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Carro / Veículo - Quando um carro importado pode virar um problema 

Data: 18/05/2010

 
 
Carros fabricados no exterior por montadoras sem tradição nem rede ampla de assistência técnica no Brasil podem ter consertos demorados e depreciação na revenda

A SUV da marca sul-coreana é um dos importados mais vendidos no país.

Enquanto as montadoras nacionais lamentam o fim do IPI reduzido, a venda de veículos importados disparou em 2010. Nos quatro primeiros meses do ano, a comercialização de carros fabricados em outros países cresceu 160% e atingiu 26.000 unidades. Tal crescimento é atribuído a dois fatores: taxas de juros razoáveis e câmbio favorável para importações. Mas se você também está tentado a andar pelas ruas de carro importando, saiba que é preciso tomar alguns cuidados.

A primeira providência é checar se a montadora oferece uma rede de assistência e fornecimento de peças abrangente ou se um problema mecânico em meio a uma viagem pode se transformar em um pesadelo. "Um carro cuja rede de assistência ou revenda existe apenas no estado de São Paulo poderá gerar dificuldades no acesso ao suporte técnico do veículo", alerta Paulo Gorbassa, professor do curso de pós-graduação da FEI.

Em geral, as montadoras que acabam de chegar ao país apresentam desvantagens, segundo José Fernando Penteado, do comitê de veículos leves da associação de engenheiros SAE Brasil. Além de o consumidor ainda não possuir referências sobre a qualidade de um veículo, a rede de assistência técnica costuma ser menos madura. Tradicionais importadores de veículos de qualidade como a coreana Hyundai e as japonesas Toyota e Honda levam vantagem sobre quem começou a investir no país só recentemente, como a chinesa Chery, a indiana Mahindra e a uruguaia Effa Motors.

A procedência do automóvel também indica a facilidade ou dificuldade logística da distribuição de peças. "Existem importados que vêm do México ou da Argentina. Nesses casos, a manutenção do carro pode ser até mais barata que a de um veículo nacional", explica Antonio Carlos Fiola, membro do conselho-diretor do Instituto de Qualidade Automotiva (IQA). As diferenças entre as moedas destes países e o real podem tornar atraente o uso de peças importadas.

Outro fator que pode indicar se a montadora é, de fato, acessível, é analisar o volume de vendas do carro em questão. "Um veículo de alta comercialização geralmente conta com uma rede de assistência técnica e reposição de peças mais eficaz. Nestes casos, a manutenção do veículo se equipara a qualquer carro nacional", explica o Garbossa.

Carro querido no mercado, revenda garantida

Ranking dos importados mais vendidos no Brasil:

Janeiro/março 2010:

MARCA MODELO TOTAL
KIA MOTORS SPORTAGE 3.401
KIA MOTORS CERATO 3.199
KIA MOTORS SOUL 1784
KIA MOTORS BONGO 1696
KIA MOTORS PICANTO 1404
SUZUKI GRANDVITARA 1012
BMW SERIE 3 769
BMW SERIE 1 759
EFFA MOTORS HAFEI PICKUP 679
VOLVO XC 60 671
CHERY TIGGO 635

2009:

MARCA MODELO TOTAL
KIA MOTORS SPORTAGE 8222
KIA MOTORS BONGO 4259
KIA MOTORS PICANTO 3365
KIA MOTORS CERATO 3223
SUZUKI GRANDVITARA 2656
KIA MOTORS SOUL 2648
BMW SERIE 1 1859
DODGE JOURNEY 1350
KIA MOTORS SORRENTO 1236
KIA MOTORS CARENS 1233
CHRYSLER PT CRUISER 1133

Fonte: ABEIVA

A demanda no mercado também costuma sinalizar outro fator importante na decisão de compra de um veículo importado: a depreciação. "Se o modelo não tem boa aceitação no mercado, a hora de passá-lo para frente pode significar uma boa perda de dinheiro - ainda mais se o carro estiver com as garantias vencidas. Seu preço terá que ser muito abaixo da tabela", explica João Alves, coordenador de veículos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Portanto, sinal amarelo para os importados usados que já estão fora da garantia: "Neste caso é melhor procurar seu mecânico de confiança. O carro pode estar com um preço atrativo, mas o conserto pode sair muito caro", diz Fiola, da IQA.

Para quem procura a exclusividade dos carros esportivos ou de luxo, a dificuldade na reposição das peças pode ser uma dor de cabeça. "A revendedora traz para o Brasil a quantidade de peças necessárias para o número de veículos registrados rodando no país. Aí entra na conta o frete aéreo, a produção da peça, e etc.", explica Koichiro Matsuo, assessor da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva). A falta de competitividade para esses carros no mercado interno brasileiro faz com que tanto as peças quanto a manutenção acompanhem o padrão do automóvel.



 
Referência: Portal Exame
Autor: Gabriela Ruic
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