Filhos - Ser é ter? Identifique quais conceitos têm impressionado o seu filho no dia-a-dia
Você faz o maior discurso no fim de semana com seu filho, dizendo que o
importante não é o que vocês têm, mas sim o que são. Usa alguns exemplos e ele
parece ter entendido bem a lição. Aí, na segunda-feira, o melhor amigo dele
literalmente mobiliza a escola, ao mostrar seu mais novo presente: o mais
recente e tão cobiçado lançamento de um game de bolso.
Naquele momento, seu filho viu que ser "bacana" com os amigos não surte tanto
efeito no quesito "impressionar". Quando ele lhe conta a história, você logo
pensa: "meu discurso fracassou".
Mais do que educação... Formação
Não há como desprezar a impressão que o "ter algo" causa em um grupo, sobretudo
em se tratando de crianças e adolescentes. Seu filho viverá muitas cenas
parecidas com esta. Afinal, o consumismo está aí para todo mundo ver!
Cabe a você transmitir o que realmente importa: nem tudo é o que parece,
principalmente quando se fala em dinheiro. Imaginando ainda a tal cena
vivenciada na escola, por exemplo, mostre a ele algumas hipóteses:
• o pai do menino pode ter se endividado em incontáveis prestações, só para não
dizer não ao filho. Talvez nem mesmo consiga pagar pelo objeto que hoje
impressiona tanto... • o amigo pediu o game emprestado ao primo e disse que era seu, só para
impressionar!
Já tendo introduzido o assunto, continue: será que seu amigo realmente possui
algo que importa? Daqui a alguns dias, possivelmente outros comprarão o tal
game. Sua novidade passará, assim como o tremendo interesse de todos pela sua
companhia.
Exemplo vem de casa Uma dica importante: falar sem praticar se torna um perigo na educação
financeira do seu filho. Isso significa que, se você é o primeiro a enaltecer a
posição social de alguém ou mesmo exibir a sua, a situação se complica.
Um exemplo? Se você teima em comprar a calça da moda por R$ 500, mesmo estando
com o orçamento apertado e sabendo que poderia adquirir uma por menos de um
quinto do preço com a mesma qualidade, cuidado! Ficará difícil querer que seu
filho pense da forma correta.
E outro ponto: é preciso aprender a dizer não para o seu filho. Se você não
resiste a uma cara feia e já vai logo comprando o que ele quer, cuidado! Pode
ficar complicado reverter o problema no futuro.
E por que não? Não deu para comprar o tênis de marca? Diga não sem medo ou pena, simplesmente
explicando os motivos. Você não precisa lamentar todas as contas que deve pagar
no mês, mas argumentar que este não é o melhor momento, que passa por uma
dificuldade e que ele pode, sim, apoiá-lo, para reverter a situação.
Pode ainda estabelecer regras e ensinar-lhe a enxergar prioridades. Para que
comprar um outro tênis agora, já que tem a sapateira lotada? Não seria melhor
economizar para viajar em um fim de semana, ou planejar sua festa de
aniversário? Estabeleça metas e convide-o a participar.
Para a vida toda
Criar seu filho dentro da realidade financeira da família não é nenhum drama.
Não há qualquer sofrimento nisso, já que a intenção é exatamente destacar
valores, princípios que devem ser transmitidos desde muito cedo e que realmente
importam.
Muito mais do que ensinar seu filho a lidar com o orçamento e a expandir seu
patrimônio de forma segura e independente no futuro, a educação financeira tem
como base a construção de conceitos úteis hoje, amanhã e sempre.
Certamente ele saberá usar muito melhor o dinheiro, e poderá fazê-lo se
multiplicar, se conseguir enxergá-lo como um meio, e não um objetivo de vida.
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