Nosso amor navega nas águas de março
Meu amor,
que surjam as pedras, pois elas são teimosas, quase onipresentes ao longo das
vidas. Mas sei que, para nós, nunca haverá "o fim do caminho", porque tenho a
certeza de que estamos suficientemente apaixonados e preparados para enfrentar
qualquer obstáculo e, citando novamente a clássica canção de Jobim, que o mês de
março signifique sempre "o projeto da casa", "o corpo na cama". Nossa casa,
nossos corpos. Na mesma casa, na mesma cama...
Não tome esta minha declaração de sincero amor como uma conversa vulgar, como
uma "conversa ribeira", pois mês a mês, sinto que todas as águas que desabam
sobre nós março-após março, em forma de chuva ou cachoeira, servem apenas para
levar de nossas almas todo o mal, para lavar os nossos corpos do tedioso ranço
do cotidiano, que às vezes tenta se sobrepôr e ofuscar a força deste amor
infindo que nos une.
Que venham as chuvas e os granizos, que se avolumem os rios e as cascatas,
que se elevem as marés e que as ondas salpiquem de sal as peles e as calçadas,
que as águas de março produzam um dilúvio de amor, porque desde que eu te
conheci tive a certeza de que o nosso amor navegaria nessas águas; assim como
seria capaz de curtir o sol ardente de janeiro, o carnaval de fevereiro, a
primavera em setembro e a felicidade plena, por toda a eternidade.
Beijo molhado,
(assinatura)