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Carreira / Emprego - Mulheres do mercado financeiro: como elas administram o lar e a carreira 

Data: 30/07/2008

 
 

"A presença feminina vem aumentando em todas as áreas, inclusive no mercado financeiro, particularmente nas áreas de compliance, custódia e controladoria", avisa a vice-presidente da Apimec Nacional (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), Maria Cecilia Rossi.

Segundo ela, as mulheres ocupam postos variados, dos níveis iniciais da carreira técnica - analistas juniores e plenos - às altas gerências. "Acho que a menor presença de mulheres nos altos postos diretivos decorre do fato de que elas tendem a distribuir suas fontes de satisfação em várias cestas, seguindo em suas vidas o princípio fundamental das finanças: diversificar para mitigar risco", analisa.

Em outras palavras, essas profissionais não buscam apenas uma carreira bem-sucedida, uma vez que priorizam o equilíbrio, construindo relacionamentos saudáveis com familiares e amigos, fazendo a casa funcionar em harmonia e investindo em si mesma, na própria educação continuada, por exemplo.

"Acho que a mulher tem mais clareza quanto à necessidade de busca por equilíbrio, mas o homem também já está despertando para os ganhos decorrentes dessa opção", opina Cecilia.

Preconceito
Apesar de muito abordada, a questão do preconceito, na avaliação da vice-presidente da Apimec, não reflete a realidade atual. É verdade que as pesquisas mostram que os salários das mulheres ainda são menores, no entanto, é crescente a presença no mercado de trabalho de homens cujas mães têm uma carreira. "Isso vem minando na base o preconceito."

"A mulher está consciente das exigências do mercado e zela pela continuidade de sua carreira. Conheço um grande número de executivas que, mesmo em licença-maternidade, optaram por voltar antes ao trabalho, conectadas à distância ou presentes em período parcial, não por medo de perder o lugar, mas por genuíno interesse no trabalho e pela satisfação que dele extraem", acrescenta.

No que se refere ao salário, a vice-presidente afirma que as mulheres esperam ser reconhecidas, enquanto os homens exigem esse reconhecimento. "Eles são também mais sensíveis a ofertas que envolvam maior remuneração, ainda que o aumento não seja substancial."

"As mulheres valorizam outras questões, além da remuneração, como a reputação e a facilidade logística em relação a sua vida pessoal. Por isso, tendem a ficar mais tempo em uma mesma empresa, ainda que não estejam plenamente satisfeitas com a remuneração", acrescenta. De qualquer maneira, a perspectiva é de redução dessa diferença.

As diferenças
Do ponto de vista de Cecilia, os homens são mais impulsivos e arrojados. "Até por isso, se sobressaem mais - não só para o bem, mas também para o mal. Por exemplo, os recentes grandes escândalos financeiros, por exemplo, envolveram apenas homens. Já as mulheres são mais perfeccionistas, cobram muito de si e dos outros, o que é positivo, pois existe uma tendência de valorização das áreas de middle e compliance, nas quais essas qualidades são muito importantes."

Quanto à liderança, ela acredita que a mulher está mais disposta a ouvir a equipe e a buscar consenso. "Isso pode ser bom ou ruim, dependendo da área e do momento", diz.

Quando questionada sobre como as mulheres conseguem administrar a carreira e a casa, a profissional responde que elas sabem fazer escolhas, aceitando as perdas decorrentes delas. "Acho que ela consegue, porque vai apurando o senso do que é essencial e do que é passível de ser delegado a outros, seja no trabalho, seja na vida pessoal."



 
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