Investimentos / Fundos - Poupar, por que é tão difícil ?
Para muitos, poupar é tão difícil quanto começar uma dieta, parar de fumar ou
praticar exercícios freqüentes. O mais interessante é que esta dificuldade
muitas vezes independe do salário recebido, ou seja, os gastos aumentam na mesma
proporção em que as pessoas recebem aumentos salariais.
Para entender este fenômeno é preciso analisar, com cuidado, por que é tão
difícil poupar.
Poupar significa adiar um sonho de consumo
O que é melhor: comprar hoje aquele celular que você tanto quer, ou guardar o
dinheiro para juntar um pé de meia? Mesmo diante das incertezas atuais, a grande
maioria prefere a satisfação de um sonho realizado à segurança de um futuro mais
tranqüilo. A razão para isso é muito simples, em uma sociedade de consumo como a
nossa aquilo que era supérfluo há poucos anos atrás, hoje é visto como
essencial.
Vamos seguir com o exemplo do celular, já que ele não só passou a ser um bem
essencial, como também é importante manter-se atualizado quanto aos modelos. Não
basta mais ter um celular, é preciso ter o melhor, o mais equipado, o mais
moderno. Neste sentido, gastar R$ 200 por mês com chamadas no celular passou a
ser algo trivial, mesmo para as pessoas de menor poder aquisitivo.
Se considerarmos que poupar significa gastar menos do que seu salário permite e
exige sacrifícios e esforços, não é difícil entender porque poucas pessoas estão
dispostas a isso.
Por que é tão fácil ficar endividado?
Ainda mais preocupante que a dificuldade que as pessoas têm em poupar é a
facilidade que têm em se endividar. Antes do Plano Real, era praticamente
impossível obter um financiamento, pois os próprios bancos concentravam-se nos
financiamentos de empresas, ignorando quase que por completo o financiamento ao
consumo. Desde então muito mudou e o acesso ao crédito ficou mais fácil, como se
verifica no forte crescimento do volume de crédito ao consumo concedido.
Diante desta situação, aqueles que há muito tempo tentavam realizar um sonho de
consumo, não pensaram duas vezes ao comprometer uma grande parcela de seu
orçamento com financiamento de bens que até pouco tempo não eram tão essenciais.
Este é o caso, por exemplo, do aparelho de microondas, da máquina de secar
roupa, do freezer, do segundo aparelho de TV, etc.
O que estas pessoas se esqueceram é que ao deixarem de poupar e comprometerem
boa parte do orçamento com dívidas, elas não se prepararam para uma
eventualidade, como perder o emprego, necessidade de internação, reformas na
casa, etc. Desta forma, não é preciso mais do que poucos meses para uma pessoa
que gozava de um padrão relativamente bom se ver diante de uma dívida crescente.
Lembre-se: querer nem sempre é poder!
A grande dificuldade de poupar, em uma sociedade de consumo como a nossa, é que
muitas vezes aquilo que desejamos comprar passa a ser uma necessidade, algo com
o qual não podemos viver sem. Desta forma, não importa se temos dinheiro
suficiente para comprar um carro novo, nossa vida deixa de ser possível sem ele.
Começamos a imaginar inúmeros problemas que enfrentamos por não ter o carro
novo, de forma que fica cada vez mais difícil ceder a tentação de entrar num
financiamento.
Ter dinheiro suficiente para pagar as prestações do financiamento do seu carro
não basta. É preciso poder arcar também com o seguro, o IPVA, a manutenção, etc.
Este é o erro mais comum entre as pessoas que cedem à tentação do financiamento,
pois concentram sua atenção no valor da prestação e esquecem de incluir todos os
outros gastos necessários para a manutenção do bem.
Quando poupar é a melhor opção
Ao contrário do que muita gente pensa, sempre que você quiser comprar algo para
o qual não tem dinheiro suficiente, o melhor não é entrar em longos
financiamentos, mas sim poupar. Por que será que as pessoas têm tanta
dificuldade em guardar dinheiro, mas não pensam duas vezes ao comprometer 40-50%
do seu salário com prestações eternas para a compra de um carro, de uma
televisão, ou até mesmo de um celular?
Com os juros nos níveis atuais, a verdade é que não vale a pena financiar, pois
ao quitar sua dívida você provavelmente pagou pelo menos duas ou mais vezes do
que gastaria no pagamento à vista. De acordo com a Anefac, a taxa de juro média
cobrada em um financiamento, com prazo superior a 18 meses, é de 7,38% ao mês.
Neste caso em um ano você pagará, só em juros, o equivalente a quase um bem e
meio. Assim, o melhor certamente é poupar o dinheiro da prestação, atrasar a
compra por alguns meses e obter um desconto na compra à vista.
Como começar a poupar
Assim como não há dietas milagrosas que não envolvam sacrifícios, não existe uma
regra de ouro para se começar a poupar que não leve a um aperto de cinto.
Analise com cuidado seu orçamento, de forma a identificar áreas onde possa
cortar gastos, não se esqueça que é preciso força de vontade para abrir mão de
alguns gastos.
Assim como na dieta, começar a poupar exige uma mudança de atitude, é preciso
perseverança. Mas pense no resultado. Lembre-se que poupar é o primeiro passo
para uma estratégia de investimento bem-sucedida!
Referência:
Guia-me
|
Autor:
Infomoney
|
|