Todo mundo sabe que é preciso adquirir novas competências a fim de garantir
uma carreira de sucesso - e é mesmo. Mas você já se perguntou o que de fato
precisa aprender? Nem sempre é o que parece mais óbvio. Acredite: em certos
momentos da vida executiva o melhor a fazer é aprender a... desaprender!
Descubra seu Ponto C, seu ponto de competência. Pare de ficar apenas tentando
superar suas limitações, seus pontos fracos. Invista naquilo em que você já é
bom e que pode torná-lo melhor ainda. E que, de preferência, coincida com aquilo
que vai agregar valor aos resultados da empresa.
Não adianta você ser supercompetente em algo desatrelado das competências
necessárias ao sucesso do negócio da sua empresa naquele momento específico.
Esse ponto C será o seu diferencial. Mas para chegar lá é preciso, antes,
livrar-se do que pode até ter sido útil no passado, mas tornou-se um empecilho
para aprender o novo.
Precisamos deletar conhecimentos, atitudes, habilidades e preconceitos para
abrir espaço para nos voltar para o futuro. Temos muito o que desaprender. Mas
não se trata apenas de técnicas. Trata-se mais de postura, de atitudes, do
modelo mental que ainda prevalece em nosso dia-a-dia empresarial.
É preciso desaprender certas crenças da nossa cultura empresarial. Pérolas do
pensamento como "subordinados são pagos para fazer e não para pensar" e "cada
macaco no seu galho" - inspiradoras da departamentalização excessiva - e o
"manda quem pode obedece quem tem juízo", acabam aprisionando a energia criativa
das pessoas.
A liderança, tal como a conhecemos hoje, está com os dias contados. Os velhos e
surrados atributos do líder foram concebidos para uma realidade que já não
existe mais. E o líder baseado apenas no carisma é uma espécie em extinção.
Precisamos desaprender a nos posicionar como experts. A vez do especialista, do
profissional unifuncional, está chegando ao fim. Ainda é uma herança da era
industrial. Salvo raras exceções, não dá mais para fazer uma carreira apenas
dentro de uma área e chegar a diretor ou vice-presidente tendo passado por todas
as seções dentro dessa área.
O futuro estará nas mãos dos multifuncionais, daqueles que tiverem experiência
em vendas, em finanças, em logística, na gestão de pessoas. Mais do que um
profissional especializado em técnicas, os líderes empresariais desejarão cada
vez mais aqueles que entendam do negócio da empresa como um todo. Aqueles que
sejam multicompetentes.
É preciso que nós desaprendamos a viver voltados para dentro da empresa. Os
resultados não são mais gerados só dentro das "paredes" da empresa. O
diferencial reside do lado de fora, na conexão desta com seus clientes,
parceiros, fornecedores, formadores de opinião.
O capital intelectual não é sinônimo do quadro de funcionários. É necessário
propor projetos de capacitação em competências para distribuidores, PDVs,
fornecedores, parceiros e para as comunidades onde operam. A competência tem de
estar em toda a cadeia de valor do negócio da empresa.
Precisamos desaprender a viver com medo, criar um clima de maior tolerância para
riscos, tomar mais iniciativa, sermos mais proativos e com isso encorajar
outros. Vivemos engaiolados por normas e estruturas. Muitos líderes querem
encorajar pessoas a serem mais ousadas, a dar vazão à criatividade, mas eles
próprios não se comportam da forma que apregoam. Precisamos desaprender a educar
pelo discurso e aprender a educar pelo exemplo.
Aprender a desaprender é o segredo daqueles que conseguem identificar - e com
clareza - o Ponto C. Mas, competência não é sinônimo de conhecimento. Só chega
ao Ponto C quem agrega valor e disponibiliza resultados para a empresa onde
trabalha e para a sociedade onde vive.