Declaração de nulidade de ato jurídico, ante realização de compra e venda através de mandato e substabelecimento viciados.
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ....., ESTADO
DO .....
....., brasileiro (a), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º
..... e do CPF n.º ..... e ....., brasileiro (a), profissional da área de .....,
portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., casados entre si, residentes
e domiciliados na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado
....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a)
(procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua .....,
nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e
intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO, CUMULADA COM PERDAS E DANOS
em face de
....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador
(a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua
....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., ....., brasileiro
(a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º
..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º .....,
Bairro ....., Cidade ....., Estado ..... e....., brasileiro (a), de qualificação
ignorada, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
DOS FATOS
Os autores são proprietários do lote de terreno sob nº ...., da quadra nº ....
da Planta ...., no arrabalde do Bairro ...., nesta Capital, com .... m de frente
para a Rua ...., .... m de fundos em ambos os lados, confrontando, do lado
direito, com o lote de terreno sob nº .... e, do lado esquerdo, com o lote de
terreno nº .... e ...., .... m no fundo, onde confronta com o lote de terreno
sob nº .... com .... m² de área total, sob indicação fiscal ...., havido por
compra e venda, em data de ...., de .... e sua mulher, em escritura pública
lavrada às folhas 30 e 33 do Livro de Notas sob nº ...., do Tabelião do ....
Ofício, transcrita sob nº ...., no Livro ...., do Registro de Imóveis da ....
Circunscrição.
Em ...., os autores estabeleceram domicílio em ....
Em ...., os autores vieram para .... para fazer o pagamento do imposto predial e
territorial urbano, quando lhes informou a Prefeitura Municipal que já estava
pago, embora eles não o fizessem há algum tempo.
Informados no Registro de Imóveis da .... Circunscrição, onde está transcrita a
compra e venda, de que qualquer ato de disposição do bem, porque se modificara a
sua competência, só seria conhecido no Registro da .... Circunscrição de
Imóveis, aqui foi dado ao saber dos autores que, por registro na matrícula sob
nº ...., o réu .... teria o bem, em ...., por escritura pública de compra e
venda lavrada às folhas .... do Livro de Notas sob nº ...., do Tabelião
Distrital do Bairro ....
Observaram, nessa escritura pública, que à compra e venda compareceram os réus
...., exibindo mandato com poderes que lhes teriam sido outorgados pelos
autores, por instrumento público lavrado às folhas .... do Livro ...., do
Tabelião Distrital de ...., e substabelecidos por instrumento público lavrado às
folhas .... do Livro ...., do Tabelião Distrital do ...., em data de ....,
respectivamente.
Ao lado, de o mandato nunca haver sido outorgado pelos autores, há fatos que o
envolvem, bem como ao substabelecimento, fazendo convencer que resultariam ambos
de falsidade:
1. as atividades do Tabelião de .... foram encerradas antes de ....;
2. em ...., os autores já haviam estabelecido seu domicílio em .... há ....
anos;
3. o substabelecimento antecedeu o mandato em um ano.
Mas não é só, pois todos os atos contêm outros vícios que os eivam de nulidade.
Constam desses atos, quanto aos autores, serem .... e ...., (qualificação),
portadores das Cédulas de Identidade .... e ...., residentes na Comarca de ....
DO DIREITO
Vicia-os a maior, todavia, o não comparecimento dos autores aos atos,
consentindo, e faltando o consentimento, que é a alma das convenções, está
inibida a formação do ato jurídico que fica sendo, por isso, um corpo sem alma
(Martinho Garcez, Nulidade dos Atos Jurídicos, Jacintho - Editor, 1970, I/93).
Aliás, a ausência de consentimento é alçada ao primeiro lugar das causas de
nulidade, de pleno direito, dos atos jurídicos (Martinho Garcez, Nulidade dos
Atos Jurídicos, Jacintho - Editor, 1910, I/85).
Na falta de consentimento de uma das partes que deve comparecer ao ato, já que o
consenso é o encontro de duas declarações de vontade, que partindo de dois
sujeitos diversos se dirigem a um fim comum, fundindo-se (Roberto de Ruggiero,
Instituições de Direito Civil, Saraiva, 1973, III/203), não há ato válido.
Como os autores não consentiram, mesmo por meio de mandatário, à compra e venda,
só pode, como demonstrado, haver resultado a compra e venda da falsidade do
mandato.
E, porque o consentimento constitui o elemento mais importante do contrato, pois
exprime a própria adesão dos sujeitos, o próprio acordo de vontades (Darcy
Bessone, Do Contrato, Forense, 1960, página 148), e não o havendo dado os
autores, eivando de nulidade está o ato, e cuja declaração se impõe.
DOS PEDIDOS
Em respeito ao exposto, pedem os autores que Vossa Excelência se digne de mandar
citar aos réus, os dois primeiros por mandado e o terceiro por edital, para que
ofereçam a resposta que tiverem, sob pena de revelia, julgando por fim,
procedente o pedido para efeito de:
1. declarar nulos os atos: mandato, substabelecimento e compra e venda, mandando
que seja certificada a respeitável sentença pelo Senhor Oficial do Registro
Imobiliário da ... Circunscrição na matrícula sob o nº ....; pelo Senhor
Tabelião do Distrito de ...., se em atividade, à margem do mandato outorgado às
folhas 282 do Livro 2; pelo Senhor Tabelião do Distrito do ...., à margem do
substabelecimento outorgado às folhas 357 do Livro 1-s;
2. mandar que o Senhor Oficial do Registro Imobiliário da .... Circunscrição
certifique, à margem, a responsável sentença restabelecendo a transcrição sob nº
...., do livro ....;
3. reinvestir os autores no domínio, e reintegrá-los na posse do bem;
4. Condenar os réus na composição de perdas e danos, que poderá consistir em
arbitramento de aluguel pelo uso do bem, compreendendo o período entre a
lavratura da escritura de compra e venda à reintegração dos autores na posse do
bem (modalidade admitida pela Egrégia 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, no
Recurso Extraordinário 96.961, do Ceará, publicado do DJU de 04/05/82, pág.
5464, 3º coluna, e pela Egrégia Segunda Câmara Cível do Tribunal de Alçada do
Paraná, no venerando acórdão 17.546, de Curitiba, publicado no DJE de 26/09/83,
pág 16, 1ª coluna), e na perda das acessões das benfeitorias que lhe foram
introduzidas, mais honorários e custas.
Pedem, ainda, que lhes seja franqueada a produção de todos os meios de prova,
especialmente o depoimento pessoal dos réus, sob pena de confesso, a inquirição
de testemunhas e, sendo preciso, a requisição de documentos.
Instruindo a petição inicial com documentos necessários a provar-lhes as
alegações.
Dá-se à causa o valor de R$ ......
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]