Aposentadoria - Como preparar a aposentadoria sem fazer esforço
Os cientistas estão dizendo que você vai viver mais. A expectativa de vida
vem aumentando e esse é hoje um dos desafios das empresas de previdência.
Um problema para as empresas de previdência que vão precisar ser mais eficientes
na gestão de carteiras para garantir o benefício vitalício de muitos aposentados
e para você, que mesmo não gostando de aplicações financeiras, vai precisar
pensar na aposentadoria.
"Você não pode viver como um milionário e depois ser enterrado como um
indigente", diz Luis Eduardo de Assis, principal executivo do HSBC Investment
Bank no Brasil. "Mas também não dá para viver como um miserável e ter um enterro
de primeira."
O segredo do planejamento da aposentadoria, não precisar fazer muito esforço. Só
dessa forma é possível manter a disciplina no longo prazo. "Coloque no máximo 5%
do dinheiro destinado a investimentos em aplicações para aposentadoria", diz
Walter Hime, vice-presidente da Real Seguros. "Se você destinar mais do que isso
não vive, porque aí não vai ter dinheiro para viajar, para trocar de carro e
comprar casa."
Esse é o seu dilema: o quanto guardar para a aposentadoria. Os
especialistas garantem que se houver planejamento o processo não é doloroso. O
melhor é que o planejamento tributário será seu grande aliado nesse processo.
Oswaldo Nascimento, diretor da Itaú Previdência, diz que você não pode abrir mão
do benefício fiscal quando estiver aplicando para a aposentadoria. Uma aplicação
de R$ 1 mil num fundo tradicional, os FIFs, se transforma na prática em R$ 725
líquidos, porque 27,5% é a parcela que vai para a Receita Federal. "Imagine que
essa aplicação renda dez vezes mais", diz Nascimento. Nesse caso, o investidor
ficará com R$ 5,9 mil líquido de IR, se a aplicação estiver num FIF, porque
pagou 20% sobre o ganho de capital.
Mas se optar por um PGBL, ocorre o processo inverso. "Se você aplicar os R$ 725,
equivale a R$ 1mil", diz Nascimento. No mesmo exemplo, então, o investidor tem
ao final da aplicação os R$ 10 mil. Mas observe, que se ele resgatar o dinheiro
será tributado de acordo com a tabela do IR, no caso, uma mordida de 27,5% sobre
o total do resgate. "Sobra então líquido R$ 7,250 mil, ainda assim maior do que
numa aplicação tradicional", diz.
Mas, o planejamento tributário não deve vigorar apenas no período de acumulação.
Os analistas dizem que também na hora de resgatar é possível ganhar com o
benefício fiscal se houver planejamento. Para isso, a orientação é: compre uma
renda vitalícia ou resgate em parcelas mensais, sempre de olho na tabela do
Imposto de Renda.
Walter Hime, da real seguros, observa que nos PGBLs você deve investir até o
limite de 12% de sua renda tributável. "Esse é o limite de aplicação em que o
produto é vantajoso", diz. Aplicações maiores são ruins porque você não obtém o
benefício fiscal e além disso terá que pagar IR sobre o valor total do resgate e
não apenas sobre o ganho de capital.
Outro ponto importante que você não pode descuidar: os PGBLs só são
interessantes para aplicações de longo prazo. Com as taxas de juros atuais,
segundo Hime, esses planos ficam competitivos para prazos acima de cinco anos.
Mas Marco Marco Simonovitch, diretor da Patagon, diz que o mais eficiente é
aplicar em PGBL com horizonte de prazo acima de dez anos.
Para quem não tem IR a pagar, os PGBLs não são interessantes. Para esse público
o melhor são os VGBLs, planos que foram regulamentados este mês e que no início
do próximo ano já estarão nas prateleiras de bancos e seguradoras. Por fim, a
partir de janeiro, os Fapi, outra modalidade de plano aberto de aposentadoria,
ganham um brilho com novos benefícios fiscais.
A mudança no formato da pirâmide etária vem provocando uma revolução no sistema
de previdência por todo o mundo. E com o mercado brasileiro não é diferente. A
primeira revolução ocorre no próprio sistema de previdência oficial. Edson
Duarte Jardim, consultor da William Mercer, uma empresa com tradição no mercado
de previdência, diz que a previdência social já caiu a um quarto do seu valor no
passado. "É um problema para os fundos de pensão", diz Jardim.
Isso porque, muitos fundos complementam o benefício que é pago pelo INSS. "Se
cai o benefício, a parcela da previdência privada tem que aumentar para então
recompor o benefício do funcionário", diz.
Só esse movimento fez com que o custo dessas aposentadorias aumentassem de 3%
para 10% da folha de pagamento, segundo Jardim. Essa é uma das razões que está
levando muitos fundos de pensão a promoverem uma migração dos seus planos de
benefício definido para contribuição definida.
As mudanças na previdência estão sinalizando que você agora é o principal
responsável por sua aposentadoria. Você hoje tem mais opções, transparência e
segurança nos produtos que estão nas prateleiras de seguradoras e bancos. Mas
note que agora o destino da aposentadoria está em suas mãos. Esse é um assunto
só seu. Esperar pela previdência social é um risco cada vez maior. Empurrar o
planejamento da aposentadoria para o futuro pode comprometer os resultados.
Veja que R$ 150 mensais ao longo de 30 anos podem lhe render uma aposentadoria
de R$ 6 mil. Mas o benefício vai caindo à medida que você adia o início do seu
programa de investimentos.
"No longo prazo, a força dos juros compostos é violenta", diz Marco Simonovitch,
diretor da Patagon e responsável pelos cálculos e gráfico acima. Simonovitch
ressalta que os números são estimativas e projeções e não é possível garantir
rentabilidade.
No exemplo foi estimado um ganho médio ao mês de 1% para a carteira de
investimentos destinada a aposentadoria. Uma taxa agressiva para muitos, mas
para outros bastante razoável, principalmente nos dias de hoje onde só com
aplicações de renda fixa é possível ganho mensal de 1,4% .
Cada investidor vai perseguir uma meta de rentabilidade diferente ao longo
desses anos até a aposentadoria. É importante determinar qual a taxa média que
você precisa para atingir sua meta. A partir daí é só monitorar periodicamente.
Se você não está conseguindo atingir sua meta, reavalie sua carteira e destine
uma parcela maior a investimentos de maior risco, mas também com maior potencial
de retorno.
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