Pode ser um camelô, um webdesigner, uma manicure ou uma professora particular
de línguas. Boa parte dos trabalhadores com esses perfis estão na chamada
economia informal. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), eram 10,3 milhões de empresas informais urbanas em 2003,
movimentando R$ 17 bilhões. O número representa mais da metade das micro
empresas do País.
Para o IBGE, empresa informal é aquela que não tem contas claramente
separadas das contas da família, mesmo que tenha Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica (CNPJ). Autônomos estão nessa categoria, mas quem trabalha sem carteira
assinada para uma empresa formal não entra nessa estatística.
Conheça um pouco mais desse universo.
A cara da informalidade
Crédito: HowStuffWorks/Agência Brasil |
A única vantagem da economia informal para o trabalhador é que ele não
paga impostos. Pelo menos, aqueles impostos destinados às empresas como o
Super Simples. Do outro lado, não ser formal acaba atrapalhando outras
coisas na vida desse trabalhador. Fica mais difícil, por exemplo, alugar um
imóvel ou conseguir um empréstimo, além de estar vulnerável à fiscalização e
autuação dos vários órgãos regulatórios. Quem mora nas grandes cidades
brasileiras já deve ter presenciado o corre-corre dos ambulantes quando o
"rapa" (fiscais) aparece.
O combate à informalidade é uma bandeira do governo, afinal, com ela, a
arrecadação diminui. A Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas, promulgada
em dezembro de 2006, é mais uma tentativa do governo de reverter esse
problema. O objetivo do governo com a nova lei é conseguir tirar cerca de 1
milhão de empresas da informalidade, ou seja, 10% do total dos informais.
Crédito: HowStuffWorks/Agência Brasil |
Há quem não se interesse em sair da informalidade. É o caso de pessoas
que, por exemplo, vendem produtos piratas. Mas a maioria parece não gostar
de estar nesta situação. Entre os homens, 31% estavam no mercado informal em
2003 porque não conseguiram um emprego. Aliás, os homens são os responsáveis
por 66% dessas empresas. Já 32% das mulheres estavam na informalidade para
poder aumentar a renda familiar, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). A defasagem educacional dessas pessoas é uma das
razões para estarem nesta situação. Apenas 2% dos donos de empresas
informais tinham nível superior em 2003. Esse dado, com certeza, é um dos
motivos para 53% dos empreendimentos não fazerem nenhum tipo de registro
contábil. Aliás, nem todas as empresas conseguem lucrar, ou seja, receber
algum valor a mais que as despesas. Em 2003, 73% tinham registro de algum
lucro. O lucro médio dessas empresas era de R$ 911.
Essa falta de limite entre o empresarial e o familiar, característica
básica das empresas informais, também é clara na estrutura física da
empresa. Mais de 30% das empresas funcionam dentro da própria casa.
Essas empresas informais são individuais, já que 95% não tinham sócios em
2003. Da mesma forma, a maioria não tem empregados, conforme o gráfico.
Detalhe, os empregados não-remunerados são, por exemplo, filhos que
ajudam os pais no comércio. Formalizar essas empresas é um desafio que pode
beneficiar não só o governo, mas os próprios micro empresários.