A Síndrome de Burnout é muito mais do que um simples estresse. O termo, em
inglês, significa "acabar-se em chamas", explica a médica psiquiatra do
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da
USP, Alexandrina Meleiro. "É um desgaste causado pelo trabalho. Causa profundo
sentimento de exaustão, frustração e raiva", explica.
E essa sensação pessimista, que acarreta a perda de interesse pelas atividades
profissionais, acaba dominando todas as áreas da vida da pessoa, gradativamente.
"Normalmente, acomete pessoas que, no início do trabalho, se entusiasmam
bastante, dão o seu melhor, mas, com o tempo, percebem que seu esforço não é
recompensado. Para as empresas, o Burnout é ótimo, pois significa que o
funcionário se dedicou ao limite", analisa.
Levantamento
"Pesquisas indicam que um terço dos funcionários de uma empresa desenvolve a
síndrome. Entretanto, dependendo do perfil da empresa, o percentual é de 70%",
afirma.
Os dados mostram o quanto a liderança da organização influencia. "Algumas
profissões registram muitos casos do Burnout, como operador de telemarketing,
médico, professor, policial, jornalista e bancário. A saúde dos funcionários
está atrelada ao trabalho conduzido pelos líderes, principalmente na hora de
cobrar resultados".
Os sintomas são gastrite, dor de cabeça, falta de ar, dores nas costas e/ou nas
articulações, cansaço anormal, sonolência diurna, insônia e falta de
concentração no trabalho.
Etapas
De acordo com a psiquiatra, quem desenvolve a síndrome pode passar por cinco
fases. A primeira é marcada por muito entusiasmo, parece que o trabalho preenche
todas as necessidades e desejos da pessoa. A segunda, ao contrário, é de boa
dose de realismo. A essa altura, o profissional já sente o reconhecimento
escasso por parte dos gestores e passa a questionar a própria competência.
A terceira é de estagnação, na qual a pessoa trabalha de forma mecânica. "Ela
pode até continuar eficiente, mas realiza as tarefas sem vontade alguma e, às
vezes, chega muito atrasada, porque não tem vontade de ir ao trabalho." Já a
quarta é de apatia. Trata-se do Burnout propriamente dito. "É um período de
depressão, em que se pensa muito em pedir demissão".
Segundo Alexandrina, apenas 30% das pessoas chegam à quinta fase da síndrome.
Sem mudar de emprego, elas protagonizam um 'ressurgimento', é o fenômeno Fênix.
"O profissional renasce das cinzas, passa a encontrar felicidade em outras
facetas da vida, que não o trabalho, encontra uma forma de se motivar, diminui a
expectativa quanto à profissão e, consequentemente, reduz a frustração".
O que fazer
Quem sofre da síndrome de Burnout deve ser humilde e reconhecer o problema.
Se estiver com depressão, gastrite, falta de ar, vícios ou outro sintoma grave,
o certo é procurar ajuda médica. É provável que tenha que tomar remédios. A
psiquiatra alerta, entretanto, que não pode, em hipótese alguma, se
auto-medicar.
Ela lembra que é possível encontrar outras felicidade em áreas da vida antes
deixadas ao segundo plano por conta do trabalho. Procurar atividades de lazer,
praticar esportes, fazer academia (desde que não faça da academia outra
tortura), sair com os amigos, ficar com a família, participar de ONGs,
dedicar-se a sua religião, fazer acupuntura e ioga são algumas idéias.