Pessoas superdotadas unem grandes características valorizadas no mercado de
trabalho, mas que não são garantias de sucesso na carreira.
Elas têm uma capacidade acima da média, o que significa que se destacam das
demais pessoas da mesma faixa etária em alguma área da inteligência (emocional,
esportiva, intelectual, entre outros). Além disso, possuem alto nível de
criatividade, grande exigência num mercado de trabalho tão competitivo. Por
último, mas não menos importante, elas têm comprometimento exacerbado: se
envolvem muito com a área em que têm destaque.
Senso de humor refinado, preocupação demasiada com o próximo, dentre outras
características positivas também podem ser atribuídas a essas pessoas. "Elas
atuam em qualquer área do mercado de trabalho, são advogados, desenvolvedores de
softwares e etc. Porém, elas não necessariamente trabalham na área que têm
destaque, porque não tiveram oportunidade", afirma a presidente do ConBraSD
(Conselho Brasileiro para a Superdotação), Suzana Graciela Pérez Barrera Pérez.
"O sucesso está ligado a oportunidades e sorte", completa.
Desafios no ambiente de trabalho
Por sua inteligência excepcional, seja em qual área for, essas pessoas podem vir
a ter problemas no ambiente de trabalho, dependendo de como a empresa percebe
esta alta habilidade.
"Conheci um adulto que era superdotado e, para não ser mal visto pelos colegas,
quando a empresa tinha um problema, ele escrevia um bilhete para o chefe com a
solução. O chefe não se sentia mal e ele não ficava indisposto com os colegas.
Muitas pessoas ficam com inveja por não conseguir fazer o que ele (superdotado)
faz", afirma Suzana.
O problema no ambiente de trabalho pode se agravar se o próprio chefe se sente
ameaçado por esta pessoa. "O que eles se queixam é que os chefes não permitem
que eles vão além. O trabalho é muito rotineiro e pode ser desmotivador. Ele
acaba trocando de emprego".
Outro agravante é a personalidade do superdotado, algo que independe de suas
capacidades excepcionais. "Podemos ter um excelente escritor, mas péssimo em
lidar com pessoas". Depende, ainda, da educação que foi dada a esta pessoa.
Suzana explica que existem famílias que colocam para a pessoa que ela não é
melhor porque tem alta habilidade. Outras, por sua vez, valorizam e criam
expectativas sobre o superdotado. Ele, então, se torna perfeccionista e difícil
de lidar.
Mercado de trabalho
De acordo com Suzana, algumas áreas do mercado de trabalho já estão valorizando
os superdotados, mesmo que não percebam isso e embora ainda sejam uma minoria,
como as empresas de tecnologia, que precisam de criatividade para sobreviver.
Existem também iniciativas privadas bastante interessantes que têm como foco o
superdotado. "Um bom exemplo é uma empresa do Rio de Janeiro que está pleiteando
junto ao sindicato auxílio financeiro para funcionário que tem filho com alta
habilidade. Desta forma, o funcionário fica na empresa", afirma a presidente do
conselho.
Como identificá-lo?
Desde a infância, é possível identificar uma pessoa superdotada. "A família
normalmente percebe isso. Se tem inteligência intelectual mais forte, ela tem
interesses diferenciados das outras crianças e aprende a ler e escrever antes do
tempo. Tem facilidade para cantar em outros tons, se for na área da música.
Caminha antes do tempo, se for área corporal".
Para identificar uma pessoa com alta habilidade, a presidente do conselho não
indica apenas o teste para QI (Coeficiente de Inteligência), já que ele só
privilegia a área da inteligência intelectual. "Podemos ter um cientista
brilhante, mas que não vai bem em testes". O conselho faz diversos tipos de
avaliações e, ainda, acompanhamento da pessoa tida como superdotada.