Ao torcedor da Lusa
Meu Querido (nome),
Desculpa lá, pá! Mas não foi maldade... Quando o teu Papá, estava a assistir ao
jogo da Briosa, pediu exaltadíssimo para colocar logo Tremoço e Ginjinha, eu
pensei que ele estivesse a reclamar com o técnico e não a pedir para eu ir
buscar petiscos na cozinha. Desculpa lá mais uma vez, mas este idioma estranho
às vezes me confunde, pá!
Sabes bem que eu não entendo nada de futebol... Quando se trata da Lusa,
então, me atrapalho ainda mais, pois com toda a minha boa vontade, ao ouvir o
teu pai dizer "guarda-redes" corro para a varanda pra ver se está a chover, pra
guardar a rede e agradar o meu futuro sogro... De repente, percebo que não é
nada disso, pois pões-te a rir: bem que podias me avisar antes que guarda-redes
é goleiro, não podias?
Meu querido, tu sabes que eu te amo e que o meu amor não tem limites. Afinal,
se tu estás a esperar desde 1973 para comemorar um título, como eu poderia
pedir-te rapidez em decidir pela nossa união permanente? Sei dos teus
compromissos com os Leões da Fabulosa, mas será que não é possível me dedicar um
pouco mais de atenção ou pelo menos dividir melhor o teu tempo, dedicando a esta
miúda, que tanto amor te devota, alguns miminhos mais demorados?
Vou fazer-te uma proposta: que no domingo que vem tu esqueças os pastéis de
bacalhau daquele quiosque lá do Canindé e venha cá pra casa, com seu apetite de
Leão, dar uma mordidinha numa coisa fabulosa que estou com desejo de te dar para
comer.
Só não faças como a tua equipa! Não me decepciones mais uma vez com a velha
história de nadar, nadar e morrer na praia...
Beijos desta tua cachopa,
(assinatura)