O ambiente corporativo não mais se limita a quatro paredes de um escritório.
O empresariado está conectado de forma nunca antes vista no mundo inteiro. É por
essa razão que dominar a língua e principalmente a cultura do colega do exterior
pode acalentar a relação entre ambos e gerar mais produtividade.
Uma das questões mais delicadas quando um profissional brasileiro se depara com
o estrangeiro diz respeito à afetividade. Em geral, quem vem de fora tem como
particularidade a sinceridade, traço esse que, em algumas situações, pode soar
como agressivo.
"Quando eles estão juntos [brasileiros e estrangeiros], vemos uma diferença
acentuada. Um sempre desconfiando do outro. Por isso, a comunicação já começa
debilitada", afirma a diretora de Consultoria da Ricardo Xavier Recursos
Humanos, Neli Barboza.
Segundo ela, o estrangeiro tem como característica a formalidade, o que
significa maior discrição e observação do que o brasileiro. Quem vem de fora,
explica, trabalha com mais planejamento e segue normas.
"Já o brasileiro tem um “jogo de cintura” maior, é mais flexível e informal, o
que pode passar a sensação de invasão de privacidade. Ele valoriza a
criatividade do que já está estabelecido e foge das regras".
Lado pessoal
Os brasileiros consideram o ambiente de trabalho uma extensão da vida
pessoal. São mais abertos e informais. O americano, por exemplo, faz uma
separação clara entre o lado profissional e pessoal, é muito mais formal e vai
direto ao ponto quando o assunto é trabalho.
Neli sustenta que o mais importante é que essa desconfiança entre os
profissionais não tome espaço. Algo muito comum entre pessoas de diferentes
países é o preconceito. Torna-se necessário "olhar o colega como um
profissional, observar e entender como funciona o seu pensamento, pois só assim
haverá comunicação".
"Além da língua, existe a percepção de mundo, já que cada um enxerga a mesma
situação de formas diferentes. Nós temos hábitos diferentes, se não houver a
troca de comunicação para entender o pensamento do outro, pode-se gerar demora
nas decisões, além de distorções de simples fatos. A língua você supera fácil,
mas a visão de mundo é derivada da troca de valores", opina a diretora.
Porta fechada!
As reações que permeiam o nosso cotidiano não são as mesmas do estrangeiro.
Lembre-se: ele não é tão formal quanto você, e possui, principalmente, valores
distintos do resto de seus colegas brasileiros.
"O estrangeiro é formal, colocá-lo em uma situação desfavorável pode significar
um porta fechada. Assim que ele sair do Brasil, sua imagem pode ser acabada em
minutos", revela Neli.
A dica em situações como essa é entender os valores e comportamentos desse
colega de fora. Valorizar a troca de experiências e facilitar a vida dele aqui
no Brasil estão entre os principais caminhos a serem traçados.
Dicas de convivência
Segundo Neli, algumas atitudes ajudam a estabelecer um relacionamento mais
amigável com o profissional de outra nacionalidade:
- Aprender a língua do colega.
- Conhecer coisas novas – transmitir conhecimento e valores.
- Aproveitar a diversidade.
- Conhecer a cultura do estrangeiro.