Para a veterinária
Querida doutora,
por que você não me trata com o mesmo carinho que dedica aos seus cãezinhos e
gatinhos? Afinal, não sou burro de carga para suportar indefinidamente o peso
desta paixão.
Olhe para mim, passe a mão sobre a minha cabeça e perceba, em segundos, que
eu poderei ser o seu mais fiel companheiro, com a vantagem de não fazer xixi no
seu persa. Digo, no seu tapete persa e não no seu gato persa.
Para você ficar mais tranquila, saiba que eu já tomei todas as vacinas,
inclusive aquela para exterminar pulgas e carrapatos, embora eu sonhe em grudar
em você por toda a vida. Não, querida, não quero sulgar o seu sangue, mas apenas
sentir o calor da sua pele.
Por favor, abra o seu coração e diga-me o que preciso dizer para convencê-la
a aplicar-me os seus serviços de banho e tosa em domicílio.
Não pense que estou trocando as patas pelas mãos, mas é que eu não aguento
mais me sentir como um cão sem dono.
Adote esse cachorrão, doutora!
Um beijo,
(assinatura)