O governador do estado de São Paulo assinou um decreto que instituiu o
Programa Univesp (Universidade Virtual do estado de São Paulo), que levará a
todo o estado cursos de graduação e pós-graduação com uso de tecnologias de
informação e comunicação, como a TV digital e a internet. Os alunos contarão com
pólos de aula presencial.
Três universidades do estado estão envolvidas no projeto: a USP (Universidade de
São Paulo), a Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) e a Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas). "As universidades vão caprichar, porque são
as três melhores do País e não darão aula sem qualidade", afirmou José Serra,
por ocasião da assinatura do decreto que formaliza o projeto.
Porém, diante da iniciativa, ficam as dúvidas: será que vale a pena fazer uma
graduação virtual? Como o mercado enxerga este tipo de formação?
As respostas
De acordo com o diretor-executivo do Insadi (Instituto Avançado de
Desenvolvimento Intelectual), Dieter Kelber, é importante deixar claro, antes de
responder as perguntas, que a forma como a graduação foi feita não tem peso na
escolha de um profissional. "Em primeiro lugar, o mercado de trabalho é muito
seletivo porque tem muita mão-de-obra. Mas ele olha outras coisas além da
formação, como comportamento, valores, disposição ao trabalho", explicou.
Além disso, ele afirmou que o mercado de trabalho está descrente da formação
universitária, seja ela pública ou privada, presencial ou virtual. "Por isso
eles fazem tantas provas antes de contratar", exemplificou o diretor-executivo.
Um outro exemplo desta falta de confiança no ensino superior brasileiro são os
programas de trainee. "O que se faz hoje com um recém-formado? Um programa para
ensinar tudo a ele!".
Mesmo assim, nada de fazer qualquer curso apenas para ter um diploma. Isso
porque, em momentos de desempate entre candidatos, a formação será levada em
consideração. "Na hora do desempate, o mercado de trabalho privilegia o que é
mais tradicional". Ainda vale considerar que a faculdade, mesmo não sendo tão
valorizada quanto deveria, é a porta de entrada para o mercado de trabalho, uma
vez que proporciona o ingresso em um programa de estágio e muito aprendizado.
O programa
No Univesp, os cursos serão gratuitos. No início do programa, previsto para
março de 2009, serão 5 mil vagas para a graduação no curso de pedagogia
oferecido pela Unesp. A USP, por sua vez, oferecerá 700 vagas de licenciatura em
biologia e outras 900 de licenciatura em ciências.
Simultaneamente, serão desenvolvidos cursos de especialização (pós-graduação)
voltados a professores da rede estadual de ensino, da 5ª séria do Ensino Médio.
A expectativa é de que 110 mil docentes ingressem em 16 cursos (13 de
disciplinas e três de gestão).
O ingresso do aluno será feito por meio de um vestibular tradicional, com edital
com informação sobre o processo seletivo. Segundo o secretário de Ensino
Superior, Carlos Vogt, o sistema de cotas obedecerá às atuais políticas das
universidades, "que já contemplam, de alguma forma, esse aspecto fundamental da
participação dos jovens na busca do ingresso no ensino superior".