Ação de indenização em decorrência de acidente de trânsito causado por empregado de empresa, respondendo a mesma pelos danos causados.
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ....., ESTADO
DO .....
....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador
(a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua
....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de
seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01),
com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade
....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO CAUSADO POR ACIDENTE DE TRÂNSITO
em face de
....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com
sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP
....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). .....,
brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do
CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir
aduzidos.
DOS FATOS
A Requerida é proprietária do veículo ...., marca ...., modelo ...., cor ....,
tipo ...., placas ...., conforme Boletim de Ocorrência de Acidente de Trânsito,
expedido pela .... (docs. nº .... a ....).
Acontece que, nesta Cidade, no dia .... de .... de ...., por volta .... horas, o
veículo acima descrito, de propriedade da Requerida, na oportunidade conduzido
por .... (qualificação), residente e domiciliado na Rua .... nº ...., Bairro
...., na Cidade de ...., trafegava pela Rua ...., sentido ...., via preferencial
a sua, vindo a colidir transversalmente com a motocicleta de propriedade de
...., marca ...., ano ...., cor .... placas ...., conduzida por ....
(qualificação), residente e domiciliado na ...., Cidade ...., pai da Requerente
(certidão de nascimento em anexo - doc. nº ....), o qual, em razão ferimentos
sofridos no acidente, veio a falecer minutos após, na .... (doc. nº .... e
....).
Como se infere no Boletim de Ocorrência de Acidente de Trânsito, o preposto da
Requerida invadiu a via preferencial, no cruzamento das ruas ...., atingindo
violentamente o condutor da motocicleta que, na tentativa de evitar o acidente,
procurou acompanhar o caminhão, procedendo manobra a sua esquerda, contudo, não
conseguindo evitar a colisão, que, infelizmente, lhe causou a morte (o gráfico
do órgão competente explica com toda precisão o acidente - doc. nº ....).
Desta forma, Excelência, a culpa total do acidente recai sobre o condutor do
veículo de propriedade da Requerida, seu funcionário, que por imprudência,
adentrou a via preferencial, devidamente sinalizada, comprovando a falta de
atenção, notamente, por estar trafegando em via do perímetro urbano e não tendo
o devido cuidado, além de, conforme testemunhas, estar em velocidade
incompatível com o local.
Configuram estas a responsabilidade da Requerida, eis que o motorista imprudente
conduzia um veículo de sua propriedade, com seu consentimento, uma vez que é seu
funcionário, cabendo, portanto, responder pelos danos causados em razão do
acidente.
A vítima fatal, ...., era pai da Requerente, menor de tenra idade, que com seu
trabalho proporciona-lhe todo o sustento e condições para uma vida digna,
conforme comprovantes de salários anexos. (docs. nº .... a ....).
Com a morte trágica e violenta de seu pai, a menor Requerente perdeu, além da
companhia imprescindível de um membro de sua família, aquele que lhe daria toda
educação necessária para a vida, bem como o seu sustento.
DO DIREITO
"Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito" (art. 186 CC).
A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo
disposto no Código Civil arts. 927 a 943 e 944 a 954.
In casu, o ato ilícito resultou da imprudência do motorista ao transpor a via
preferencial, como dispõe o art. 186 do CC, se houver violação de direito ou
prejuízo a outrem, o causador fica obrigado a reparar o dano.
No art. 932 do CC, ainda encontramos a norma:
"Art. 932 são também responsáveis pela reparação civil:
....
III - O empregador ou comitente por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício de trabalho que lhes competir, ou em razão dele."
A culpa do patrão é presumida, como já consta de súmula do STF:
Súmula 341 - "É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do
empregado ou preposto."
No mesmo sentido, é pacífica jurisprudência de nossos Tribunais:
"O proprietário de veículo responde pelos atos culposos de terceiros; se a estes
entregou livremente sua direção sendo seu empregado ou não. Responde
materialmente pelos danos que este terceiro causar a outrem." (RT 450/099;
455/093).
Pelo que se depreende do aspecto legal, provada a culpa e existência do dano,
fica a Ré obrigada ao pagamento, através de indenização, o lucro cessante e o
dano emergente, conforme dispõe o art. 948, incisos I e II, do Código Civil.
"Art. 397 - o direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos,
e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em
grau, uns em falta de outros."
Assim, como a indenização não é fonte de enriquecimento nem de empobrecimento,
ela deve, pelo menos, restabelecer o estado anterior do dano. Tal indenização
mantém o caráter amplo de ressarcimento que se há de projetar para o futuro, a
todo momento como se a vítima não houvesse sido morta.
Segundo JOSÉ AGUIAR DIAS, no volume II, 4ª edição nº 229, pg 601 DA
RESPONSABILIDADE CIVIL:
"O responsável é obrigado a repor beneficiários da vítima na situação em que
estariam, sem o dano".
"Art. 942 do CC - Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de
outrem ficam sujeitos a reparação do dano causado e, se tiver mais de um autor a
ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação."
"Art. 948 CC - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras
reparações:
I - No pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto
da família.
II - Na prestação de alimentos as pessoas a quem o morto os devia, levando-se em
conta a duração provável da vida da vítima."
Doutrinariamente, para demonstrar a responsabilidade da Requerida pelos danos
causados, podemos citar os seguintes renomados professores:
Em QUESTÕES CIVIS CONTROVERTIDAS, do eminente Paulo Lucio Nogueira, 2ª ed.
1.978, p. 333 diz que:
"O dono do veículo é responsável pelos danos que venha causar a terceiros, mesmo
que não esteja dirigindo na ocasião do evento."
