Muitos estudiosos, como filósofos, psicólogos, psiquiatras e sociólogos;
entre eles Le Bon, Durkhein, Cooley, Freud, Wundt, dedicaram-se ao estudo da
dinâmica de atuação dos grupos.
Diante de uma necessidade que o homem sempre teve de entender o Universo em
que vive procurou, nesse anseio de curiosidade, fazer atividades como a
imitação, a ação e a representação a fim de influenciar a natureza e promover
uma maior interação com esta. Esta necessidade pelo movimento existe desde o
surgimento da cultura humana, que se dá através do jogo considerado uma
atividade livre, alegre e divertida. O jogo ganha importância, pois mostra a
significação; dá sentido ao objetivo de realizar uma determinada atividade de
movimento corporal. Existe uma necessidade "em jogo", que dá sentido à ação e
transcende as necessidades imediatas da vida. O jogo permite ir a um mundo além
da realidade, o que proporciona uma possibilidade de elaboração dos anseios e
fantasias.
"No jogo luta-se, representa-se, imagina-se ou se sensibiliza para alguma
coisa. É neste sentido que o jogo enfeita a vida, ornamenta-a a se constitui de
uma necessidade para o homem". Nelson Vitello
Foi através do psicólogo americano Kurt Lewin que o termo "dinâmica de grupo"
apareceu pela primeira vez, em 1936 e em 1944 contribuiu para a criação do
primeiro centro de pesquisas MIT (Massachusetts Institute of Technology)
sobre dinâmica de grupo. Sua atuação contribuiu muito para os estudos ligados
aos grupos. A psicologia e a atuação dos processos dinâmicos das pessoas ligadas
aos grupos tiveram um enorme desenvolvimento como ciência.
Considerando a possibilidade de existência do encontro de um grupo para uma
dinâmica, com a qual o objetivo é ir além da realidade e deixar que apareçam
características de sua personalidade, muitos debates foram feitos a respeito da
existência da dinâmica de grupo virtual, sua utilização, eficácia,
funcionalidade e aplicabilidade.
Para tanto, precisamos entender as similaridades e as divergências entre o
homem virtual e o homem não virtual, uma vez que podemos experimentar uma
dinâmica com o mesmo público, primeiro em um ambiente com todos os presentes e,
depois, com todos utilizando um programa de computador. Neste contexto,
observa-se que as pessoas são as "mesmas", porém os diferentes ambientes podem
proporcionar diversos resultados.
Isso não quer dizer que seja sempre assim, porém estes ambientes permitem que
uma mesma pessoa possa mostrar-se de forma diferenciada. Isso ocorre porque em
uma dinâmica de grupo virtual a pessoa não é vista, e suas emoções podem ser
escondidas ou simuladas ou por outro lado, o participante pode se sair melhor em
uma dinâmica virtual se estiver doente ou indisposto, por exemplo.
Em contrapartida, na dinâmica de grupo tradicional, ou com presença física se
considera elementos importantes à expressão corporal e emocional e,
principalmente à espontaneidade.
Outra diferença entre as dinâmicas é quanto à presença de um moderador /
facilitador. Na dinâmica de grupo presencial existe sempre uma pessoa que fará a
condução das atividades, bem como avaliar - no caso de uma seleção - os aspectos
comportamentais. Neste caso, o facilitador possui um papel muito importante.
Suas funções são, entre outras, facilitar a comunicação e a integração entre os
participantes, ser mediador em todas as situações geradas pelo grupo, observar
os comportamentos e interpretá-los de acordo com o perfil que o requisitante
exige. Deve ainda possuir uma linguagem clara e objetiva, procurar manter os
comentários dentro do contexto das atividades e ter uma grande sensibilidade
para com o grupo na hora de observar seus aspectos construtivos (de conciliador,
mediador, ouvinte interessado...) e não construtivos (dominador, dependente,
criador de obstáculos, agressivo...).
Já na dinâmica de grupo virtual pode existir um moderador, se assim o
chamarmos, que ficará responsável pelo sistema e pode existir ainda outra figura
- o facilitador, que poderá conduzir as atividades. Todavia, neste último caso,
a tecnologia permite que possamos ousar e atribuir a esta figura que acabamos de
citar, alguns "poderes tecnológicos" como, cortar a fala de alguém a qualquer
momento, estabelecer caixa de diálogos, paralelas a quaisquer participantes e
olhar esses diálogos sem que eles saibam. As pessoas podem ser representadas por
figuras variadas; pode haver sons ou vídeos representativos. E a disposição do
ambiente pode acontecer de forma variada e representada por símbolos
diversificados.
A dinâmica pode ainda ser usada como game como é observado no Second Life,
onde as pessoas cadastram-se, criam um personagem, divertem-se e podem também
trabalhar vendendo seus serviços. Este é um exemplo de dinâmica de um grupo que
as pessoas navegam em um ambiente tecnológico que elas conhecem e,
aparentemente, gostam.
Contudo, é possível questionar até que ponto a interferência programada
interfere no resultado final?
Quanto à utilização, pensa-se na existência da dinâmica de grupo em processos
seletivos e treinamentos.
