Características do veículo, paciência na negociação e busca constante por
comprador ajudam a reduzir a depreciação
Há quem associe a venda de um automóvel usado com desvalorização certa e
perda de dinheiro. De fato, carros são bem diferentes de imóveis. Não existe uma
fórmula mágica que faça com que aquele automóvel desgastado pelo tempo passe a
valer mais que a quantia desembolsada no momento da compra. Entretanto, há
maneiras de garantir uma boa venda, dependendo da paciência do vendedor e do
produto que ele vai oferecer ao mercado.
Uma das primeiras coisas é definir para quem se quer vender. João Alves,
coordenador técnico da Fipe para a área de veículos, considera que qualquer
automóvel com uma boa demanda no mercado sofre menor depreciação -
principalmente se estiver m bom estado.
Em negócios realizados em lojas autorizadas, a desvalorização de um veículo pode
ficar entre 20 e 40% do valor da tabela Fipe. Essa porcentagem pode ser um pouco
menor, caso o proprietário procure uma loja sem bandeira. �Se o veículo já tem
três anos, é mais vantajoso procurar uma revenda, pois a margem de
desvalorização fica entre 15 e 20%�, explica Alves.
Já ao se tratar de veículos seminovos, dependendo do negócio, seja na troca ou
apenas na venda, essa margem fica entre 20 e 25%. �Entre pessoas físicas, o
negócio é ainda mais vantajoso. Nessa modalidade de venda os valores ficam mais
próximos das médias da Fipe�, avalia o coordenador.
Há, entretanto, o fator �paciência� que precisa estar em foco daqueles que estão
pensando em vender seu carro. �O proprietário tem que se informar sobre os
valores da tabela Fipe, procurar propostas em diferentes estabelecimentos e
estar sempre disposto a negociar�, analisa Edson Esteves, engenheiro mecânico e
professor da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
As porcentagens de desvalorização dependem de outro fator, além da forma como
será vendido. A boa conservação é imprescindível para garantir o melhor valor
possível. Esteves considera que a primeira impressão é, de fato, a que fica.
�Pintura mal conservada é desvalorização na certa�, pontua.
Nem sempre vale a pena consertar o veículo antes de vendê-lo. Segundo o
manual de compra e venda de veículos da Dekra, líder mundial em vistorias de
automóveis, é recomendável nunca gastar mais de 5% do valor do carro em reparos.
"Esse dinheiro nunca será recuperado integralmente no momento da venda", afirma
o manual.
Alguns especialistas apontam ainda que qualquer alteração na estrutura
original do veículo, além de torná-lo mais difícil de ser vendido, aumenta as
chances de desvalorização. �Uma roda diferente, suspensão rebaixada, qualquer
alteração de cunho estético ou estrutural, que possa ser de gosto duvidoso,
desvaloriza mesmo, além de tornar a venda lenta�, explica Paulo Garbossa,
professor da pós-graduação da FEI.
Até mesmo a cor do veículo pode prejudicar ou melhorar sua revenda. Carros
pretos ou prata têm uma boa saída no mercado, mas cores muito chamativas podem
ficar empacadas nos pátios da revenda. Por isso, não são bem vistos pelos
lojistas. Se o carro for branco ou amarelo, sempre haverá desvalorização
pela desconfiança de que tenha sido um táxi, diz José Fernando Penteado, do
comitê de veículos leves da associação de engenheiros SAE Brasil.
De acordo com Esteves, existem um outros pontos frequentemente esquecidos
pelos proprietários que podem desvalorizar ainda mais o veículo. �A documentação
do carro tem que estar em dia, assim como as notas fiscais e o manual do
automóvel. Tudo que comprove a boa procedência do carro deve estar sempre em
mãos�, alerta
Em termos mecânicos, é recomendado que o carro passe por manutenções
preventivas, que são mais baratas do que as do tipo corretiva. O carro também
deve estar em ordem. Luiz Roberto Schmit, dono de uma revendedora, explica que a
primeira coisa que observa no momento em que o oferecem um carro usado é o
motor. �Avaliamos se ele já passou por algum acidente, se existe alguma anomalia
mecânica�, explica.
Aqueles veículos que têm uma boa aceitação no mercado, como os populares,
tendem a ser vendidos mais rapidamente. E as concessionárias sabem disso. Muitas
delas já têm até uma lista de clientes que aguardam por um veículo usado em boas
condições. �As concessionárias podem valorizar a venda ao máximo pois o veículo
já está vendido na loja deles, tamanha a demanda do mercado�, aponta Esteves.
Classificados eletrônicos
Caso o proprietário opte por vender para pessoa física ou não queira rodar de
loja em loja em busca de propostas para seu veículo, uma boa alternativa pode
ser a internet. Portais como o WebMotors e o iCarros funcionam como
classificados eletrônicos, onde pessoas interagem, entre si ou com revendas de
carros, atrás de uma boa oferta. E cada vez mais consumidores tem usado a
internet como aliada na hora de pesquisar.
O WebMotors, por exemplo, conta com mais de 3,2 milhões de usuários
cadastrados e expõe, mensalmente, 140.000 ofertas de automóveis. A página
registra 8 milhões de visitantes por mês. As chances de se encontrar um veículo
que satisfaça as necessidades, tanto do vendedor quanto do comprador, são
enormes.
No iCarros existem 100 mil pessoas físicas cadastradas e, de acordo com
Sylvio Netto, sócio-diretor do site, são vendidos pelo menos16 mil automóveis
por mês, o equivalente a um volume de negócios que chega a cifra dos 500 milhões
de reais.
Para os mais céticos em relação à segurança na hora de fechar um negócio que
pode envolver uma boa quantia de dinheiro na internet, de fato é necessário ter
mais cautela ao começar a negociação. �Temos alguns mecanismos que tentam
oferecer o máximo de segurança no ambiente do site. Porém, nada é 100%
garantido�, esclarece Netto. Ele aconselha o usuário a ler e estar sempre atento
aos textos legais e guias de compra segura que o site oferece na ocasião do
cadastro.