Contestação à ação de nunciação de obra nova cumulada
com perdas e danos, sob alegação de demonstração, através de prova pericial,
de que a obra não traz prejuízos a prédio vizinho.
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ....., ESTADO
DO .....
AUTOS Nº ......
....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com
sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP
....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). .....,
brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do
CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu advogado (a) e bastante
procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito
à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência apresentar
CONTESTAÇÃO
à ação de nunciação de obra nova cumulada com perdas e danos, interposta por
....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com
sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP
....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). .....,
brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do
CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos.
PRELIMINARMENTE
1. DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DA AÇÃO COM A PERDA DO OBJETO DO PROCESSO
A extinção do direito do autor se verifica quando o objeto da ação ou do pedido
já se encontra realizado, conforme ficou devidamente comprovado com a petição e
doc. de fls. .... usque ....
A autora foi devidamente avisada, através do seu representante legal, Sr. ....,
em duas reuniões que manteve com o responsável técnico da obra e o diretor da
empresa proprietária da obra, que:
a) A empresa construtora tomaria todas as medidas técnicas necessárias para a
manutenção da segurança da casa de sua propriedade;
b) Que após o exame e vistoria do imóvel, os seus técnicos contratados,
engenheiros da .... (uma das mais conceituadas empresas de cálculos estruturais
do ....) e o engenheiro da ...., concluíram não existir risco iminente;
c) Foi alertada, ainda que, não existia necessidade de evacuação das casas, por
não oferecerem risco iminente;
d) Foi convidada ainda a visitar o .... em funcionamento, onde em companhia das
pessoas supramencionadas, verificou que as trincas no solo são conseqüências
previstas quando se realiza este tipo de obra com escavação profunda;
e) Foi também esclarecido que a parede diafragma foi construída para proteger os
terrenos vizinhos, sendo de concreto especial armado, e havendo necessidade, são
reforçadas com tirantes;
f) Foi ainda avisada que a empresa construtora faria a recuperação das trincas
nos tijolos e das fendas no solo do seu imóvel, obra que já se encontrava em
andamento nos dias .... e .... de .... do corrente ano, quando os pedreiros e
engenheiro da empresa foram mandados embora pelo Sr. .... de maneira grosseira e
inamistosa, com o aviso de que se aparecessem novamente, chamaria a polícia;
g) A maioria das trincas existentes surgiram há mais de um ano e existem somente
na casa contígua à construção;
A prova evidente e cabal de que a construtora estava tomando as medidas
necessárias aparece nas fotos de nº ..., .... e .... do Eng. ...., contratado
pela autora, que mostram diversos operários trabalhando na confecção de uma laje
de concreto, para funcionar como uma mão francesa, dando maior estabilidade à
parede de diafragma, a exemplo da que se vê no lado direito da foto de nº .... A
laje de concreto aparece pronta na foto de nº .... às fls. .... dos autos, onde
também aparecem os tirantes executados pela empresa ...., como comprova o doc.
de fls. .... dos autos, ficando cobertas as lamelas da parede diafragma que
fazem divisa com o imóvel da autora.
2. DA IMPROPRIEDADE DA AÇÃO PROPOSTA
"É concedida ação cominatória do proprietário ou inquilino do prédio, para
impedir que o mau uso da propriedade vizinha prejudique a segurança e sossego ou
saúde dos que o habitam." (Código de Processo Civil, art. 275, II, j.) "JUAREZ
DE OLIVEIRA" Código Civil anotado, Ed. Saraiva, 1992, às fls. 104 ao comentar o
art. 554 do C.C., o qual dá fulcro ao pedido da autora às fls. .... dos autos.
Assim, a delimitação do pedido da autora cinge-se à paralisação da obra até que
sejam:
"executadas as obras necessárias à perfeita segurança do prédio vizinho,
caracteriza-se como pretensão do direito material e da própria ação cominatória,
enquanto prestação de um fato sob pena pecuniária." (Adroaldo Furtado Fabrício,
em Comentários ao Código de Processo Civil, VIII vol., Tomo III, às fls. 460 ao
tratar de NUNCIAÇÃO e OUTRAS AÇÕES RELATIVAS A DIREITO DE VIZINHANÇA).
