A rotina dos profissionais está cada vez mais corrida, a demanda de tarefas
aumenta sempre, bem como a pressão das empresas. Além disso, há o trânsito, a
violência, a quantidade de informações que chegam para as pessoas, de maneira
rápida demais, devido ao avanço da Internet. Nesse contexto, as férias deixaram
de ser luxo para se tornar necessidade.
"A grande importância das férias é recarregar as baterias. Os profissionais
estão sobrecarregados e, por viverem sob pressão, têm a capacidade criativa e o
ritmo de produção muito reduzidos", analisa a vice-presidente da ABQV
(Associação Brasileira de Qualidade de Vida) e psicóloga, Sâmia Simurro. Graças
ao descanso, o trabalhador volta motivado, com mais energia para realizar as
tarefas diárias.
"As férias contribuem para a recuperação dos tecidos corporais que estavam sendo
prejudicados pelas longas jornadas de trabalho e/ou postura inadequada no
dia-a-dia", explica o fisioterapeuta do trabalho, Rodrigo Azevedo. Como o
trabalhador sai de sua rotina normal, ele deixa de sobrecarregar as estruturas
que normalmente são exigidas na sua atividade profissional, evitando lesões e
doenças.
Seu descanso é merecido
Mas nem todos aproveitam as férias como deveriam. "O que acontece é que o
profissional fica com medo de se afastar da empresa e o chefe perceber que ele é
dispensável. Além disso, não quer ficar alheio aos acontecimentos da empresa.
Com tudo isso, ele escolhe vender suas férias. O pior é que alguns empresários
concordam com essa postura, que prejudica não só o funcionário, mas também a
empresa."
Quem não quer tirar os 30 dias corridos a que tem direito deve tirar ao menos
duas semanas. "Não há nada de errado em quebrar as férias, desde que aproveite
bem esse tempo", explica Sâmia. "O problema surge quando a pessoa tira férias
para fazer um curso ou cuidar de um problema de saúde. Não adiantará nada",
adverte.
Ela diz que é imprescindível sair da rotina corrida do dia-a-dia. Viajar é ótimo
para isso. "O bom das viagens é que o profissional de fato se distancia da
tensão diária", enfatiza. Mas quem não tem dinheiro para viajar também pode
aproveitar fazendo atividades prazerosas, como passear, fazer exercícios, sair
com os amigos ou ver filmes.
"A melhor maneira de aproveitar as férias varia de indivíduo para indivíduo. Tem
gente que gosta de ficar em casa, tem gente que prefere viajar. Ainda tem quem
se dedique a atividades físicas", observa.
Quebre a rotina
"O importante é se desligar, mas com cautela. Isso porque há profissionais
que, quando se desligam completamente [não ligam o computador, não lêem o jornal
nem atendem o celular], ficam ainda mais tensos. Tudo bem continuar lendo o
jornal todo dia, mas não de forma obrigatória. Leia no horário que der, as
seções de que gostar mais. Se gosta de esportes, leia a parte de esportes."
Desligar o celular, aliás, é uma ótima idéia, na avaliação da psicóloga. "Manter
o aparelho desligado e, de vez em quando, pegar as mensagens, é ótimo. Mas tem
gente que não consegue. Nesse caso, não adianta forçar, ser radical."
Quanto aos e-mails, estabeleça um limite. Há pessoas que não conseguem ficar
mais de uma hora sem lê-los. "Crie uma regra, por exemplo, ler os e-mails no
final de semana", aconselha Sâmia. "Quebrar a rotina é importante para conseguir
relaxar."
Mulheres
É de conhecimento geral que as mulheres possuem dois empregos. Além do
oficial, ela precisa cuidar dos filhos e arrumar a casa. Mas a vice-presidente
da ABQV diz que é possível, para elas, aproveitar as férias também.
"Se ficar em casa, é pior. Negocie as atividades de casa com o marido e os
filhos. Converse com eles sobre a importância de ajudar. Também é recomendável
programar uma viagem em família."