Se, para os jovens, o momento de decidir qual carreira seguir não é uma
tarefa fácil, para seus pais, é tão complicado quanto. As dúvidas e inseguranças
a respeito do futuro profissional não acometem apenas os filhos. Elas atormentam
da mesma forma a vida dos pais, que muitas vezes não sabem como guiá-los nessa
escolha.
Com tantas opções de carreias e informações sobre o mercado de trabalho, essa
tarefa realmente não é fácil, então, o que fazer e como começar? De acordo com a
psicóloga e orientadora vocacional Gilvanise Gulicz Vial, tudo deve começar
muito antes desse momento, ainda na infância.
Escolhas
A psicóloga explica que todo o processo de seleção de uma profissão está
relacionado com a habilidade do indivíduo em fazer escolhas. Os pais precisam,
portanto, desde muito cedo, preparar os filhos para fazer escolhas, ou seja,
torná-los independentes. Para trabalhar essa questão, os pais devem permitir e
incentivar os filhos a realizar escolhas, seja a cor da camiseta que vai vestir,
onde preferem ir no final de semana ou mesmo o que preferem comer, sempre
lembrando que as opções devem estar de acordo com a idade e capacidade da
criança.
Desenvolvendo essa habilidade ainda na infância, “quando chega a época da
escolha da profissão, fica muito mais fácil”, explica Gilvanise, ressaltando que
as crianças que sempre tem tudo pré-escolhido, vão ter dificuldades para se
tornar independentes dos pais. Isso, consequentemente, vai interferir no momento
de tomar a decisão sobre qual carreira seguir.
Cuidado com os extremos
A psicóloga explica que, quando os pais não trabalham a questão das escolhas
com os filhos, muitas vezes, quando chega a época de decidir a carreira, caem em
dois extremos muito comuns. Em um primeiro caso, os pais sugerem que os filhos
escolham entre determinadas carreiras que, segundo suas crenças, vão trazer mais
retorno financeiro.
Ou então optam por simplesmente não fazer parte do processo. Entendem que a
escolha da carreira é uma questão pessoal e que não devem influenciar os filhos,
preferindo, assim, se abster do processo. Essas duas atitudes são totalmente
desaconselháveis. No primeiro caso, é preciso lembrar que é complicado prever
qual será o retorno financeiro de uma profissão. No segundo caso, a ajuda dos
pais será essencial em diversos pontos.
De acordo com Gilvanise, os pais precisam ajudar os filhos a identificar suas
habilidade e seus gostos, certificando-se de que esses fatores se encaixam com
as profissões selecionadas. Além disso, é preciso fazer parte desse processo
observando como os filhos fazem suas escolhas. Segundo a psicóloga, há jovens
que optam por uma carreira simplesmente para se livrar dessa obrigação, sem
ponderar elementos que farão grande diferença.
Informações e autoconhecimento
Para evitar que essa escolha seja motivo de grande frustração no futuro,
algumas dicas podem ser seguidas, lembrando que a decisão deve ser consciente,
levando em conta, sobretudo, o máximo de informações sobre a profissão e o
autoconhecimento do jovem. De acordo com a psicóloga e orientadora vocacional,
Ana Lúcia Magalhães, se o jovem não se conhece, ele terá grande dificuldade na
escolha da profissão.
No caso das informações, as psicólogas recomendam a leitura de guias de
profissões. Além disso, é interessante conversar com profissionais da área. No
caso do autoconhecimento, os pais devem ajudar os filhos a descobrirem do que
gostam, no que possuem habilidades, quais são seus interesses e aptidões.
Retorno financeiro
Ambas as psicólogas concordam que não é indicado sugerir a escolha de uma
profissão baseada no retorno financeiro. “É preciso ser um bom profissional para
ter retorno financeiro e não o contrário”, pontua Ana Lúcia. Na prática, para
ter sucesso em qualquer carreira, o indivíduo precisa se destacar, ser diferente
e isso só vai acontecer se ele gostar do que faz, se estiver feliz com sua
escolha.
Logo, se a escolha for feita pesando mais o retorno financeiro do que os
interesses, gostos e habilidades, o profissional vai ter dificuldade em se
desenvolver. “Todo profissional precisa gostar do que faz para fazer diferente”,
finaliza Ana Lúcia.