No mercado de trabalho é comum que uma vaga seja preenchida por profissionais
indicados. Entretanto, antes de serem aprovadas, estas pessoas participam do
processo seletivo, assim como os demais candidatos. É o que afirma o headhunter
da De Bernt Entschev Human Capital, Romulo Machado.
“Hoje, 85% das contratações são de indicações, mas as empresas avaliam as
competências e o comportamento destes profissionais”, explica. As outras
contratações são feitas por meio de busca de profissionais no mercado pelas
consultadorias e uma minoria é realizada apenas pela recomendação de alguém.
De acordo com o professor de Gestão de RH (Recursos Humanos) da Veris IBTA,
Cristiano Luiz Rosa, a contratação de pessoas baseadas apenas na recomendação
tem diminuído na última década.
“Isto ainda acontece, mas não com tanta influência. Com a abertura de
capitais, as empresas estão cada vez mais profissionais. Hoje as empresas buscam
resultados”, diz. Ele acrescenta que a contratação baseada somente na confiança
é comum em empresas em que não existe governança corporativa. “Estas empresas
estão fadadas ao fracasso”, enfatiza.
Falta de interação
Ter um profissional “costas-quentes”, por ser o indicado de alguém,
prejudica em especial as relações de trabalho, principalmente se esta pessoa
ocupa um cargo de liderança. Rosa compara esta situação com casos que acontecem
no mundo do futebol.
“No mundo do futebol é comum a queda de técnicos que eram de confiança dos
dirigentes do clube e de jogadores que eram de confiança dos técnicos. Só a
confiança não basta. É necessário que haja uma integração com a equipe”, diz.
Já Machado afirma que, no caso da pessoa que tem um cargo de chefe, os
problemas como falta de motivação da equipe acontecem somente se a pessoa não
tiver a competência e o comportamento esperados tanta pela empresa como pelos
colaboradores.
“Nesta situação, os profissionais apresentaram um descontentamento e
desmotivação. A mensagem que a empresa irá passar é que naquela empresa não se
cresce por merecimento, mas pelo famoso QI [Quem Indica]”.
Ele explica ainda que, em situações assim, não se formam bons profissionais.
“Nada é melhor do que treinar os próprios profissionais. Os funcionários
conhecem a cultura e os processos das empresas”.
Já no caso de profissionais que são indicados, mas não são chefes, o
headhunter afirma que não a contratação deste colaborador não impacta
negativamente na equipe. “Esta pessoa irá aprender, ele terá as mesmas
oportunidades que os outros”, finaliza.