Sentimento que se aprende desde a infância, com o discernimento do certo e do
errado. É a voz da consciência, mas pode ser a chave para a submissão e a falta
de ética no trabalho. A emoção que se descreve é a culpa. De acordo com a
psicoterapeuta Clarice Barbosa, existem diversas maneiras de encará-la no
ambiente corporativo.
"O sentimento de culpa tem o lado positivo, não é só negativo. É ela que faz com
que você reconheça os seus erros", explica. Mas, para que isso aconteça, ela
deve ser usada com uma dosagem certa. Como medir isso?
Faça uma auto-avaliação no trabalho e saiba reconhecer os erros. Identifique
qual é seu grau de autocrítica e de perfeccionismo em relação ao trabalho e
analise se está se auto-censurando demais, se cobrando além do que pode. Caso
contrário, o papel dela em sua vida é realmente o da voz da consciência.
Os extremos
Quem não consegue encontrar o meio termo acaba submetido aos extremos, que são o
de se transformar em refém da culpa ou simplesmente esquecê-la.
No primeiro caso, as pessoas são assim: não se sentem no direito de reivindicar,
de exigir mais, são masoquistas, trabalham mais do que deveriam para justificar
o salário e sempre renunciam. "Esta pessoa é mais fácil de lidar, mas também de
manipular. É mais passiva e não é tão ameaçadora", conclui Clarice.
O outro lado é o profissional que simplesmente não sente culpa, que acaba por
não reconhecer os erros, as atitudes e não percebe quando magoou ou ofendeu
algum membro da equipe. "Ele é mais cruel, não reconhece as falhas e isso é
terrível para um profissional". Acaba, também, colocando um pouco a ética de
lado. "Ele tem um objetivo e vai atrás dele com segurança, mas também não tem
muitos critérios".
Desenvolvimento profissional
Para a psicoterapeuta Maura de Albanesi, a culpa pode estimular o crescimento
profissional. "Sem o sentido de culpa jamais haveria a oportunidade da pessoa
refletir e buscar melhorar. Portante, ciente do que fez, a pessoa dá o primeiro
passo para corrigir o erro e evitar outros", explica.
Ela alerta que a pessoa não deve deixar com que o sentimento fique 'martelando'
na mente. "Embora não pareça, a culpa pode deixar a pessoa vulnerável a outros
pensamentos negativos contra si mesmo. A pessoa deve analisar a oportunidade
para analisar e consertar o erro".