Carreira / Emprego - É hora de mudar de empresa ou de profissão?
Quem nunca se pegou pensando: o que estou fazendo aqui? Por que estou neste
emprego? É aí que surge uma grande dúvida, ou pelo menos deveria surgir. O
problema é a empresa em que o profissional está trabalhando atualmente ou a
profissão que escolheu para sua vida?
"A insatisfação acontece quando não há harmonia entre as expectativas da pessoa
e a situação vivida de fato. Ela pode ser tanto com a empresa quanto com a
profissão", explica o consultor sênior do Instituto MVC, Carlos Legal.
Como, afinal, saber se o problema é com a empresa ou com a profissão? Segundo
Legal, a insatisfação com o emprego é causada pela ausência de oportunidades de
crescimento, restrições salariais e de benefícios, por conflitos éticos e pelo
clima organizacional, ao passo que a insatisfação com a profissão envolve a
saturação no mercado de certas áreas de atuação e oportunidades restritas.
"Em ambos os casos, a pessoa quer uma coisa, mas vivencia outra. Isso gera
frustração, que é o catalisador para a mudança", sublinha.
Na opinião do head of customer services da Monster.com, Kleyton Silva, o
insatisfeito com a empresa vive reclamando do salário, tem problemas para seguir
as políticas internas, chega atrasado e falta muito. "Se alguém está
insatisfeito com a profissão, quando o gestor pergunta se gostaria de mudar de
área, por exemplo, migrar do comercial para o marketing, a pessoa aceita na
hora. Agora, se o problema é a empresa, a pessoa fica indecisa", opina ele.
Sinais de que algo está errado
Outro indicador: de acordo com Silva, quando alguém gosta do que faz, acaba se
preocupando menos com o dinheiro e mais com o desenvolvimento na carreira. O
salário acaba sendo um fator crucial para quem não está feliz com o trabalho,
pois os focos acabam sendo as outras esferas de sua vida.
Por fim, se o profissional muda de emprego com freqüência, deve ficar alerta. As
chances são grandes de o problema dele ser a profissão escolhida. "Se alguém
muda de emprego três, quatro vezes, em dois anos, sempre fazendo o mesmo nas
empresas pelas quais passa, deve analisar melhor suas necessidades", diz Silva.
Para saber se você está no lugar certo, ele propõe que avalie se possui as
seguintes competências: conhecimento (aquilo que se aprende na escola e na
faculdade), habilidade (aptidão e talentos) e atitude (o querer fazer).
Explica-se: "um profissional do mercado financeiro pode ter o conhecimento e o
raciocínio lógico (habilidade), mas pode não gostar do estresse da área nem de
trabalhar sob pressão".
"É importante a pessoa refletir e identificar corretamente sua insatisfação.
Pode acontecer da pessoa ficar mudando de emprego quando, na verdade, sua
insatisfação é com suas próprias escolhas, com a área de atuação em si", defende
Legal.
Mudando de profissão
Não há uma receita quando o assunto é mudar de profissão. "Acho que, se as
pessoas se preparassem melhor para escolher a profissão, fazendo pesquisa sobre
a carreira e os locais onde há carência de certas profissões, acertariam mais.
Às vezes, pessoas que escolhem a profissão por glamour, modismo ou pressão da
família, sem ter uma identificação genuína com a profissão, no final, acabam
mudando e o investimento de tempo e dinheiro vai para o ralo", afirma o
consultor do Instituto MVC.
Uma coisa é certa: para mudar de profissão, é necessário ter um plano de ação,
para o qual o profissional deve responder as seguintes perguntas: o que quero
fazer? Qual prazo devo estabelecer para entrar no mercado almejado? Como vou
fazer isso? Devo cursar uma especialização, outra graduação ou um curso de
empreendedorismo, por exemplo? "É preciso estudar as possibilidades e avaliar os
riscos", diz Legal.
Não é necessário dizer que os riscos são maiores quando o profissional tem uma
família para sustentar. É importante, portanto, fazer um planejamento
financeiro. "Jogar tudo para o alto, sem planejamento, pode ser arriscado. A
decisão demanda a antecipação aos riscos". Mas nada é impossível, quando há
determinação.
"Conheço advogados e jornalistas que viraram professores de ioga; um educador
físico que, depois dos 30, foi estudar odontologia; um analista de sistema que
virou massagista. Em qualquer situação deve haver esforço, sacrifícios e muita
força de vontade", finaliza o consultor.
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