DO MÉRITO
Conforme se depreende das provas juntadas aos autos, é totalmente improcedente a
Ação Proposta de NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA, em primeiro lugar pelo que ficou
demonstrado nas preliminares, depois, pelo fato de que a continuação da obra não
causaria qualquer outro prejuízo, tendo em vista a realização de reforços já
executados na parede diafragma.
Acresce relevar que as escavações contíguas ao imóvel da autora já foram
efetivadas há mais de .... dias, e a continuação da obra será a construção de
estrutura de concreto armado, que consolidarão os subsolos da obra. A terra do
talude será retirada após o entroncamento da estrutura com a parede diafragma.
A obra de engenharia civil, o prédio que está sendo construído, conforme provam
as fotos, estão longe do terreno vizinho onde situa-se o imóvel da autora, não
tendo fundamentado nulo o pedido de sua paralisação, através de embargo de obra
nova, constituiu-se numa agressão ao direito de propriedade da empresa
requerida.
Ademais, acresce relevar que decidiu o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná
na Ap. Cível nº 1.027/80, que tem como relator o Des. Renato Pedroso:
"NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA - TERRAPLENAGEM - EMBARGOS SUSPENSIVOS - CAUÇÃO -
PERÍCIA - DANOS DE PEQUENA MONTA - SEGURANÇA DO PRÉDIO NÃO AFETADA."
Inobstante o realçado pelo julgador singular, de que "não há necessidade de
qualquer consideração a respeito das preliminares argüidas", - em face da regra
do artigo 249, § 2º, do Código de Processo Civil, há que se esclarecer, dado
recurso incidental, que incorreu da inicial ou impropriedade da ação, já que o
apelante pretendeu compelir a Apelação "a paralisar a obra até que tome todas as
medidas necessárias para promover a segurança da solidez do prédio em perigo,
respondendo ainda, por perdas e danos que possam vir a serem ocasionados pelo
mau uso da propriedade" (fls. 5, "in fine") e, como ensina Adroaldo Furtado
Fabrício. (Comentários ao Código de Processo Civil, Forense, 1980, vol. E Tomo
III, pág. 579, "a pretensão própria e característica do embargo é a fazer cessar
a execução da obra."
De outra parte, resultando comprovado, principalmente pela perícia, que a obra
nova não trará prejuízo ou dano irreparável ao prédio do apelante, não havia
como se dar pela procedência da lide.
Agravo e apelação desprovidos. (in Jurisprudência Brasileira, vol. 62, Ed.
Juruá, às fls. 134)
Assim, ficando constatado pelas provas dos autos e perícia que a obra nova não
trará prejuízo ou dano irreparável ao prédio do apelante, é de se decidir pela
improcedência da lide.
Em seu requerimento final, a autora pede a condenação da ré:
a) Promover previamente as obras de construção necessárias à perfeita segurança
do prédio vizinho;
AS OBRAS DE SEGURANÇA JÁ FORAM REALIZADAS CONFORME PROVAS DOS AUTOS.
b) Pagamento dos danos causados nos imóveis da autora;
A empresa construtora colocou-se à disposição para a reparação dos danos e já
estava realizando a recuperação do imóvel, quando seus funcionários foram
sumariamente agredidos verbalmente e impedidos de continuar a obra pelo Sr. ....
c) Lucros cessantes;
A autora pede a título de lucros cessantes o pagamento de alugueres que estava
recebendo dos seus inquilinos, tendo em vista a desocupação dos imóveis.
A autora falta com a verdade, pois o único imóvel que foi desocupado foi o de nº
...., que é ocupado pela sogra do representante legal da autora.
Caso ocorra a desocupação dos outros imóveis, a culpa é exclusiva da autora que
a todo custo e segundas intenções insiste na desocupação dos mesmos, alegando
junto aos inquilinos que todas as casas irão desabar de imediato.
Tal fato foi contestado pelos engenheiros e técnicos que trabalham para a
empresa construtora, que não vêem nenhum risco iminente.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer seja julgada improcedente a presente AÇÃO DE NUNCIAÇÃO
DE OBRA NOVA C/C PERDAS E DANOS, condenando-se a autora em custas judiciais,
honorários advocatícios que V. Exa. saberá arbitrar e demais cominações de
direito.
Para provar o alegado, requer-se a produção de prova pericial, juntada de novos
documentos, oitiva de testemunhas, que arrolará em tempo oportuno, depoimento
pessoal do representante legal da autora, sob pena de confissão e demais provas
em direito admitidas.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]