Os psicólogos parecem concordar que, quanto antes uma criança
tiver contato com dinheiro, melhor será a sua relação com ele no futuro. Neste
sentido, receber mesada é visto como algo saudável na sua educação financeira,
já que ela é forçada a tomar decisões quanto ao uso do seu dinheiro.
Trata-se de uma experiência positiva não apenas para a criança, mas para a
família. Do ponto de vista dos pais, além de entenderem melhor os hábitos de
consumo e a capacidade de tomada de decisão dos seus filhos, eles conseguem
melhorar a sua própria relação pessoal com o dinheiro.
Afinal, este é o principal objetivo da educação financeira: melhorar a forma
como uma pessoa se relaciona com o dinheiro, ajudando-a a tomar decisões mais
inteligentes para o seu uso.
Quando começar?
Em geral, recomenda-se que todas as crianças com mais de sete anos recebam algum
tipo de semanada, ou mesada. Mas este é um processo que deve ser conduzido de
uma forma natural. Cada criança tem seu ritmo e é preciso respeitá-lo, para não
causar traumas. Afinal, ninguém conhece melhor o seu filho do que você.
Não associe o pagamento da mesada às atividades pelas quais o seu filho é
responsável em casa. Ele deve realizar estas tarefas porque isso faz parte das
responsabilidades da família e, portanto, ele deve contribuir.
À medida que a criança cresce e se transforma em adolescente, aí sim você pode
considerar a remuneração de algumas tarefas específicas pelas quais já contrata
alguma pessoa para fazer. Neste caso, o pagamento pela tarefa simplesmente
evidencia a relação entre dinheiro e trabalho.
Oriente, mas deixe a criança decidir!
Não basta entregar o dinheiro e ponto final. É preciso orientar a criança. Para
as mais jovens, convém que os pais ajudem nas contas, de forma que ela consiga
ter uma idéia mais clara de quanto pode gastar por dia. Além disso, vale a pena
introduzir o hábito de pesquisar preços, o que acaba ajudando na definição do
conceito de caro e barato. Neste sentido, os sites de venda on-line podem
facilitar a tarefa.
Estabeleça regras claras sobre quais os gastos que você continuará arcando, e
quais ele deve assumir com o dinheiro que recebe. Ainda que seja sua obrigação
orientar o seu filho sobre o uso correto de dinheiro e ajudá-lo na avaliação das
oportunidades existentes, você deve deixá-lo tomar a decisão final sobre o que
fazer com o valor da mesada.
Incentive o hábito de poupar
Estimule a criança a poupar parte da sua mesada. Para tanto, comece introduzindo
a noção de objetivos de curto e longo prazo. Esta tarefa pode ser mais divertida
se vocês trabalharem juntos: pegue duas folhas de papel e peça para o seu filho
desenhar em cada uma delas o seu objetivo de curto prazo e o de longo prazo. Use
estes desenhos para encapar duas latas de refrigerante. Com isso, tem dois
cofres: para o curto e o longo prazo.
Ajude-o a calcular o quanto será preciso poupar para alcançar os dois objetivos.
Se você perceber que o seu filho tem dificuldade em poupar parte da mesada,
incentive-o a, ao menos, evitar gastar tudo por alguns dias. Você também pode
incentivá-lo colocando outro R$ 1,00 no cofrinho de longo prazo, para cada R$
1,00 poupado. Alternativamente, você pode colocar este dinheiro em uma caderneta
de poupança, contudo, entre os mais jovens, em geral ver o dinheiro crescendo no
cofre tem um efeito mais significativo.
Nada de adiantamentos
Se a criança gastar todo o dinheiro antes do final da semana (ou mês) e pedir
para que você dê mais, seja firme e diga não! Lembre-se que você não está
negando nada de essencial para o seu filho, mas apenas ensinando-o a planejar os
seus gastos. Se você abrir uma exceção, acaba passando a mensagem errada para a
criança: de que ela pode gastar, que sempre haverá mais!
Não importa qual seja o seu padrão de renda, esta não é uma mensagem positiva a
se passar. Aprender a controlar gastos é bastante saudável! Quanto antes seu
filho entender este conceito, menores serão suas dificuldades para lidar com
dinheiro quando for adulto. Aproveite a situação para explicar à criança que as
suas decisões têm conseqüências, e que, por isso mesmo, devem ser tomadas com
cuidado. Lembre-a do que aconteceu no próximo pagamento.
A maioria dos especialistas em psicologia financeira já atribui boa parte das
características financeiras de uma pessoa à sua educação familiar. Controlar os
gastos e planejar a vida financeira é assunto para se aprender com os pais, em
casa. Em geral, os filhos de casais com uma situação financeira saudável são
mais responsáveis com o talão de cheques, e buscam a orientação de especialistas
na hora de aplicar suas economias.