Engana-se quem pensa que somente subordinados podem sofrer assédio moral.
Chefes também podem recorrer à Justiça, garante a advogada trabalhista do
escritório Benhame Sociedade de Advogados, Maria Lúcia Benhame.
"O assédio moral pode ocorrer do superior para o subordinado - caso mais comum
-, do subordinado para o chefe e até entre pessoas do mesmo nível hierárquico",
afirma Maria Lúcia. "Basicamente, são casos que envolvem humilhação".
Conspiração
De acordo com a advogada, de fato os assédios cometidos contra chefes são mais
raros. Mas acontecem. "Geralmente, são casos em que os subordinados tentam
derrubar o superior, boicotando projetos, fazendo queixas infundadas ao diretor
da empresa ou questionando sua autoridade, desrespeitando-o. Vamos supor que o
chefe peça para que as pessoas façam algo e elas simplesmente acabam não
fazendo. É um caso de insubordinação".
"Do meu ponto de vista, dificilmente a insubordinação vem de uma pessoa só, pois
nesse caso ela sabe que acabará demitida. Se o assédio advém de uma pessoa
sozinha, ele ocorre de forma muito mais velada e sutil, difícil de provar,
portanto. O que ocorre normalmente é que a equipe se une para derrubar o chefe.
É o caso dos jogadores de futebol que querem derrubar o técnico. O que eles
fazem? Perdem os jogos. É sutil", acrescenta ela.
Muitos casos são difíceis de provar, ainda assim os profissionais subordinados
devem ficar atentos. "A prova ocorre por meio de testemunho, e-mails, atas de
reunião, conversas gravadas, etc.", exemplifica Maria Lúcia.
Assédio consciente
Ela explica que o assédio é sempre consciente. "O objetivo é buscado, as pessoas
não fazem o que fazem sem querer. Muitos funcionários que se juntam contra o
chefe acreditam que uma hora ele se sentirá mal e pedirá transferência".
Segundo Maria Lúcia, há muitos casos em que a equipe tem preconceito. Por
exemplo, um grupo formado majoritariamente por homens pode não aceitar ter uma
chefe mulher. O preconceito também ocorre com as diferenças de formação técnica.
"Ou então alguém não muito querido pela equipe é promovido", exemplifica.
Os casos também ocorrem com equipes que, de uma hora para outra, ficam sem uma
chefia e a empresa opta por trazer alguém de fora. Pode ser que alguém fique
ressentido, por achar que merecia ocupar o posto de chefia, porque já trabalha
há muito tempo na empresa. Pode ser que a equipe não aceite o novo chefe porque
o anterior era muito querido. São várias as possibilidades. Nesses casos, quem
assedia tem a vontade de denegrir a imagem alheia, por meio de ações reiteradas.