Carreira / Emprego - Problemas Pessoais no Trabalho
“Enfrente os problemas ou será destruído por eles.”
(Rimpoche)
O relógio toca as oito badaladas matinais, você registra sua presença no livro
ou ponto eletrônico e automaticamente todos os seus dilemas pessoais são
trancafiados no armário do vestiário. Agora você pode iniciar a jornada de
trabalho com toda energia e foco em suas tarefas, as quais serão desenvolvidas
com elevada produtividade. Contas vencidas, parentes enfermos e desilusões
amorosas voltarão a habitar seus pensamentos apenas ao final do expediente.
O quadro acima é tão surreal quanto alguns empregadores gostariam que espelhasse
a realidade. A publicitária alemã Judith Mair publicou em 2003 um livro
intitulado “Chega de Diversão”, depois rebatizado de “Chega de Oba-Oba”, em que
sentencia que trabalho não tem que ser sinônimo de prazer, o ambiente
profissional não é lugar para amizades e a jornada deve terminar na empresa,
sendo proibido levar serviço para casa.
O fato é que colocar uma linha divisória entre a vida pessoal e a profissional
pode ser possível num mundo prussiano, mas é absolutamente impraticável dentro
da cultura latina. Razão e emoção coexistem em nosso ser, a cada instante, onde
quer que estejamos. Assim, o que podemos fazer é minorar o impacto de nossos
problemas pessoais dentro do espaço corporativo, buscando conciliar nossos
interesses com os da empresa.
Quando este equilíbrio deixa de ser atingido, as conseqüências são imediatas.
Primeiro, o estresse, que em grau mais acentuado pode levar ao burnout. Em
paralelo, surge o presenteísmo, a síndrome de estar presente no ambiente de
trabalho, porém absolutamente desconectado das atividades profissionais,
afetando drasticamente a produtividade. Mais adiante, vem o absenteísmo, a
ausência física da empresa motivada seja por desestímulo, seja por doenças
clinicamente identificadas.
Mas então, como lidar com estes infortúnios do cotidiano pessoal sem comprometer
a posição na empresa? Algumas sugestões:
1. Siga pelo caminho do meio. Evite o isolamento, deixando de compartilhar
seus problemas com as pessoas mais próximas. Passamos ao menos oito horas
envolvidos com o trabalho. Se você não conversar com alguém, sua cabeça pode
virar uma panela de pressão prestes a explodir! Entretanto, evite também a
exposição demasiada. Você não precisa dividir seus anseios com todos ao redor,
até porque no ardiloso ambiente corporativo há muitas pessoas à espera de
descobrir suas fraquezas para lhe atacar. Seja seletivo.
2. Comunique. Seu superior hierárquico não tem bola de cristal para saber
o que está se passando e pode avaliar sua apatia como desinteresse ou até
desleixo. Informe-o, ainda que superficialmente, que está passando por uma fase
difícil, mas que está em busca da superação.
3. Seja discreto. A menos que seu espaço seja delimitado por uma sala
privada, com boa vedação acústica, onde seja possível trancar a porta, cuide
para que seus assuntos pessoais sejam tratados reservadamente. Assim, afaste-se
para falar ao telefone ou travar aquela batalha verbal comum a muitas
discussões. Se o embate for pelo computador, certifique-se de fechar a tela que
contém o diálogo ao sair do ambiente. E jamais, jamais chore em público. Alguns
serão solícitos e lhe oferecerão carinho e apoio. Mas outros não se esquecerão
deste seu momento de fragilidade. E usarão isso contra você no futuro.
4. Peça ajuda. Se o problema é de ordem financeira, procure obter um
adiantamento ou um crédito consignado para solucionar o problema. Já se for uma
questão de saúde, busque tratamento. Se enfermo, evite a automedicação e agende
um médico. Se diante de dependência química, comece uma terapia. E tenha no RH
ou Departamento de Saúde Ocupacional de sua empresa um aliado.
5. Afaste-se para cuidar dos problemas. Se o seu desempenho está sendo
prejudicado e seus problemas não estão sendo resolvidos, o melhor a fazer é se
licenciar. Antecipe parte das férias para direcionar toda a atenção na solução
do que lhe aflige. Em última instância, vale até considerar um pedido voluntário
de demissão, negociando as condições da saída.
Se com você está tudo bem, mas seu colega de trabalho notadamente está passando
por um período turvo, use da empatia e coloque-se por um instante no lugar dele,
procurando ajudá-lo. Aconselhamento e orientação podem fazer toda a diferença.
Afinal, lembre-se de que um dia os papéis poderão estar invertidos.
Referência:
gbolso.com.br
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