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Impostos / Tributos - Taxa Selic, única medida para controle da inflação? 

Data: 28/04/2010

 
 

Sempre ouvimos falar que para conter a inflação é necessário aumentar a taxa Selic. Somos informados disso, mas pouco sabemos o porquê de a taxa Selic ser considerada um “remédio” para conter a inflação. E, ainda, pouco questionamos se esse é o único “remédio” ou até o mais apropriado para o momento.

Repare que dados preliminares mostram que o Brasil crescerá, em 2010, algo em torno de 6% (crescimento de seu Produto Interno Bruto, o PIB). Permanecendo as expectativas, é óbvio afirmar que trata-se de um nível muito bom; e é de se esperar que o crescimento esteja sempre aumentando, correto?

Em termos práticos a elevação dos juros (da taxa Selic) acontece na tentativa de segurar o crescimento como forma de controlar a inflação. Para quem ainda tem dúvidas, o principal papel do Banco Central (BC) é justamente controlar a inflação e proteger o poder de compra das pessoas. Alguém por ai se lembra da traumatizante hiperinflação?

Sacrifício em décadas de inflação
Durante décadas o Brasil sobreviveu ao descontrole inflacionário  e, por isso, sabemos de fato o quanto ela é fatal para uma economia. Neste sentido, parece-me claro que alguns sacrifícios podem ser justificados se olhados sob essa óptica. Entretanto, não podemos nos acomodar, enquanto economia em desenvolvimento, acreditando que o controle inflacionário deve ser sempre implementado através do aumento dos juros e desestímulo econômico.

Mas existem outras opções?
Outros caminhos podem e devem ser estudados e entre eles está o controle dos gastos públicos. Defendo que os serviços aos cidadãos sejam eficientes, mas a máquina pública está, ano apos ano, mais inchada e sem a contrapartida da melhora nos serviços. Como país, gastamos muito e gastamos muito mal.

Outro ponto que mostra esta realidade é a tão falada carga tributária, que nos coloca no topo dos países que mais recolhem impostos. É verdade que temos grandes programas sociais que consomem muito dinheiro público e possuem seu valor, principalmente em momentos de crise, mas ainda assim me parece claro que o problema está na gestão.

O Brasil precisa ainda aumentar sua capacidade produtiva, afinal nossa infraestrutura é precária e, quando comparada a de outros países em desenvolvimento, como Índia e China, deixa muito a desejar. O chamado custo Brasil paralisa e pode continuar paralisando nosso potencial como agente de um mercado muito competitivo.

Se o Brasil se modernizou em relação à sua economia, não o fez no sentido administrativo. Não como deveria. Ainda somos um país excessivamente burocrático! Burocracia essa que talvez seja a razão para explicar o excesso de funcionários públicos pouco atenciosos e nada preparados para as muitas funções. E você sabe como é difícil demitir um servidor público. Sem generalizações, por favor. O propósito do artigo é somar, mostrar a verdade para que possamos melhorar.

Outro gargalo do país é, sem sombra de dúvidas, a educação. Trata-se de uma das mais necessárias reformas para o Brasil manter o crescimento. Melhoramos muito, sem dúvida, mas ainda temos um longo caminho de maciços investimentos a fazer. Nossa mão de obra ainda é despreparada e muitas empresas precisam investir pesado na educação de seus funcionários, o que contribui para tornar nossos produtos e serviços mais caros.

O remédio pode se tornar um veneno
Todas essas ações propostas - controle dos gastos públicos, melhoria na infraestrutura do país e investimento maciço na educação - são alternativas que levarão tempo até que surtam efeito na economia do país e no controle da inflação. Por isso, talvez, não pareçam tão relevantes. A verdade é que são ações urgentes. O Brasil precisa disso para crescer de forma sustentável.

Os juros, como todo remédio em uma dosagem errada, pode se tornar um veneno. Os defensores dessa medida têm toda razão em afirmar que a tendência de baixa dos últimos anos se manterá para o futuro. É fato, mas no “melhor da festa”, quando a economia estava aquecida e competitiva com custo de capital (juro) mais baixo, temos que prorrogar planos e ver nossos concorrentes cada vez mais competitivos. O Brasil merece mais!



 
Referência: Dinheirama
Autor: Ricardo Pereira
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