Planejamento estratégico pessoal é o processo de construir o seu futuro. E tal
como nas corporações, a primeira etapa consiste na definição de três aspectos
essenciais: missão, valores e visão.
1. Missão
A missão é a sua razão de existir. Entendê-la habita antigas questões
filosóficas como: “De onde viemos?” e “Para onde vamos?”.
Descobrir sua missão é fruto das perguntas que você se fizer. Algumas sugestões:
a) O que está incompleto em sua vida?
Procure entender o que falta para sentir-se realizado em termos profissionais e
pessoais.
b) O que gostaria de aprender?
A resposta indicará suas paixões e poderá revelar talentos latentes que tenha
negligenciado no decorrer dos anos, seja pela rotina imposta pelo cotidiano,
seja pelo medo auto-imposto.
c) O que faria se ganhasse um grande prêmio numa loteria?
O propósito é observar se há planos que você tem adiado indefinidamente sob a
alegação de falta de recursos. É possível que sua missão esteja mergulhada neste
pântano sombrio desenhado em sua mente e que a realização deste sonho seja
exeqüível mesmo diante da ausência de dinheiro.
d) O que faria se tivesse somente seis meses de vida?
É uma questão lúgubre, sei disso. Mas ela se faz necessária para que você avalie
suas reais prioridades e reflita sobre como tem gerenciado seu recurso mais
significativo e perene: seu tempo.
e) Imagine-se em seu enterro...
A exemplo da pergunta anterior, este é um exercício revelador. A proposta é que
você se imagine nesta situação e procure identificar três pessoas de seu
relacionamento: um familiar, um amigo e um colega de trabalho. Ouça o que estão
dizendo sobre você e quais os sentimentos que delas afloram. Talvez perceba como
as tem tratado e quanto de amizade, carinho e amor tem oferecido àqueles que lhe
são importantes.
Após todos estes questionamentos, analise suas respostas. Elas indicarão seu
legado, ou seja, a contribuição que deixará para o mundo e através da qual
poderá eternizar seu nome e seus feitos.
2. Valores
Os valores são os princípios que guiam as decisões e balizam o comportamento no
cumprimento da missão.
Desde muito cedo, por influência de nossos pais e familiares, estabelecemos um
conjunto de valores. Mas as pessoas, o ambiente, as crenças e as circunstâncias
agem no sentido de modificá-los. Um bom exemplo desta mutabilidade dos valores é
o estatuto da pena de morte. Você pode ser absolutamente contrário à aplicação
da sentença capital. Porém, se um ente querido for vitimado por um ato de
violência extrema, é possível que você passe a tolerá-la em condições
excepcionais.
Para encontrar seus valores:
a) Identifique os princípios que governam sua vida.
É uma tarefa demorada e que ordena alta concentração e reflexão. Verifique os
valores mais recorrentes em seus pensamentos e ações. Podem ser a integridade e
a justiça, indicando um perfil voltado à conduta social; ou a humildade e a
generosidade, sinalizando para foco em serviços ao próximo; ou a autonomia e a
autoconfiança, apontando para o egocentrismo. Pode ser um conjunto de todos
eles. Não importa. O fundamental é que os aspectos selecionados representem o
que você de fato é, e não o que gostaria que as pessoas pensassem a seu
respeito. Assim, escolha valores inerentes ao seu caráter e não à sua reputação.
b) Coloque-os em ordem de prioridade.
Após selecionar entre cinco e sete valores, procure ordená-los de acordo com o
grau de importância relativa. É um momento decisivo, pois exigirá que você faça
escolhas. Neste momento ficará evidenciado se os valores preponderantes são
materiais ou emocionais, individuais ou coletivos.
c) Escreva um parágrafo para cada um dos valores escolhidos.
É o momento de unir razão e emoção, cabeça e coração. Coloque no papel o porquê
de suas escolhas, leia com atenção e reflita.
Ao final você terá escrito o que denomino “Constituição Pessoal”. É sua carta de
valores, pessoal e intransferível. Carregue consigo esta pequena lista, leia-a
regularmente e tome suas decisões com base nela. Uma atitude em desacordo com
seus valores deverá causar desconforto, incômodo até, ensejando uma mudança
atitudinal ou uma revisão dos valores selecionados.
3. Visão
A visão é a explicitação do que você espera e acredita para o seu futuro. É uma
imagem mental poderosa que tem a propriedade de materializar sonhos.
Para construir uma visão de futuro:
a) Imagine-se daqui a alguns anos.
Onde você estará em um, cinco, dez e 25 anos? O que estará fazendo? Quais terão
sido suas realizações? Quem terá conhecido? O que terá aprendido?
b) Adote um “diário do futuro”.
Há quem ainda escreva diários, um registro pessoal e muitas vezes secreto de
comportamentos, pensamentos e ações. Modernamente os diários ganharam o mundo
virtual através dos blogs. Em qualquer dos casos, faça seus relatos não sobre o
passado, mas sobre o futuro que imaginou conforme sugestão anterior. Seja
detalhista, entusiasmado e profético ao discorrer suas palavras.
c) Projete o filme da sua vida.
Reúna suas experiências passadas e sua visão de futuro, ambas ilustradas pelos
seus diários do passado e do futuro, para imaginar o filme de sua vida, uma
película extraordinária onde você figura como diretor e protagonista de sua
própria história.
Ao vislumbrar seu futuro, lembre-se de desenhá-lo com cores alegres, vibrantes e
positivas. O que hoje se conceitua como “leis da atração” nada mais é do que uma
imagem mental positiva amparada por ação concreta em direção da realização e da
conquista do sucesso.