Muitas empresas tiveram de reavaliar suas posições, com a finalidade de
criarem um ambiente saudável de relacionamento entre seus colaboradores.
Assuntos delicados, atrelados a discussões que por muitas vezes dividiam os
funcionários, passaram a caminhar juntos pelos corredores das organizações.
Trata-se de aceitar as diferenças, dar vazão aos funcionários para que se
respeitem e aceitem qualquer diversidade entre eles. A meta é estimular a união,
formar uma equipe em prol de um mesmo objetivo.
Entretanto, ao pensar na ideia de que todo colaborador deve alinhar suas
particularidades à visão, à missão e aos valores de uma empresa, para fortalecer
a execução em busca de um objetivo comum, fica a dúvida: será que as empresas
conseguem desenvolver fórmulas capazes de unir todas as diferenças em um
propósito maior e comum?
"Infelizmente, percebemos na maioria das empresas, dos líderes aos subordinados,
que existem crenças que acabam com a possibilidade de obter a aceitação da
diversidade, na íntegra", afirma o consultor da Triunfo Consultoria e
Treinamento, Rodrigo Ramos. Segundo ele, isso acontece por motivos simples:
aceitar as crenças diferenciadas dos outros incomoda. Exige muito esforço, todos
os dias, compartilhar diferentes opiniões, sugestões, pontos de vista e
comportamentos.
Espelhos
É natural do ser humano sentir uma enorme satisfação quando se deparam com
indivíduos proporcionalmente "iguais". As pessoas têm enorme prazer quando se
reconhecem como "espelhos".
"É lógico que identificação e semelhança são pontos extremamente importantes
para não causar angústia nas pessoas. Precisamos do mínimo de segurança para
trabalhar e conviver em grupo, mas o incômodo da diferença é essencial. Esse é
um dos grandes sabores dentre os paradoxos da vida", avalia Ramos.
Brasil
Nas empresas brasileiras, é possível perceber maneiras para lidar com a
agressividade, surtida por causa da manifestação das diferenças.
"Ser diferente causa incômodo. É muito mais difícil sustentar uma posição
diferente do que uma posição em que todos pensam igualmente, porém, é muito mais
entusiástico e excitante", diz o consultor.
A diferença causa confronto, explica, mas encanta na inovação. Todavia,
colaboradores que conseguem aceitar a diferença do outro estão mais flexíveis
para aceitar a sua própria diferença, conclui.
"Basta reinventar e estabelecer o slogan: "A diferença do outro liberta a minha
diferença", para entendermos que é saudável desconstruir a partir do que vejo de
diferente no outro".
Futuro
Será que nas empresas as pessoas seriam capazes de identificar, reconhecer,
aceitar e fazer funcionar os estilos fora de sentido, ao mesmo tempo alimentando
a missão, a visão e os valores propostos por uma empresa?
"Acredito que esse seja o desafio de toda companhia. Aliás, acredito que somente
a partir do momento que aceitarmos todas essas diferenças e legitimá-las, os
colaboradores estarão mais dispostos a se comprometerem e se engajarem em prol
dos objetivos estratégicos estabelecidos", finaliza Ramos.