Pais, avós e tios parecem estar mais interessados em garantir o futuro das
crianças por meio de aplicações financeiras. Mas isso não é o bastante para que
filhos, netos e sobrinhos tenham uma vida financeira saudável.
Segundo dados da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), o
mercado direcionado para menores fechou agosto com crescimento de 67,69% em
relação ao oitavo mês de 2006.
Levantamento da Brasilprev Seguros e Previdência mostrou que os clientes destes
planos representavam 35% da base total da empresa em 1998 e passaram para 41% em
junho deste ano.
Já a Caixa Vida e Previdência espera que o consumo dos adultos gere um
crescimento de venda de planos para menores no ritmo do mercado de seguros este
ano, que está em torno de 30%, segundo o gerente de marketing da empresa, Fábio
Alcuri.
Poupança
Segundo pesquisa realizada pela Fecomercio-RJ, a porcentagem de famílias que
tinham algum tipo de poupança cresceu entre abril de 2006 e deste ano, de 29,6%
para 35,2%, o que mostra a preocupação delas com o futuro.
E quem pensa que o elas estão mexendo nas economias para pagar os gastos extras
está enganado: 39,1% disseram que não iriam movimentar a poupança.
No início deste mês, o Banco Central divulgou que a captação líquida (diferença
entre os recursos aplicados e os sacados) da caderneta atingiu, em setembro, R$
4,185 bilhões, marcando o melhor desempenho do ano. A aplicação completou uma
seqüência de 13 meses de entrada líquida (depósitos acima do volume de
retiradas).
No Reino Unido, a popularidade da poupança é alta. Pesquisa da CreditExpert.co.uk
mostrou que, para preencher o vazio deixado pela geração de crédito, cujos
recursos estão cada vez mais imobilizados por hipotecas, empréstimos e acordos
sobre créditos, 500 mil avós britânicos, cerca de 31% do total, estão poupando
para garantir o futuro dos netos.
Educação
De acordo com o diretor-gerente da CreditExpert.co.uk, Jim Hodgkins, a ajuda
financeira não basta. "A assistência dos avós pode dar ao neto um empurrão
bem-vindo quando ele chega à vida adulta, mas é importante que o jovem aprenda a
controlar sozinho sua vida financeira e não passe a depender demais de
presentes", afirmou.
O assessor empresarial Assis Ricardo Martinez aconselha uma medida que ele mesmo
tomou para a educação financeira de sua filha. Assim que a garota completou 12
anos, ganhou um cartão de crédito do pai com a seguinte promessa: sempre que
gastasse abaixo do limite mensal, o dinheiro restante seria revertido para
investimentos.
"Hoje ela tem 16 anos e não gasta 40% do limite. Apliquei essa sobra em dois
tipos de fundos: renda fixa e multimercados", afirmou. Como as sobras mensais
não somam valores muito altos, Martinez junta o "crédito" em porções para a
compra de cotas.
Por ter acesso à fatura do cartão, é possível saber quando os gastos extrapolam.
"Assim criou-se uma consciência financeira. Se não usar bem, recebe orientação e
a resposta é extremamente positiva", finalizou.