O sugestivo título desta matéria foi escrito pelo vice-presidente de
Operações da consultoria DBM, Rogério Chér. Segundo ele, não é à toa que as
pessoas falam tanto do intraempreendedor, o profissional que, apesar de não ser
o dono do negócio, age como tal, no sentido de fazer com que a empresa inove,
mude, cresça e apareça perante as concorrentes.
Para o empresário, é muito bom ter funcionários intraempreendedores. "É
extremamente difícil, para o dono do negócio, liderar e vencer esta batalha
sozinho, sem apoio", afirma Chér. "Por isso, ter ao lado colaboradores que agem
como sócios já é, por si só, uma vantagem competitiva relevante".
O que faz o intraempreendedor desistir?
O vice-presidente de Operações da DBM reflete sobre o que faz o
intraempreendedor desistir e pedir demissão. Segundo ele, as principais
motivações voltam-se sempre para a cultura da empresa e de seus principais
gestores.
"Não raro, o ambiente das corporações funciona como uma força que expulsa da
organização seus talentos. É o caso das empresas com postura conservadora, pouco
competitivas ou intolerantes a riscos e fracassos. Ao não abrir espaço para seus
intraempreendedores dedicarem-se a projetos inovadores, elas iniciam o movimento
de perda desses profissionais, que, ocasionalmente, viram temidos concorrentes".
O problema, para o especialista, é que é difícil reconhecer empresas desse tipo.
"Seu sistema imunológico funciona sempre na defesa do status quo (estado atual)
e, por meio de sistemas, hierarquia e políticas internas, elas decidem não
decidir ou manter-se lentas e paralisadas em relação aos desafios do mercado",
afirma.
Às vezes, o esforço não compensa
Chér enfatiza que, embora "endeusados", os empreendedores corporativos são seres
de carne e osso e, como tais, necessitam de recompensas. "Eles têm disposição
para o desafio de transformar uma ideia em um negócio e em uma realidade dentro
da empresa em que trabalham, mas precisam sentir-se não apenas desafiados, mas
recompensados e desejados", explica.
"Por mais que trabalhem com visões e sonhem de olhos abertos, os empreendedores
corporativos vão além: eles imaginam e planejam o negócio, desde os aspectos
organizacionais e operacionais, passando até pelas reações dos clientes ao
produto ou serviço. Eles fazem. Por isso, merecem não apenas o desafio, mas
também a recompensa", completa.