É muito fácil ser um chefe autoritário. A educação que recebemos em casa, por
exemplo, é um prato cheio para criar adultos com o espírito 'eu sou grande, eu
mando'. Mas, você sabe, as empresas não querem ter executivos assim. Elas querem
líderes, pessoas capazes de trabalhar em equipe, que não mandam ao velho estilo,
mas são seguidos. A essa altura, se você ainda mantém algum resquício que lembre
um chefe à moda antiga, deve estar sentindo na pele a pressão por mudança.
O bom dessa história é que você pode se transformar, virar um novo, maravilhoso
líder. Ser mandão (embora você possa usar isso como desculpa) não é um traço
genético, imutável. O consultor Gutemberg Macedo está acostumado a receber em
seu escritório de recolocação de executivos, em São Paulo, chefes que perderam o
emprego porque foram mandões demais. 'Em 98% dos casos é possível a mudança,
desde que haja disposição', diz Macedo. Da experiência como orientador de
carreiras, Macedo tirou as seguintes lições:
1. Observe-se para saber se você é realmente um chefe mandão. Duas perguntas
indispensáveis para um diagnóstico correto: numa reunião da equipe, alguém
costuma contestar suas opiniões? E, no caso de alguém ousar contestá-lo, você
reduz a auto-estima da pessoa a um punhado de pó atrás da porta? Não camufle as
respostas. Seja honesto. Não adianta se considerar o melhor dos chefes se você
está longe disso. A verdade, como diria o pessoal do seriado Arquivo X, está lá
fora. Ou seja, se você é mandão, todo mundo já sabe.
2. O seu lado mandão pode ser fruto de várias coisas. Você se inspira
naquele seu primeiro chefe, um fulano que tratava as pessoas aos berros e cujo
lema era disciplina e obediência (e ai de quem o desobedecesse!). Você não
confia nos subordinados por uma razão muito lógica (embora inconfessável em
público). Ninguém, segundo sua modesta opinião, consegue fazer tudo tão bem
quanto você.
3. Trace um plano de mudança. Primeiro, porém, aceite a morte do velho chefe
que há dentro de você. Muitas de suas crenças precisam ser jogadas pela janela,
defenestradas. Depois disso, procure ajuda dentro da empresa. Converse com o
chefe, com um colega pelo qual sente simpatia ou mesmo com um subordinado de
confiança. Pergunte a eles sobre seu comportamento. Abra o coração, seja sincero
no desejo de mudança, peça ajuda.
4. Vigie-se. Você está sendo truculento na comunicação? Baixe a bola. É
duro, mas você precisa admitir que outras pessoas também têm cérebro, pensam,
têm idéias.
5. A essa altura do campeonato, acostumada com um chefe mandão, sua equipe deve
estar na pior. Para mostrar o novo e maravilhoso líder em que você está se
transformando, desarme a guarda, peça para ser avaliado. Coloque-se como alguém
que está ali para facilitar a vida da equipe. Incentive a criação de equipes
autogerenciadas. Funciona assim: você diz à equipe qual é a meta que ela deve
alcançar. Depois, fica por conta da turma decidir como vai chegar lá. A idéia
básica é estimular os funcionários a se sentir donos dos objetivos da empresa e
não propriedade do chefe. Sem nada disso, seu esforço valerá 'nadica de nada', 'neca
de pitibiriba', coisa nenhuma.
6. Gutemberg faz uma última recomendação. Enquanto deixa a equipe trabalhar
em paz, separe dez minutos por dia para relaxar. Vá a um lugar tranqüilo, feche
os olhos e relaxe um órgão do corpo de cada vez. 'O relaxamento ajuda a pessoa a
atravessar os piores dias da mudança', diz o consultor.