No processo seletivo, o avaliador já possui um perfil pré-determinado de
acordo com a vaga que está trabalhando. Sendo assim, na dinâmica, é possível
observar estas características nos profissionais que será contratado.
Quando for utilizada isoladamente, não deve ser eliminatória, pois possui uma
série de instrumentos utilizados para avaliar o candidato. Seu objetivo é ver
como o candidato comporta-se quando inserido em um grupo.
As atividades mais utilizadas são jogos de aquecimentos e dramáticos. "Não
existe uma atividade especialmente utilizada, existe a definição do objetivo do
trabalho e a melhor técnica que atende este, bem como ao estilo".
Segundo Maria Inez Limeira, a dinâmica de grupo é uma atividade que leva o
grupo a uma movimentação, a um trabalho que se percebe, por exemplo, como cada
pessoa comporta-se em grupo, como é a comunicação, o nível de iniciativa, a
liderança, o processo de pensamento, o nível de frustração, se aceita bem o fato
de sua ideia não ter sido levada em conta etc.
Alem disso, os selecionadores utilizam essa técnica para descobrir e avaliar
como o corpo comporta-se em relação a cada componente. A dinâmica de grupo em
seleção sempre tem como objetivo observar o comportamento na situação de grupo e
na maneira de ser do indivíduo.
Não existe um comportamento esperado, durante a dinâmica, que seja
pré-definido. O candidato deve saber seus limites e potencialidades para que
haja um respeito consigo e com os outros participantes. Portanto, independente
do processo seletivo, deve ser espontâneo, objetivo, flexível e coerente. Deve
colocar suas ideias e as opiniões de forma coesa e enxergar o este processo como
um aprendizado pessoal e profissional.
Quanto ao comportamento do candidato, como já foi observado, este deve ser o
mais espontâneo possível para não transparecer um comportamento "artificial". É
melhor ser espontâneo, porém seguro. Pois, as chances de uma má avaliação são
menores.
Depois da atividade deve-se deixar o grupo falar, já que sem esse "espaço"
mata-se todo o fruto da experiência. É importante elaborar algumas perguntas que
permitam a todos extravasarem seus sentimentos, de realização ou de frustração,
para somente depois começar a correlacionar a experiência com a realidade do
nosso dia a dia profissional.
A contextualização com a realidade deve ser obtida do próprio grupo, através
de perguntas previamente elaboradas. As afirmações feitas pelo coordenador não
possuem a mesma força que as descobertas realizadas pelo grupo. Por outro lado,
se o grupo não percebeu algum aspecto interessante do ponto de vista do
coordenador, de nada adianta ressaltar esse aspecto, pois isso não aconteceu do
ponto de vista do grupo. O coordenador deve desenvolver a habilidade de explorar
ao máximo as conclusões do grupo e não o seu ponto de vista (reescrever).
Para falar em resultado é necessário observar e selecionar o público
desejado, ou seja, se a pessoa não for usuária de informática ou não possuir
conhecimentos mínimos para a realização desta atividade, será inviável esperar
um resultado eficaz, neste caso. É necessário entender a natureza destas
pessoas, seus conhecimentos e se realizam comunicação em ambiente de rede, em
internet.
Acredita-se que a dinâmica de grupo virtual, em termos de funcionalidade tem
alguns benefícios. Se for utilizada em um processo seletivo, considerando a
natureza e aptidão do grupo, pode trazer uma grande economia para a empresa em
termos de custo, já que as pessoas fazem em casa ou em algum lugar que
dispuserem de computador. Com isso, a empresa não precisa reservar um ambiente
com instalações como: tamanho do grupo, ventilação, água, café, acústica,
iluminação, banheiros, lugar para sentar, ter duração média de 3 horas e existir
em média 12 pessoas por grupo. Em alguns casos existe a necessidade de contratar
consultoria (em alguns casos), oferecer coffee break. Além destes, pode
existir uma grande otimização do tempo, se for considerado o deslocamento por
parte do candidato e o dinheiro que este gastaria e do trabalho, pois as faltas
podem ser diminuídas.
Sendo assim, observa-se que a dinâmica de grupo é uma ferramenta que
atualmente é muito utilizada em seleção, treinamentos, e outros eventos
empresariais, porém ainda muita praticada com a presença física dos
participantes. Nesta, pode-se avaliar conhecimentos, habilidades e atitudes de
uma forma lúdica e expressiva. Entretanto, a dinâmica de grupo realizada através
de ferramentas da informática permite o questionamento quanto à eficácia e à
funcionalidade, já que algumas empresas já prestam serviço utilizando este
método, ou seja, esta técnica vem sendo ao mesmo tempo adotada e pouco
comentada.
Logo, cabe o questionamento quanto à similaridade e utilidade se comparada à
dinâmica, até então, convencional (com presença física). Será que não ver as
expressões do participante, poder interferir nas suas atitudes através de um
software, e conseguir esconder as emoções faz diferença em uma análise
comportamental? E se esta análise for direcionada para um público
especificamente "internauta", pode trazer maiores resultados?