Carreira / Emprego - Universitário: aprenda a dosar ansiedade de ganhar experiência com estágio
Como em tudo na vida, existem dois planos: o ideal e o possível. É importante
que o universitário saiba disso. Que bom seria se os estudantes pudessem
prorrogar sua entrada no mercado de trabalho, aguardando um amadurecimento
necessário, perante a voracidade e as dificuldades do "mundo dos adultos". Mas
quase nunca os jovens podem se dar a esse luxo.
Os motivos podem ser a necessidade de sustentar os estudos ou a própria
imposição do mercado, que cada vez mais crucifica aqueles que acabam a faculdade
com pouca experiência. "O ideal dificilmente acontece", opina o coach Ricardo
Melo.
Tempo de estágio é relativo
Por conta da competição acirrada do mercado de trabalho, que tende a ser mais
intensa em algumas áreas, os jovens estão se mostrando desesperados,
literalmente. Eles querem conhecer o maior número de segmentos e passar por
muitas empresas, enquanto ainda estão na faculdade, em busca da valorizada
experiência e de uma empresa na qual possam ser efetivados.
O coach alerta que, no entanto, é preciso tomar cuidado com o pouco tempo de
permanência em cada estágio. "O jovem que fica três meses em um lugar e dois
meses em outro é considerado instável, alguém que não consegue se estabilizar em
lugar nenhum", garante, mas acrescenta: "agora, se ele percebeu que a empresa
não oferece grandes oportunidades à carreira, aconselho a procurar mesmo outro
estágio."
Quem opta por passar por vários estágios antes de se formar, a fim de viver
experiências e testar o mercado, para depois escolher a área que mais lhe
agrada, pode de fato sair ganhando perante os concorrentes.
"A maioria dos jovens não 'experimenta' as opções que o mercado tem a oferecer
por conta de necessidade financeira. Entretanto, para aqueles que podem fazer
isso, experiências são sempre válidas, apenas tome cuidado com o tempo de
permanência em cada empresa."
Planejar é preciso
Para ser bem-sucedido, o primeiro passo é o planejamento da carreira. "Há o
plano ideal e o possível. Tente se aproximar dos seus sonhos, mas mantenha os
pés no chão. De qualquer maneira, é vital ter um horizonte, mesmo que o plano
mude no meio do caminho", diz Melo.
Por exemplo, o universitário pode planejar passar por quatro experiências
diferentes ao longo do curso. Uma vez decidido isso, ele pode impor um prazo
mínimo de permanência em cada estágio. "Se ele acredita que seis meses é o tempo
necessário para aprender algo de verdade, então deve tentar ficar no mínimo seis
meses em cada empresa, independentemente do que aconteça nesse período."
Veja nas entrelinhas
Por outro lado, se ele não pode se dar ao luxo de viver muitas experiências
antes de se formar, por conta de restrições financeiras, sendo muito mais
importante se estabilizar em alguma organização, é importante observar
atentamente as oportunidades oferecidas pela empresa para a qual está
trabalhando. "É preciso ter critério e saber ler nas entrelinhas", ressalta
Melo.
Uma das formas de medir as oportunidades oferecidas é observar se aquilo que é
prometido pela empresa, durante reuniões ou mesmo na entrevista de emprego, foi
cumprido. Além disso, analise se é tratado com respeito. "É uma equação
complexa", admite o coach.
Isso serve também para os universitários que optam por passar por vários
estágios, uma vez que o último ano da faculdade deve ser reservado para se
estabilizar e procurar uma empresa boa, com pretensão de efetivação após o
término do curso.
Aprenda a se comportar para vender imagem
Os jovens não se comportam de forma adequada no ambiente corporativo, menos por
má vontade e mais por desconhecer suas regras, que, infelizmente, na maioria das
vezes, são rígidas.
Eles usam programas de mensagens instantâneas para falar com amigos, visitam
sites indevidos, usam roupas inadequadas, como jeans rasgados, bermudas e blusas
com decotes grandes, além de falar gírias e pecar no quesito simpatia.
Para não cometer uma gafe, a consultora de etiqueta profissional, Renata Mello,
recomenda ser comprometido com a empresa, não confundir sala de trabalho com
sala de estar, evitar usar seu telefone celular ou o da empresa para ficar
conversando com amigos, tomar cuidado com o uso do e-mail corporativo e de
programas de mensagens instantâneas, além de evitar usar jeans rasgados, roupas
tipo skatistas, decotes profundos e saias ou blusas curtas em um ambiente
corporativo e prestar atenção ao seu tom de voz e aos níveis hierárquicos da
empresa.
Entrevista
Se você é candidato a uma vaga de emprego, na entrevista, lembre-se:
- Demonstre boa vontade, sorria ao interagir com o entrevistado;
- Preste atenção na maneira como você se senta, evitando sentar-se
esparramado, como se estivesse na faculdade ou no cursinho;
- Evite ficar balançando o pé ou a perna, uma vez que o entrevistador pode
entender isso como ansiedade;
- Se ficar esperando em pé, não se encoste nem ponha o pé na parede.
Mantenha a postura ereta e firme;
- Evite se atrasar. Se acontecer, peça desculpas e não fique culpando o
trânsito;
- Não entre na sala de entrevista sem pedir licença;
- Procure informações sobre a empresa, antes da entrevista. Entre na
internet e converse com os amigos. Isso aponta interesse e iniciativa. Mas
jamais demonstre ser o "senhor sabe tudo";
- Procure se vestir de acordo com o perfil da empresa, sem exageros;
- Ouça as perguntas com atenção e procure ser objetivo nas respostas;
- Cuidado com o português. Fale correto, mas não necessariamente usando
palavras difíceis. Elas podem ser uma armadilha;
- Se não entender a pergunta, tire suas dúvidas, para respondê-la
adequadamente;
- Simpatia e descontração podem ajudar a conseguir o emprego. Mas tenha
cuidado com a famosa pose ou tratamento de "brother", tão em voga. Ela é
assustadora para as empresas.
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