédio construído exclusivamente
pelos Reconvintes, com área total de .... m2 em alvenaria, em valor de R$ ....
(....), à ser apurado e liquidado por Perícia Judicial;
3. Lucros cessantes decorrentes do ilegal impedimento e obstrução da atividade
comercial dos Reconvintes, com base em .... ano de seu faturamento líquido
mensal, no montante de R$ .... (....), à ser apurado por Perícia
Técnica-Contábil, levando-se em conta o movimento real do ...., que serve em
média .... refeições .... lanches por mês, além de vendas de gás para toda a
região;
4. Indenização pelo Fundo de Comércio, face aos .... anos de ininterruptos
serviços prestados no local, com angariamento e consolidação de ampla freguesia,
à ser calculado igualmente com base no faturamento do estabelecimento
pertencente aos Reconvintes, tendo por base 01 ano de Faturamento, à ser apurado
mediante Perícia Judicial.
DOS PEDIDOS
Nestas condições, em face ao exposto, somados os elementos de convicção e
indícios à justeza e cabimento do pedido, requerem os peticionários, digne-se
Vossa Excelência, mandar processar a presente Reconvenção, sendo citada a ....,
através de seu procurador judicial (art. 316 do CPC), para responder, no prazo
legal de .... dias à contar da intimação pelo Diário da Justiça, sob pena de
revelia e de admitir como verdadeiros os fatos articulados na causa.
Requerem mais, seja a final, julgada a integral procedência da presente
Reconvenção, na forma do pedido vestibular, para o fim de ser condenada a
empresa Reconvinda ao pagamento das indenizações pleiteadas, à serem apuradas
por Perícia Técnica e Contábil e ainda por Arbitramento e Artigos, sendo assim
condenada .... à integral satisfação do principal, como também ao pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios à base de 20% sobre o montante
geral da pertinente reparação dos prejuízos apurados no Processo, tudo acrescido
de juros e correção monetária, na forma da Lei.
Para a comprovação do alegado, requerem a produção de todos os meios de prova em
nosso direito admitidos, e especialmente a realização de prova pericial técnica
e contábil e exibição de documentos e livros comerciais, em poder da Empresa
Requerida.
Dá-se à causa o valor de R$ ......
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]