Dívidas / Endividado ? - Antes de situação apertar, brasileiros não dão importância ao orçamento
De acordo com especialistas, apesar de viverem o dia-a-dia em meio a despesas
e receitas, os brasileiros ainda não dão a real importância que deveriam ao
orçamento familiar.
Apenas uma minoria das pessoas pensa em meios de controlar o orçamento e, mesmo
assim, só quando a situação já se tornou insustentável buscam alternativas para
saírem do vermelho.
Pessoas não sabem o que são finanças pessoais
De acordo com o diretor-executivo do Comitê de Finanças Pessoais da Anefac
(Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade),
Louis Frankenberg, a maioria das pessoas não sabe o que são finanças pessoais.
"E, por isso, deveriam se tornar matéria obrigatória nas escolas e associações.
Também deveriam ser mais difundidas por organismos do Governo".
A idéia de que poucas pessoas sabem o que são finanças também é compartilhada
pelo professor PhD da Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP),
Marcos Crivelaro. "O significado do título elas não sabem, apenas as pessoas que
têm o 3º grau".
Segundo o dicionário, finanças pessoais é a gestão do dinheiro das pessoas.
Quando buscam entendê-la, as pessoas querem aprender a administrar o próprio
dinheiro.
Famílias não dão importância ao orçamento
Além de não saberem o significado de finanças pessoais, os especialistas ainda
admitem que as famílias não dão importância ao orçamento. "A meu ver, uma
absoluta minoria dá importância ao orçamento. O tema é realçado e discutido com
maior profundidade quando ocorrem graves distúrbios de endividamento e
inadimplência", disse Frankenberg.
Já Crivelaro assume que os brasileiros não dão importância. "Aquilo que aparece
nas novelas, das pessoas discutindo o orçamento em casa é folclórico, não
acontece. Muitas vezes, na casa, cada um recebe seu salário e paga a sua conta.
Quem ganha mais, paga mais".
O professor ainda admite que a pessoa só começa a dar valor ao orçamento quando
leva um susto. "Se ela entra e sai sempre do vermelho, acha sempre que dará um
jeito. Quando leva um baque, aí ela pega um trauma".
Fase crítica
Ainda segundo Crivelaro, existe em toda a família uma fase crítica para o
orçamento domiciliar: na adolescência dos filhos, quando começam a entrar gastos
com passeios, baladas, telefonemas e a faculdade.
"É a fase mais crítica da família. Depois que o filho sai de casa é um alívio.
Ou piora, se o filho era quem tinha o maior salário".
Situação do país
Mas a macroeconomia também tem impacto no orçamento familiar. Segundo
Frankenberg, o problema não é somente dos inadimplentes em si, mas de toda uma
situação do País, em que custos aumentam mais que o rendimento mensal das
pessoas. "Então, essas pessoas recorrem aos instrumentos de crédito existentes,
não pensando que estão cavando um buraco cada vez maior e conseqüentemente
impagável".
Quando sentem que a situação realmente apertou, elas buscam formas de melhorar a
situação financeira, por meio de pedidos de ajudas aos parentes, cartão de
crédito, cheque especial, empréstimo consignado e outros.
Uma alternativa, de acordo com Crivelaro, é a procura por um emprego. "Por R$
100, R$ 200, por estar mais próximo de casa, receber vale-refeição, as pessoas
mudam de emprego sem medo de dar certo ou não".
Além disso, Crivelaro ainda admite que as pessoas buscam trabalhos extras para
incrementar a renda, como participar de eventos, já que o pagamento de
hora-extra não é mais utilizado.
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