Em COMENTÁRIOS AO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 1916, de Clovis Bevilaqua, vol. 4,
3ª tiragem, p. 667/668, sustenta que:
"A responsabilidade, pelos que outros praticam, funda-se na falta de vigilância
(culpa in vigilando), que a posição da pessoa impõe. O fundamento da
responsabilidade do patrão, amo ou comitente pelos atos de seus empregados,
serviçais e prepostos e a imprudência na escolha dessas pessoas (culpa in
eligendo)."
A indenização dos danos pessoais deverá durar, pelo menos, até o tempo de vida
provável das vítimas, se vivessem, consoante ao bom senso e a jurisprudência
dominante que vem adotando critério mais justo na duração de vida das vítimas,
que é de 65 (sessenta e cinco) anos de idade.
TJ Acórdão nº 181
"Acordam os Juizes da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do
Paraná, por votação unânime, em dar provimento em parte, a apelação, para que a
liquidação se faça por arbitramento, considerando-se o limite de vida provável
da vítima em sessenta e cinco (65) anos, no mais mantida a decisão."
"2ª Cam. do TJ AP nº 275/598, in RT nº 536/117.
A DERSA responde por ato culposo do motorista de empreiteira sua. A pensão
devida a beneficiários de vítima que faleceu em colisão de veículo perdura até a
data em que essa vítima completaria 65 anos. A atualização obedece a das ORTN."
O laudo pericial, o qual retrata com fidelidade a ocorrência do acidente, já é
prova mais que suficiente da imprudência do motorista da Ré que, ao adentrar
imprudentemente na via preferencial, causou o acidente, parando somente ....
(....) metros depois da colisão, o que comprova o excesso de velocidade
praticado.
Conforme o depoimento das testemunhas no inquérito policial, em anexo (docs. nº
.... e ....), vê-se perfeitamente que o motorista da Ré, além de imprudência de
transpor uma via preferencial sem a devida cautela, imprimia velocidade
incompatível com a do local do acidente, senão vejamos:
Depoimento de ....
"... descia um caminhão furgão em velocidade um tanto alta; que, esse caminhão
não diminuiu a velocidade ao se aproximar com o cruzamento com a Itacolomi; que,
nesse mesmo instante o depoente viu que pela Itacolomi, no sentido centro ao
bairro Menino Deus, trafegava uma motocicleta ..."
"... que, essa moto desenvolvia velocidade baixa, porém coincidiu no cruzamento
surgiu o caminhão, que assim como vinha, em velocidade um tanto alta, adentrou a
via preferencial, fosse; que, o motoqueiro, vendo que ia se chocar contra o
caminhão, tentou guinar para a esquerda ..."
"... em seguida o rodado traseiro esquerdo do caminhão passou sobre o corpo do
motoqueiro que nem gritou ..."
"... Sendo que o caminhão, como descia, ia em velocidade um tanto alta para o
local e tem plena certeza que o mesmo não parou e tão pouco diminuiu a
velocidade no cruzamento, dando origem ao acontecimento ..."
O "de cujus", com o seu salário, contribuía para o sustento e manutenção do lar,
perda esta que clama por reposição.
Para que se tenha uma base de cálculo desta reposição, anexamos a esta os
vencimentos dos últimos 12 meses de serviços do "de cujus", cuja última
remuneração mensal foi de R$ .... (....).
Ainda, resta o dano moral, uma vez que o falecido deixa uma criança de menos de
.... (....) meses sem pai, tirando desta a companhia imprescindível deste.
Vossa Excelência, no elevado saber jurídico e bom senso, certamente ao
sentenciar. pesará o dano e sua reposição nos aspectos subjetivos e objetivos.
DOS PEDIDOS
Face ao exposto, requer:
A citação da Ré, na pessoa de seu representante legal, para tomar conhecimento
dos termos desta inicial de AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANO POR ATO ILÍCITO CAUSADO
POR ACIDENTE DE TRÂNSITO, ofertando a sua defesa (CPC art. 278, "caput"), sob
pena de revelia (CPC art. 319), devendo comparecer à Audiência de Instrução e
Julgamento, tudo em obediência as normas referentes ao procedimento sumário,
previsto nos arts. 276 a 280 do CPC.
A produção de todos os meios de provas em direito admitidos, notadamente,
documental, pericial e testemunhal, conforme rol abaixo relacionado, e a juntada
de novos documentos, se necessários.
Pagamento a ser arbitrado pelo MM. Juiz como indenização pelos ganhos que
deixara de receber, a título de lucros cessantes, uma vez que, conforme certidão
de nascimento em anexo, .... tinha .... (....) anos, recebendo R$ .... (....)
mensais, atendendo-se a expectativa de vida do brasileiro de 65 (sessenta e
cinco) anos.
Pagamento do funeral no valor de R$ .... (....), conforme nota fiscal em anexo
(doc. nº ....).
Ressarcimento por dano moral, pela falta que fará o Pai a menor, uma vez que não
terá a companhia e o acompanhamento tão necessário para sua boa educação.
Requer-se, ainda, na eventualidade de parte da condenação ser estipulada em
pensão ou pagamentos múltiplos, seja obrigada a Requerida a constituir Fundo ou
Caução, que assegure, de per si, o cumprimento das obrigações indenizatórias.
A incidência de juros, bem como a correção monetária correspondente a cada um
dos valores indenizatórios e despesas efetuadas.
A aplicação do art. 20 do CPC, com o pagamento pela Ré das custas processuais e
honorários de advogado na base de 20%.
Dá-se à causa o valor de R$ ......
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]