Em uma única plataforma de investimento online, é possível comprar e vender
ações, opções, fundos, títulos públicos e contratos futuros
Em caso de queda no sistema, o cliente de Home Broker ainda pode recorrer à Mesa
de Operações da corretoraA internet mudou a comunicação, a difusão da
informação e até mesmo as formas de se resolver as tarefas do dia a dia. De
fazer compras a investir, praticamente tudo ficou mais fácil. Assim como já é
possível realizar transações bancárias sem sair de casa, o investidor também
pode administrar seus investimentos somente por meio de plataformas online
integradas à Bovespa por meio do chamado home broker. Antes restritos
aos mercados de ações e opções, atualmente esses sistemas também permitem a
operação de fundos de investimento, títulos públicos e contratos futuros.
Praticidade e taxas de corretagem geralmente mais baixas são os grandes trunfos
do home broker.
É verdade que outras formas de comunicação não deixaram de existir na troca
de informações entre corretoras e investidores. Além das conversas para
aconselhamento, o telefone vira salvação em momentos em que falhas de conexão na
internet poderiam causar prejuízos ao investidor. Na hora de escolher um
home broker, portanto, o melhor é tentar aliar bom preço a estabilidade do
sistema, oferta ampla de informação e fácil acesso a analistas de carne e osso.
Operar via home broker está se tornando cada vez mais comum entre os
pequenos investidores, principalmente os mais jovens. A maior parte dos mais de
500.000 brasileiros que possuem contas em corretoras tem entre 20 e 40 anos de
idade. Para quem já está se acostumando a resolver tudo pela internet, trata-se
um canal realmente muito prático. A abertura de conta é menos burocrática e o
investidor pode acompanhar, no mesmo ambiente virtual, a sua carteira, as
cotações, notícias e análises sobre o mercado. Também é possível programar
ordens de compra e venda, até mesmo fora do horário do pregão, e receber a
confirmação da ordem executada com maior rapidez.
A popularização da plataforma está fazendo sua participação crescer bastante
nos últimos anos. Em 2009, o número de negócios fechados via home broker
na Bovespa foi 45% maior que no ano anterior e hoje representa cerca de 30% do
total de negócios; já o volume negociado cresceu 43,5% em relação a 2008,
passando de 1,3 bilhão para 1,9 bilhão de reais ao dia. Embora o home broker
seja hoje a principal porta de entrada do investidor no mercado de ações, sua
praticidade não deve iludir o iniciante. Essas plataformas são indicadas para
quem gosta de ser o timoneiro e, por isso, pretende se dedicar a conhecer o
mercado financeiro e a entender sua dinâmica. Caso você não tenha tempo nem
conhecimento, o melhor é entrar em um fundo de ações e deixar que um gestor
profissional tome decisões em seu lugar.
Como escolher seu home broker
A escolha de um bom home broker passa pela combinação de
estabilidade do sistema, bom atendimento e preço. A pré-condição essencial é que
a corretora seja cadastrada na bolsa, o que é possível verificar por meio da
base de dados do site da BM&FBovespa. Esta é, inclusive, uma das garantias de
que o sistema será seguro, uma vez que a própria BM&FBovespa faz auditoria
periódica nos home brokers das corretoras. Atualmente, 67 das 82
corretoras cadastradas oferecem o serviço.
Outro fator importante é ter um sistema rápido de atualização e que não saia
do ar constantemente. É claro que o simples fato de ser online torna a
plataforma suscetível às oscilações da internet, mas é aconselhável buscar a
corretora com o home broker mais rápido e estável possível. Por causa
de alguns segundos, muita gente deixa de realizar um bom negócio. Quedas de
conexão e atrasos nas atualizações de posições estão, aliás, entre as principais
reclamações de usuários. Em 2009, 20% das queixas ao mecanismo de ressarcimento
de prejuízos da Bovespa diziam respeito a problemas com o home broker,
e a maior parte das denúncias se relacionava à instabilidade e à lentidão dos
sistemas.
Em fóruns na web e sites como o Reclame Aqui também não são
raros os relatos de pessoas que perderam oportunidades de negócio por conta de
erros no sistema e sites fora do ar. "O home broker foi uma modalidade
que cresceu demais e parece não estar comportando tantos usuários. A lentidão do
sistema não é tão grave para o investidor de médio e longo prazo, mas é um
problema para quem opera volatilidade", avalia Paulo Di Blasi, professor de
finanças do IBMEC-RJ.
É, em parte, por causa desses eventuais problemas de conexão que um bom
atendimento é essencial. Caso o cliente não consiga realizar uma operação devido
a problemas no home broker, as corretoras em geral oferecem a
possibilidade de concluí-la por telefone, cobrando ou não a mesma taxa de
corretagem da operação virtual. Mas o contato humano deve ir além desse suporte:
a possibilidade de conversar com especialistas é um diferencial. Acesso a
análises, pesquisas e notícias é importante, mas o pequeno investidor pode
precisar de auxílio para interpretar os dados menos inteligíveis. "Não pode
faltar o ser humano. Às vezes, só com a máquina não se tem a real percepção do
mercado", avalia o professor de finanças da Brazilian Business School, Ricardo
Torres.
Para o professor, um atendimento de maior proximidade entre corretora e
investidor é o melhor caminho. "Algumas corretoras não dão tanta atenção aos
pequenos investidores. As menores e as não associadas a bancos costumam ter uma
visão mais aguçada a respeito desse tipo de cliente, sabem que ele precisa
conversar e costumam disponibilizar os profissionais", explica Torres.
Entretanto, mau atendimento também está entre os principais motivos de
queixas de usuários de home broker. Em fóruns de discussão na internet,
investidores revelam que em certas corretoras é muito difícil falar com alguém
por telefone, em especial quando o home broker está com problemas.
Somando-se isso a quedas no sistema, lentidão, falta de ferramentas na
plataforma e até operações feitas sem autorização do cliente, as corretoras dos
grandes bancos de varejo - que costumam atender a uma quantidade maior de
pequenos investidores - são as campeãs de reclamações.
Mas a tendência das corretoras hoje em dia é dispor de analistas para
conversas online, por telefone ou mesmo presencialmente. Além disso,
algumas investem também na formação do investidor, oferecendo cursos presenciais
e à distância sobre o mercado financeiro. O professor Ricardo Torres lista ainda
outros requisitos importantes: "A corretora também deve oferecer a possibilidade
de se fazer operações de menor porte, disponibilizar informações constantes
sobre a real posição do cliente e atualizá-la assim que for executada a operação
na bolsa."