Na mira de empresas ao redor do mundo, os executivos brasileiros estão
antenados com as melhores práticas mundiais. Contudo, algumas lacunas ainda
precisam de melhora, conforme análise do sócio e fundador da Enora Leaders –
empresa especializada na formação de executivos e desenvolvimento acelerado de
lideranças -, João Marcelo Furlan.
“Notamos ausência frequente de algumas habilidades e competências que podem
ser fundamentais na gestão e realização de projetos (…) Sem esquecer que o
brasileiro prima pela criatividade e flexibilidade, é preciso notar que essas
lacunas existem e precisam ser sanadas”, explica Furlan.
Problemas
Dentre os principais problemas nas competências e habilidades dos executivos
brasileiros observados por Furlan, juntamente com os demais professores da Enora
Leaders, estão a falta de profissionalismo nas relações e a dificuldade em
confiar em quem está do outro lado.
“O brasileiro é muito voltado para o relacionamento cordial e paternalista,
deixando o profissionalismo de lado. Quando um técnico é promovido a uma posição
de liderança, as amizades não são esquecidas em momentos de avaliação ou
decisão”, argumenta.
O pouco uso de metodologias para solucionar problemas e a falta de respeito
ao cronograma, de planejamento e de análise crítica também são citadas pelo
profissional, que diz que o executivo brasileiro se utiliza mais de intuição,
tem o costume de deixar as coisas para a última hora e define os resultados por
percepções subjetivas, incluindo empatia, para avaliar projetos e promover
pessoas.
Além disso, a falta de inovação, apesar da criatividade brasileira, também é
um problema a ser corrigido. “A criatividade não é transformada em inovação,
como mostra o baixo número de patentes registradas no Brasil. Inovar demanda
gerir um processo que transforme a ideia original em inovação e, para que isso
ocorra, falta a tomada de responsabilidade e a prestação de contas. Temos muita
iniciativa e pouco 'acabativa'”.