O despreparo do trabalhador brasileiro para o Pós-carreira é preocupante.
Aposentadoria requer um condicionamento mental e social, que a grande maioria
das pessoas não possui. Assim sendo, é uma etapa extremamente importante na vida
dos indivíduos, pois não só coincide, para muitos, com a presença do
envelhecimento bem como, é também um marco de mudança na dinâmica da família, o
que implica em novos hábitos, não só daquele que esta se aposentando. É uma
etapa que exige preparação. Um empregado, colaborador ou trabalhador de uma
empresa qualquer, disponibiliza acima de 50% de seu tempo total durante a sua
vida ativa a uma identidade profissional, relevando a outros planos sua vida
afetiva, pessoal e social em busca da satisfação plena dos interesses da
organização em que atua. A principal dificuldade de uma pessoa no processo de
transição para a aposentadoria é conseguir uma "sensação" de integração social e
preservar a realização pessoal. Três aspectos se tornam preponderantes para o
sucesso nesta nova etapa da vida que se inicia, a tranqüilidade financeira, a
reeducação e a saúde. A intranqüilidade financeira ocasionada pela não poupança
durante a fase ativa e a necessidade de formar os filhos, ingressando-os no
mercado de trabalho, fato este que ocorre cada vez mais tarde, contribuem para a
permanência dos "mais experientes" no mercado de trabalho. Estudos realizados
pelo IPEA, apontam que grande parte das pessoas voltam a trabalhar após se
aposentarem porque ainda têm condições de serem úteis e se ficarem em casa vão
entrar em depressão, então, o trabalho é uma forma de integração social
importante, a ociosidade causa depressão. Cada vez mais se percebe que
organizações empresarias sejam públicas ou privadas devem propor ações que
venham a mobilizar esforços para a implementação de um programa de pós-carreira
comumente chamados de PPA – Preparação para Aposentadoria, cujos objetivos são:
- Preparar pessoas para que elas construam um projeto de vida na
aposentadoria;
- Facilitar o processo de sucessão profissional, uma vez que a "fila" tem
que girar e uma das formas pelas quais novos entrantes vão ter acesso ao
mercado de trabalho é substituindo pessoas que estão se aposentando;
- transformar a aposentadoria numa fase produtiva e feliz da vida;
- administrar o processo de transição na empresa.
Diversas são as vantagens para as organizações que aderem a estes programas,
podemos citar algumas tais como:
- Cumprir o papel social;
- proporcionar o desenvolvimento de novos talentos;
- gerar impacto positivo no moral dos colaboradores;
- facilitar a gestão e transferência do conhecimento na organização;
- fortalecer a imagem positiva da marca/produto/serviço ("top of mind"
positivo).
Para os funcionários destas organizações, podemos observar o entusiasmo nos
processos de preparação para o pós-carreira e dentre as vantagens, podemos
enumerar:
- Desenvolver um projeto de vida pós-empresa;
- facilitar a transição da identidade profissional para a identidade
pessoal;
- motivar as pessoas a desenvolver outros papéis além do profissional,
onde podem ser sentir úteis;
- elevar a auto-estima, sentir se útil.
Mas voltando apenas à questão dos aposentados, existem algumas variáveis que
as empresas podem trabalhar para promover e orientar os colaboradores que já
estão em vias de aposentadoria ou que irão se aposentar. Algumas empresas
possuem planos de previdência que complementam os benefícios do INSS, isto é bom
mais não é tudo. Outras empresas não possuem planos de complementação para
aposentadoria, sendo necessário que o colaborador busque no mercado esta
complementação para não ficarem apenas dependente das migalhas do INSS. As
empresas preocupadas com o bem estar de seus profissionais que muitas vezes
dedicaram uma vida por elas devem prepará-los para que a Qualidade de Vida
conseguida após anos de trabalhos não sofra prejuízos após a aposentadoria. Na
maioria das empresas, continua a existir a grande hipocrisia de que o
profissional estará em seu posto para sempre. As empresas precisam ser mais
realistas para com seus funcionários, devem discutir abertamente sobre um plano
de ação, objetivando que a transição ocorra de forma ordenada e planejada.