Ao amante de poesia
(Nome),
quando você me disse gostar de poesia eu quase não acreditei. Afinal, você com
esse jeito tão austero, de fisionomia quase sempre impenetrável, não me parecia
ter esse perfil tão sensível, desculpe o preconceito. Mas, depois, lembrei-me do
Drummond: é verdade, ele também tinha mais cara de burocrata do que de poeta.
Olha, peço-lhe desculpas novamente pela maneira como eu olhava para você, mas
juro que depois dessa revelação passei a vê-lo com outros olhos.
Gostaria, se você concordar, de almoçar um dia contigo, de discutir poesia
brasileira, especialmente da Semana de 22 para cá. Os meus prediletos são os
poetas da Geração de 45 (Drummond, Vinícius, Péricles da Silva Ramos etc),
embora eu tenha bom conhecimento da poesia contemporânea e seja fã incondicional
da Hilda Hilst.
Estarei pronta para tal conversa, de acordo com a sua conveniência. Terei
muito prazer em trocar impressões sobre um assunto tão virtuoso quanto este.
Quem sabe se durante a conversa você não me dá a oportunidade de descobrir que,
além de sensível, vocé é também uma pessoa romântica.
Até breve,
(assinatura)