Após alguns escândalos de fraudes, aquisições por deficiência de capital e
intervenções em algumas instituições financeiras, envolvimento de bancos e
empresas com políticos, denúncias de desvio de dinheiro, pagamento de propinas,
transações não autorizadas, entre outras informações, me pergunto: é ausência de
controles, auditorias, índole, ética?
Tais informações que a mídia nos traz todos os dias, em certos momentos,
deixam-me cada vez mais descrente de vários políticos e gestores de empresas;
podemos citar os casos do Banco Santos, Banco Morada, Banco Schahin, Société
Générale, Madoff, Banco PanAmericano, UBS, entre outros. Até quando seremos
reféns de profissionais sem o mínimo de conduta e ética?
Geralmente todos os profissionais de Compliance têm o termo de conduta e
ética como o principal normativo interno a ser implementado, mas por que é tão
difícil de praticar? Será ganância de mais? Falta de educação familiar? Ainda me
lembro de meu pai dizendo: "filho seu nome é seu maior legado" ou "filho, nunca
pegue nada dos outros, conquiste para ser seu", sábias palavras, mas não é isso
que vemos hoje em dia.
E os órgãos reguladores que sempre intensificam sua fiscalização quando
ocorrem problemas com os bancos, das quais citamos a descoberta do rombo no
PanAmericano no ano passado, e agora o Banco Central passou a olhar nos detalhes
cada contrato de operação de crédito e a cessão destes créditos.
Não podemos deixar de citar os casos do Banco Morada e a financeira Oboé que
sofreram intervenções do BC. E por exemplo outras instituições, para que
pudessem continuar a operar, tiveram de mudar de mãos, dando início a um
processo de consolidação do sistema. É o que aconteceu com a compra do Banco
Matone pelo Banco JBS, fechada em março, e do Banco Schahin pelo BMG, selada em
julho – ambas costuradas com linhas de financiamento do Fundo Garantidor de
Créditos (FGC).
Se os profissionais possuíssem a conduta e ética dentro dos padrões
esperados, será que precisaríamos de tantos controles? Será que se os contadores
que permitiram a constituição de fraudes e desvios de dinheiro das organizações
se negassem a fazê-los, será que as fraudes aconteceriam na quantidade que vem
ocorrendo?
Necessitamos urgentemente de mudanças, pois a impunidade sempre sobrepõe a
justiça, quem tem dinheiro, dificilmente vai preso, e assim por diante. Falar de
conduta e ética nos leva a reflexões e perguntas como: "Qual o tamanho de sua
conduta e ética profissional?" Ela tem limites ou depende da sua necessidade?
Chega de jeitinhos, esquemas, profissionais que envergonham e prejudicam a
toda uma categoria. Não podemos mais ser reféns deste tipo de pessoas, sei que
muitos vão pensar que sou muito otimista, mas quando eu não tiver mais
esperanças, não valerá mais a pena exercer minhas atividades de professor e
consultor. Reflita sobre isso e ajude a iniciar esta mudança, basta ser honesto.