Muitos jovens nesta época do ano ficam frente a frente com o desafio do
vestibular. É um momento especial, recheado de emoções, angústias e reflexões.
Ah, diriam alguns, é simples: se gostar de matemática faça Engenharia! Se gostar
de história e geografia faça Direito! Se gostar de química e biologia faça
Medicina! Será que é tão fácil assim?
O problema vivenciado pelos jovens vestibulandos, porém, não é tão simples
como resolver uma equação do segundo grau, nem como descrever em detalhes as
grandes navegações do século XVI, nem tão pouco como falar sobre o funcionamento
de uma célula. A questão que está na cabeça dos vestibulandos não tem cinco
alternativas e apenas uma delas é a correta.
Com a expansão das faculdades e o aumento significativo dos cursos superiores
disponíveis (meio ambiente, oceanografia, ciências atuariais, relações
internacionais, turismo etc.) os jovens ficam cada vez mais expostos aos
estímulos de muitas carreiras e profissões e isso tende a ser um ingrediente a
mais no processo de decisão: ter muitas opções pode causar ainda mais confusão!
A pressão familiar ou a forma como o jovem percebe o que os pais esperam
dele; a sua ambição e a sua necessidade de independência; o tempo e o dinheiro
disponível; o status e o reconhecimento da profissão; os sonhos e anseios que
são associados ao seu futuro são apenas algumas das questões que passam pela
cabeça da maior parte dos vestibulandos. Conciliar todos esses fatores ao mesmo
tempo e agora nem sempre é possível.
Uma variável, porém, tem pressionado cada vez mais os jovens: a
empregabilidade. Afinal, todos, sem exceção, acreditam que vão trabalhar na área
que escolheram e vêem a faculdade como a “porta de entrada” no mercado (a
maioria precisa de um estágio ou de um emprego ao mesmo tempo em que estudam).
As empresas, por sua vez, querem experiência, mesmo para as vagas de estágio.
As faculdades, neste contexto, têm boa parte da responsabilidade sobre o
futuro profissional dos estudantes. Pesquisas recentes apontam que o índice de
desemprego entre os jovens é o dobro da média de outros segmentos da sociedade
brasileira. Consciente dessa situação e buscando alternativas para apoiar os
jovens no ingresso do mercado de trabalho, colaboro com iniciativas inovadoras
tais como o “Prêmio FECAP” que valoriza o potencial profissional dos estudantes.
A instituição de ensino da qual faço parte tem clareza de que a excelência na
qualidade de ensino é um dos requisitos para que os jovens alcancem sucesso em
sua vida profissional.
Sabemos que ter um diploma, simplesmente, não significa muita coisa. Com o
aumento vertiginoso de cursos superiores uma parte dos estudantes fica seduzida
em fazer cursos “bons, bonitos e baratos”, mas descobrirão, em pouco tempo, que
o curso escolhido por esse critério não era tão superior assim e aprenderão que
a imagem nem sempre corresponde com a realidade. Há jovens que pensam que ter o
diploma é fator suficiente para alcançar um lugar ao sol. Enganam-se, pois com
um mercado de trabalho cada vez mais exigente, há poucas chances para quem “está
na média” e contenta-se com o regular, perfil típico de quem busca simplesmente
um diploma. Para quem já passou pela experiência de decidir “o que fazer” sabe a
importância de se seguir uma profissão que tenha vocação.
As empresas, os governos e as ONG´s precisam das pessoas que querem fazer a
diferença e têm capacidade e condições para isso. O suposto dilema entre “fazer
o que gosta” ou “o que dá dinheiro”, na verdade, é pouco pertinente. Se não
fizer o que gostar, provavelmente, será um profissional mediano e, portanto,
dificilmente alcançará sucesso no mercado de trabalho e, principalmente,
sentir-se realizado com o que faz.
A minha experiência como vestibulando não foi muito simples, mas pude
aprender um pouco sobre como decidir. Os “erros” fortaleceram as minhas escolhas
e, talvez, esse é um recado importante: não ter medo de errar possibilita fazer
escolhas com mais tranqüilidade e, assim, aumentamos as chances de acertar.
Recomendo, contudo, que a escolha leve em consideração a qualidade do ensino,
a seriedade e o compromisso da faculdade com a formação superior. Informar-se
sobre como o curso e a faculdade têm sido avaliados pelo MEC, Ministério da
Educação, é um bom caminho. Saber a opinião de quem já estudou e como estão no
mercado de trabalho é uma alternativa. Observar os que já estão formados, as
suas atividades, as suas características e obrigações pode ser útil, pois
podemos nos questionar: será que fazendo o que aquela pessoa faz serei feliz?
Decidir o que prestar no vestibular, portanto, não é simples. Mas também não
é definitivo: Gilberto Gil, por exemplo, é formado em administração, mas nem por
isso deixou de ser um dos melhores cantores brasileiros. Kandinski, o pintor
genial, era economista. Os integrantes do Casseta e Planeta são formados em
arquitetura e engenharia e descobriram ainda durante o período universitário que
poderiam transformar o humor em profissão, pois era o que tinham prazer em
fazer. A vocação profissional, assim, não fica limitada à escolha do curso, por
isso encontramos com freqüência médicos que são administradores, engenheiros
diretores de banco, advogados liderando ONG´s etc.
A informação é o caminho mais seguro para escolher a faculdade, o que prestar
no vestibular e a carreira a seguir. Se acertar, muito bem, se errar, não há
problemas, é possível aprender sempre. O vestibular da vida é construído de
erros e acertos e cada um tem o direito de tentar o que acredita ser o seu rumo.
Agora é com você, pois a resposta sobre o que realmente quer e gosta de fazer
está no seu íntimo; não tenha medo de conhecer-se cada vez mais e encontrar a
sua verdadeira vocação!