Investimentos / Fundos - RF: Risco do investimento em renda fixa aumenta com o prazo de aplicação
Embora apresente, em geral, risco
inferior ao investimento em renda variável, a aplicação em renda fixa também
apresenta diversos riscos, de forma que o investidor deve estar atento antes de
tomar sua decisão. E um dos elementos que pode fazer a diferença é o prazo de um
título de renda fixa.
De forma geral, títulos de longo prazo, mantidas as demais variáveis constantes,
apresentam risco maior do que papéis de prazo mais curto. Além de maiores
incertezas em relação ao perfil de crédito do emissor no futuro, papéis de longo
prazo também reagem de forma mais intensa às alterações nas taxas de juros.
Sensibilidade varia
Como existe uma relação inversa entre preço do título e a taxa de juro do
mercado, vale a pena entender como o efeito de uma mudança nos juros afeta
títulos de prazos diferentes. Os títulos de longo prazo, por reagirem de forma
mais intensa, acabam apresentando maior volatilidade, representando um risco
maior ao aplicador.
Vamos imaginar um título de um ano, com cupom de 10%, que negocia no mercado a
100% do valor de face e que terá resgate também a 100% do valor de face no
vencimento. Nestas condições, o título apresenta uma rentabilidade de 10%.
Impacto em um título de 1 ano de prazo
Por um fator político, vamos imaginar agora que o mercado passa a requerer uma
taxa de 11% - não mais 10% - para o prazo de um ano. Afinal de contas, como o
risco aumentou, os investidores passam a exigir um retorno mais alto.
Como a taxa de juro de mercado subiu, o preço do título no mercado secundário
deve cair, no caso para cerca de 99% do valor de face, já que o retorno de 11%
somente pode ser obtido por uma alteração no preço.
Agora, um investidor poderá comprar o título a 99% e obter um retorno de 11%
através de um cupom de 10% e um ganho de capital (referente à diferença entre
preço no vencimento e preço pago) equivalente a 1%.
Título mais longos reagem de forma mais intensa
O que ocorre, porém, se o título tivesse seu vencimento dentro de dez anos? Da
mesma forma que no título de um ano, o preço do papel tem que cair, porém a
intensidade da queda é muito maior. Será necessário um ganho muito maior de
capital para compensar o fato de que o cupom seguirá fixo em 10% por um período
de 10 anos.
Neste caso, o preço do título cairá para cerca de 94% do valor de face, ou seja,
o potencial de perda do investidor que necessite vender o título é muito
superior àquele que seria registrado se o papel tivesse vencimento de um ano.
Este valor pode ser obtido facilmente em qualquer calculadora financeira,
através do desconto a valor presente do fluxo de caixa do título.
Caso o título fosse ainda mais longo, 30 anos, por exemplo, o impacto seria
ainda mais significativo. Neste caso, um aumento de 1 ponto percentual na
rentabilidade do título traria um efeito de quase 9% no preço do título, que
cairia para cerca de 91%.
Olho no prazo
A diferença significativa que uma alteração na taxa de juro do mercado pode
trazer sobre um título pré-fixado de renda fixa, portanto, deve ser um fator
importante a ser analisado quando da escolha da melhor alternativa dentro do
mercado de renda fixa. Investidores conservadores, de forma geral, devem evitar
papéis pré-fixados de longo prazo.
Neste caso, a melhor alternativa seria pelo investimento em papéis de prazo mais
curto ou mesmo títulos pós-fixados, que apresentam uma sensibilidade muito menor
às possíveis variações na taxa de juro.
Vale sempre lembrar, que, da mesma forma que os preços reagem negativamente às
taxas maiores, eles também sobem quando os juros caem. Portanto, em situações de
perspectiva de juros em queda, investidores mais agressivos podem adotar uma
estratégia que considere uma parcela maior em títulos de prazo mais longo.
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