Carro / Veículo - Seu carro perde valor, mas o seguro sobe. Como explicar?
Quem tem carro sabe que o tempo só serve para uma coisa, para
fazer com que o preço de mercado do veículo baixe, e o custo de manutenção
aumente. Afinal, os consertos se tornam mais freqüentes, e maiores, o que acaba
pesando no seu orçamento.
Entender o aumento nos gastos de manutenção parece fácil, mas o mesmo não se
aplica ao aumento dos gastos com o seguro do carro. Como explicar que um carro
que perde valor a cada ano, sofre aumento no seguro? Afinal, o seguro não serve
para repor o carro em caso de perda total ou roubo?
Reposição cai, mas reparação fica mais cara
Ainda que o raciocínio acima pareça bastante lógico ele é falho, pois considera
que o seguro serve apenas para a reposição do veículo, cujo custo evidentemente
cai com o passar do tempo.
É preciso lembrar que na maioria dos casos o seguro tem como objetivo o conserto
do veículo que foi alvo de acidente, e é aí que reside parte do problema. A
reparação do veículo exige o uso de peças novas, cujos preços sobem muito mais
do que o preço do próprio veículo zero km.
Em 2004, o Ministério Público entrou com ação contra algumas das maiores
montadoras do país, alegando abuso na determinação dos preços das peças avulsas.
O pedido teria se baseado em estudo que constatou que montar um carro novo
comprando peça por peça custa oito vezes mais do que comprar um veículo zero km.
Vale ressaltar que a diferença reflete apenas o alto custo das peças novas, já
que não foram embutidos no cálculo os gastos com mão de obra, funilaria e
pintura na montagem.
Por que as peças são caras?
Aqui é importante lembrar que parte do custo das peças se deve ao fato de que as
mesmas acabam oneradas pelo imposto em cascata que incide na sua cadeia
produtiva que vai do fabricante para a montadora e daí para a concessionária e
somente então para o consumidor final.
O alto custo das peças acaba alimentando a indústria do crime, já que o roubo de
veículos, sobretudo os usados, para desmonte cresce. E é exatamente este ciclo
que explica o porquê do aumento do custo dos seguros de carros usados. Não
bastasse o elevado custo de reparação, que decorre do alto custo das peças
novas, o aumento dos furtos para desmonte acaba implicando em maior risco para a
seguradora.
Furtos encarecem seguro
Risco este que pode ser constatado na taxa de sinistralidade dos seguros de
autos, que em janeiro era de 64%. Traduzindo, para cada R$ 1,00 em vendas de
seguros as seguradoras gastam em média R$ 0,64 com o pagamento de indenizações.
Quanto maior a incidência de furtos e roubos, maior esta taxa, e maior,
portanto, o custo do seguro.
Diante deste contexto, muitos motoristas optam por não segurar seus veículos
usados com mais de cinco anos. Porém, na prática, o que ocorre é que quando
precisa reparar o veículo, não têm como arcar com o alto custo das peças novas e
o carro acaba sendo abandonado.
A economia que faz em não contratar seguro acaba lhe custando mais caro, pois
não tendo dinheiro para pagar pelas peças, o motorista efetivamente enfrenta uma
situação equivalente à de perda total. Para piorar a situação muitas vezes o
carro é financiado, de forma que nem mesmo é possível vender o veículo, pois a
posse não lhe pertence. Frente a esta situação ocorrem muitas transferências
irregulares de veículos, o que só contribui para piorar a situação deste
segmento de mercado
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