A liderança é uma competência de caráter relacional, isto é, pressupõe uma
relação entre duas ou mais pessoas, fundamentada no exercício da influência. A
regra é despertar o desejo, o interesse e o entusiasmo no outro a fim de que
adote comportamentos ou cumpra tarefas. Além de relacional, a liderança também
pode ser situacional, ou seja, determinada pelas circunstâncias.
O poder é o exercício da liderança. Em verdade, inexiste isoladamente, pois o
que encontramos são relações de poder. Assim, é notório que se questione: como o
poder é exercido por um líder?
Muitos são os estudos acerca dos tipos, bases e fontes de poder. Mencionamos,
por exemplo, LIKERT e LIKERT (1979), KRAUSZ (1991), SALAZAR (1998) e ROBBINS
(2002), mas ressaltando que todos beberam de alguma forma nos escritos de FRENCH
e RAVEN (1959).
Fazendo uma compilação destes estudos, identificamos as seguintes formas de
poder:
1. Poder por coerção. Baseia-se na exploração do medo. O
líder demonstra que poderá punir o subordinado que não cooperar com suas
decisões ou que adotar uma postura de confronto ou indolência. As sanções podem
ser desde a delegação de tarefas indesejáveis, passando pela supressão de
privilégios, até a obstrução do desenvolvimento do profissional dentro da
organização. Pode ser exercido por meio de ameaças verbais ou não verbais, mas
devido ao risco de as atitudes do líder serem qualificadas como assédio moral, o
mais comum é retaliar o empregado, afastando-o de reuniões e eventos
importantes, avaliando seu desempenho desfavoravelmente ou simplesmente
demitindo-o.
2. Poder por recompensa. Baseia-se na exploração de
interesses. A natureza humana é individualista e, quase sempre, ambiciosa. Ao
propor incentivos, prêmios e favores, o líder eleva o comprometimento da equipe,
fazendo-a trabalhar mesmo sem supervisão. A recompensa pode ser pecuniária, ou
seja, em dinheiro, ou mediante reconhecimento e felicitações públicas. O risco
de se usar este expediente como principal artifício para exercício do poder é
vincular a motivação das pessoas e sua eficiência a algum tipo de retorno
palpável e de curto prazo, inclusive enfraquecendo a autoridade do líder.
3. Poder por competência. Baseia-se no respeito. O líder
demonstra possuir conhecimentos e habilidades adequados ao cargo que ocupa, além
de atitudes dignas e assertivas. Os subordinados reconhecem esta competência e a
respeitam veladamente. Um exemplo fora do mundo corporativo é a aceitação de uma
prescrição médica, porque respeitamos o título do médico e seguimos seu
receituário mesmo sem conhecer o profissional previamente ou o princípio ativo
do medicamento.
4. Poder por legitimidade. Baseia-se na hierarquia. A
posição organizacional confere ao líder maior poder quanto mais elevada sua
colocação no organograma. É uma autoridade legal e tradicionalmente aceita,
porém não necessariamente respeitada. Um exemplo típico é o poder que emana do
"filho do dono" que pode ser questionado, embora raramente contestado, se sua
inexperiência for evidenciada.
5. Poder por informação. Baseia-se no conhecimento. O líder,
por deter a posse ou o acesso a dados e informações privilegiadas, exerce poder
sobre pessoas que necessitam destas informações para realizar seus trabalhos.
Note-se que o mero acesso a informações valiosas é suficiente para conferir
poder a estas pessoas. É o caso das secretárias de altos executivos.
6. Poder por persuasão. Baseia-se na capacidade de sedução.
O líder usa de argumentos racionais e/ou emocionais para envolver e convencer
seus interlocutores da necessidade ou conveniência de realizarem certas tarefas,
aceitarem decisões ou acreditarem em determinados projetos. Trabalha com base em
aspectos comportamentais buscando ora inspirar, ora dissuadir os subordinados,
de acordo com os objetivos pretendidos.
7. Poder por ligação. Baseia-se em relações. O líder
apropria-se de sua rede de relacionamentos para alcançar favores ou evitar
desfavores de pessoas influentes. Em tempos de desenvolvimento das chamadas
redes sociais, ampliar e usar relações interpessoais constitui vantagem
comparativa significativa.
8. Poder por carisma. Baseia-se na exploração da admiração.
O líder adota um estilo envolvente, enérgico e positivo e alcança a obediência
porque seus liderados simplesmente gostariam de ser como ele. As pessoas
imitam-no, copiam-no, admiram-no com a finalidade de identificação.
Dentre todas as categorias apresentadas, não devemos idealizar uma forma de
poder específica. Não há certo ou errado. Há o adequado. Em verdade, o mais
indicado é que um líder saiba como, onde e quando exercer seu poder de acordo
com o perfil dos subordinados, das circunstâncias e de seus objetivos. Assim, o
poder carismático ou por recompensa podem proporcionar maior adesão e atração
por suas ideias, da mesma maneira que o poder legítimo ou por coerção podem
acarretar resistência por parte dos subordinados.